Depois que Nuri Bilge Ceylan ganhou a
prestigiada Palma de Ouro pelo excepcional Winter Sleep, seus filmes anteriores começaram a ser revisitados, repensados pelos
cinéfilos e especialistas. O cineasta turco, que dirigiu até hoje 7 longas, é
dono de um estilo bastante próprio, marcado pela distinção e pela lenta
dissecação dos personagens e dos detalhes. Trata-se de um dos diretores mais
importantes da atualidade, cuja rica filmografia merece destaque e atenção.
Levando em conta que fiquei extremamente fascinado
por Winter Sleep, filme seu que chega
a ostentar um status de obra-prima, confesso que Três Macacos foi um pouco decepcionante. Aliás, muita gente
detestou esse filme dele, que não é assim ruim como dizem, mas que peca na
estrutura irregular e no roteiro fraquíssimo.
O filme ganhou o prêmio de Melhor Diretor no
Festival de Cannes em 2008, e esse bem provavelmente foi o que me atraiu em
relação a esse filme, o que me fez revogar as opiniões desfavoráves quanto a
ele que, depois que o filme foi conferido, passaram a fazer um baita sentido.
De todo modo, nem mesmo o tal prêmio tem justificativa. São poucas, esquecíveis
as “grandes” cenas de Três Macacos.
Eu não diria que é um filme fácil de
entender, mas o problema é que não dá pra explicar direito o que o mesmo quer
passar, o que ele significa. Provavelmente, os subtextos estarão mais claros e
óbvios para quem tiver proximidade com a filmografia de Bilge Ceylan e seu
padrão cinematográfico. A “olho nu”, é um filme visualmente perspicaz e bem
arquitetado, entretanto é raso, apático, forçado.
Quem sabe caso eu reveja ele no futuro ele não
soe melhor ou mais prudente? É uma possibilidade. Certas vezes um filme precisa
ser revisto para melhor digestão da história, do contexto, do material
dramático, das interpretações. Quem sabe eu não me surpreenda com uma cena que
não me passou nada dessa vez, ou com algum detalhe que passou despercebido?
Além de dirigir e roteirizar o filme, Nuri
também o produziu e editou (não sabia que ele editava seus próprios filmes –
todos os seus filmes, à exceção de A
Pequena Cidade, sua estréia, foram editados por ele – e que também era
diretor de fotografia e diretor de arte!).
O filme conta sobre um político que paga seu
chofer para ir para a prisão no lugar dele. Enquanto ele está preso, sua esposa
tem um caso com o político. Seu filho está o tempo todo emburrado (sério, esse
personagem me enervou de tão parado e entediado). Quando o homem retorna à
casa, as coisas fogem do controle e a família enfrenta uma crise moral que
provoca seus instintos e afeta cruelmente seus destinos.
Bom, vou aproveitar que estou “in the mood
for Nuri Bilge Ceylan” e vou baixar mais um filme dele: Climas. Enfim, ainda que 3
Macacos não seja lá um grande filme, ou o melhor de Ceylan, é um exemplar
seguro de que o cinema turco está fortalecido e, aos poucos, ganha o devido reconhecimento internacional.
Três Macacos (Üç Maymun)
dir. Nuri Bilge Ceylan - ★★★

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