O menos querido dos indicados a Melhor Filme no Oscar desse ano, Vice é a (super) pretensiosa cinebio sobre o ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney (Christian Bale, em performance de caracterização deveras impressionante), que ocupou o cargo por oito anos durante a gestão de George W. Bush (Sam Rockwell, que foi indicado como ator coad. por este papel). O filme é dirigido por Adam McKay, que traz novamente os cortes rápidos e a edição fragmentada presentes no seu trabalho anterior, o frenético A Grande Aposta, usando sátira política repleta de exageros e inconsistências para costurar seu estranho retrato da política norte-americana. O resultado é decepcionante. Não há o tom político que tanto se almeja, as intenções nunca ficam claras, as críticas são lançadas mas o filme sempre encontra um jeito de recuar delas, focando no humor da situação e na caricatura dos personagens, sem nunca acertar o ponto, sem ter uma direção. Na falta de profundidade, Vice pretende a inovação (com uma boa dose de brincadeiras) sem nunca dar passos largos. Apela para reafirmações de seu projeto de humor e, grotescamente, é o mesmo humor que sabota qualquer proposta ou intenção louvável, qualquer chance de ser relevante. Curioso que um filme tão perdido assim tenha conseguido um número tão grande de indicações em diversos prêmios influentes. O elenco até encontra um equilíbrio, mas não consegue jogar a patifaria pra debaixo do tapete. Esses americanos precisam parar de querer ser engraçadinhos falando de política porque não tá funcionando muito.
Vice
dir. Adam McKay
★★

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