Qualquer filme que me lembra de Casamento Grego, uma das minhas comédias românticas favoritas (até por ter sido um dos primeiros filmes que eu assisti durante o momento em que eu estava me tornando um cinéfilo, e ainda que muitos digam que é irregular, eu tenho um carinho bastante especial pelo filme) já merece atenção. E muito se elogiou a respeito desse longa que é uma co-produção E.U.A. e China, e que se tornou a comédia romântica mais bem falada e premiada do ano: com todos os motivos para sê-lo. A comparação com o filme de 2002 se concentra na premissa de Podres de Ricos: colocar lado a lado as divergências culturais entre a cultura oriental e a ocidental (em relação a valorização da família, casamento, tradição, dinheiro e valores em países orientais, que é tratado de forma muito mais forte e séria do que na cultura de cá), e também apalpar as semelhanças que surgem com a aproximação entre um polo e outro. Como em Casamento Grego, a influência de um olhar mais "americanizado" é sobreposto na relação entre um e outro.
Facilmente o melhor filme do gênero lançado em 2018, Podres de Ricos tem também um dos maiores elencos do ano, com atores inspiradíssimos e em uma sintonia que não se encontra em muitos filmes por aí, mesmo os que não são do gênero. Michelle Yeoh, quem poderia ter se tornado uma favorita ao Oscar de atriz coadjuvante, tem um desempenho marcante aqui, na pele da mãe de um rapaz ricaço que leva a namorada americana pra visitar os pais em Singapura, seu país de origem (sem a namorada estar ciente do quão rico ele é).
O filme é ainda mais delicioso do que se pode esperar, e tem muitos momentos que são leves, descontraídos, tão típicos do seu gênero. Ao mesmo tempo, se trabalha para expor a tensão das relações familiares e o que a chegada daquela moça tão simples provoca, uma "plebeia", no seio de uma família tão abastada, que reage tanto com desprezo como preconceito, fazendo com que a moça se sinta excluída e tenha que passar por bocados para provar o seu valor e o amor que sente pelo namorado, que se tornará o herdeiro da fortuna da família (daí se tornou o mais cobiçado pelas outras mulheres, loucas para "suceder o trono").
É bom ver que o cinema oriental ainda está firme e forte, e pérolas como Podres de Ricos acabam ganhando o devido reconhecimento de tempos em tempos. Tá aí um filme que merece ser lembrado pelos seus méritos, e que sobressai num gênero subestimado e criticado, que de vez em quando traz filmes assim, que conseguem ser bastante celebrados e reconhecidos. É um filme leve, a maior parte do tempo descontraído, mas que toca em questões pertinentes e traz à tona esse importante quesito da valorização e do choque de culturas, com o equilíbrio perfeito entre humor e sobriedade. O resultado é delicioso.
Podres de Ricos
Crazy Rich Asians
dir. Jon M. Chu
★★★★
Podres de Ricos
Crazy Rich Asians
dir. Jon M. Chu
★★★★

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