quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Crítica: "TODOS DIZEM EU TE AMO" (1996) - ★★★★★


Puxa, nem dá pra acreditar que dezembro chegou. É isso aí, fellas. 2015 tá chegando ao fim, mas a sensação de que você não fez nada do que queria durante o ano inteiro apenas começa a refletir efeito. Muita gente diz que passou rápido, o que até pode ser verdade, já que tempo é uma coisa bem relativa, mas eu apenas tenho que dizer que eu estou aliviado. 2015 foi um ano duro. Isso porque nem acabou ainda, mas só falta apenas uma semana para dizer olá às férias e adeus ao cansaço e à depressão do cotidiano. Afinal, quem não gosta de férias, minha gente? E pensar que no início desse ano, particularmente deste, estava super animado para voltar à ativa, talvez por conta das minhas férias paradas. Hum. Mas, enfim, deixando de lado as amarguras de 2015, comento Todos Dizem Eu Te Amo, um dos longas mais românticos do Woody Allen ainda que mal criticado na época de seu lançamento e pouco visto. Além do elenco bombástico, a fita traz clipes riquíssimos e cheios de vida, cada um memorável, vindos do repertório do cineasta, é claro, com direito a simbólicas canções de amor e muito jazz de qualidade. A obra é lindíssima, rara oportunidade de vê-lo se exercitar no musical, gênero no qual ele poderia ser bastante promissor, se formos tomar como exemplo esta experiência.

A história é centrada em uma desvairada família nova-iorquina bem-sucedida, ao olhar da jovem Djuna, fruto do relacionamento anterior da matriarca da família com o escritor Joe Berlin. O filme abre com uma cena divertidíssima, onde Edward Norton e Drew Barrymore interpretam "Just You, Just Me", canção-tema do longa, e que serve de fundo à uma sequência desnorteante. Todos Dizem Eu Te Amo tava arquivado há tempos na "Minha Lista" da Netflix. Em clima do aniversário de 80 do cineasta, decidi riscá-lo dela vendo neste meu tempo livre antes que suma de vez da rede. Minha sorte foi que a qualidade estava ótima, e deu pra apreciar de bom grado a fotografia maravilhosa do Carlo Di Palma, fotógrafo que trabalhou em diversos filmes do Woody especialmente na fase 80-90, aqui numa de suas fotografias mais inspiradas, iluminadas e bem anguladas. 

À exceção da Drew Barrymore, que insistiu para que sua voz fosse editada, todos os atores cantam sem qualquer alteração na voz, desafinados e enamorados. Há um certo romantismo da parte do Woody em fazê-lo, e é o que possibilita o filme a esse status de sofisticação tão fino e atraente. Afinal, Todos Dizem Eu Te Amo também é uma homenagem, esplêndida, e esse gênero, idolatrado pelo diretor, que também é um grande fã do jazz. Uma coisa, muito possivelmente, tenha levado à outra. E, quem achava que não era suficiente o Woody também estrelar além de dirigir e escrever o filme, há a surpresa dele cantando, na sequência em Veneza, mesmo que rápida, e que é tocante. Quem dera ele resolvesse se arriscar em mais uma experiência com musical. 

O elenco é esplêndido, e já começa com uma trupe de beldades irreparável, liderada pela linda Julia Roberts e a Goldie Hawn, incrivelmente conservada, como amante e ex-mulher, respectivamente, do personagem do Woody. O cara ainda tem a chance de beijar as duas em distintas sequências. Sortudo. Em seguida, vem a participação das ainda jovens Natalie Portman e a Natasha Lyonne, que ganhou sucesso muito recentemente no seriado Orange is the New Black

Todos Dizem Eu Te Amo, assim como o último visto Hannah e Suas Irmãs, é uma celebração ao sabor da vida, seu ritmo frenético, e sobretudo à paixão. De romance em romance, Woody constrói uma saudável trama que continua naquela mesma leveza de suas comédias românticas, mas que maneja um astral até mais simpático e descontraído do que certos exemplos dentro da sua filmografia anos 90. Mas é um filme que também discute a ilusão, a ilusão de viver a vida perfeita ao lado de um alguém perfeito - que teoricamente não existe -, bem como é proposto pelo núcleo do Joe, que, através da filha, obtém informações privadas da vida da lindíssima Vonnie (Julie), tal como sonhos e fantasias erógenas, fazendo proveito dessa fonte preciosa iniciando um fervoroso caso com ela. Através de atos engraçadíssimos e belos, canções que nos fazem refletir sobre o mel e o fel que é o amor, Allen nos fala com muita poesia daquele sentimento que parece surgir do nada para ficar em nós para a eternidade, surreal, estranho, difícil de desapegar e até mesmo de se falar, mas charmoso e cordial como nenhum outro. Amor é amor. Amor é Todos Dizem Eu Te Amo. Música é amor. A vida, enfim, é amor e amar.

Entre meus segmentos prediletos, estão a abertura, já mencionada, "Hooray for Captain Spalding", homenagem de Woody aos Irmãos Marx, grupo do qual ele é assumidamente fã, "All My Life", "My Baby Just Cares For Me", um dos primeiros, e "I'm Through With Love", ambas as versões do Allen e da Hawn, sendo a da Goldie a minha favorita do filme inteiro. A valsa dela e do Woody é simplesmente inesquecível. Só de lembrar dos detalhes daquela cena icônica estremeço. Bem, sendo para os admiradores de um bom jazz, de um bom musical, ou para os fãs do diretor, Todos Dizem Eu Te Amo é uma obra. Muito difícil não gostar dela.

Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You)
dir. Woody Allen - 

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