sábado, 15 de outubro de 2016

Crítica: "TRÊS MACACOS" (2008) - ★★★


Depois que Nuri Bilge Ceylan ganhou a prestigiada Palma de Ouro pelo excepcional Winter Sleep, seus filmes anteriores começaram a ser revisitados, repensados pelos cinéfilos e especialistas. O cineasta turco, que dirigiu até hoje 7 longas, é dono de um estilo bastante próprio, marcado pela distinção e pela lenta dissecação dos personagens e dos detalhes. Trata-se de um dos diretores mais importantes da atualidade, cuja rica filmografia merece destaque e atenção.

Levando em conta que fiquei extremamente fascinado por Winter Sleep, filme seu que chega a ostentar um status de obra-prima, confesso que Três Macacos foi um pouco decepcionante. Aliás, muita gente detestou esse filme dele, que não é assim ruim como dizem, mas que peca na estrutura irregular e no roteiro fraquíssimo.

O filme ganhou o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes em 2008, e esse bem provavelmente foi o que me atraiu em relação a esse filme, o que me fez revogar as opiniões desfavoráves quanto a ele que, depois que o filme foi conferido, passaram a fazer um baita sentido. De todo modo, nem mesmo o tal prêmio tem justificativa. São poucas, esquecíveis as “grandes” cenas de Três Macacos.

Eu não diria que é um filme fácil de entender, mas o problema é que não dá pra explicar direito o que o mesmo quer passar, o que ele significa. Provavelmente, os subtextos estarão mais claros e óbvios para quem tiver proximidade com a filmografia de Bilge Ceylan e seu padrão cinematográfico. A “olho nu”, é um filme visualmente perspicaz e bem arquitetado, entretanto é raso, apático, forçado.

Quem sabe caso eu reveja ele no futuro ele não soe melhor ou mais prudente? É uma possibilidade. Certas vezes um filme precisa ser revisto para melhor digestão da história, do contexto, do material dramático, das interpretações. Quem sabe eu não me surpreenda com uma cena que não me passou nada dessa vez, ou com algum detalhe que passou despercebido?

Além de dirigir e roteirizar o filme, Nuri também o produziu e editou (não sabia que ele editava seus próprios filmes – todos os seus filmes, à exceção de A Pequena Cidade, sua estréia, foram editados por ele – e que também era diretor de fotografia e diretor de arte!).

O filme conta sobre um político que paga seu chofer para ir para a prisão no lugar dele. Enquanto ele está preso, sua esposa tem um caso com o político. Seu filho está o tempo todo emburrado (sério, esse personagem me enervou de tão parado e entediado). Quando o homem retorna à casa, as coisas fogem do controle e a família enfrenta uma crise moral que provoca seus instintos e afeta cruelmente seus destinos.

Bom, vou aproveitar que estou “in the mood for Nuri Bilge Ceylan” e vou baixar mais um filme dele: Climas. Enfim, ainda que 3 Macacos não seja lá um grande filme, ou o melhor de Ceylan, é um exemplar seguro de que o cinema turco está fortalecido e, aos poucos, ganha o devido reconhecimento internacional. 

Três Macacos (Üç Maymun)
dir. Nuri Bilge Ceylan - 

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