quinta-feira, 16 de abril de 2015

Crítica: "CIDADÃOQUATRO" (2014) - ★★★


Documentários como Cidadãoquatro realmente merecem um destaque maior no meio cinematográfico documentário, digo, na atualidade. Retratos tão bem feitos do mundo moderno em conflito devem ter essa notoriedade. Filmes como Uma Verdade InconvenienteO Ato de Matar, Dirty Wars, The Square, Trabalho Interno, as grandes obras de Michael Moore (exigindo, por favor, Tiros em Columbine), são aqueles que precisam ser disponibilizados ao público básico. Documentários com maior utilidade, força, (de certa forma) impacto são aqueles que cada vez mais ganham espaço no meio hoje em dia. Documentários mais culturais, universalizados, especiais resumindo, como o último que assisti Life Itself e o que ainda planejo ver O Sal da Terra, são aqueles que são e devem ser mais reservados àqueles com visão mais amplificada sobre os assuntos.

Cidadãoquatro, último vencedor do Oscar de Melhor Documentário, é inegavelmente um documentário excelente, excitante e vibrante. Uma obra do gênero que basicamente é essencial para o entendimento de todo um caso que agitou o mundo nos últimos tempos, de tão solene estrondo quanto o 11 de setembro. Retratos assim são raros, minha gente. Os documentários são a evolução da indústria cinematográfica, e, quando já é raro ver um filme de qualidade tratando de assuntos sérios e recentes, ainda é bem mais difícil fazê-lo. A tarefa de Poitras, ao dirigir, co-estrelar e montar a película, é sim transportar seu público ao universo que sedia as intrigas e os segredos por trás do caso de espionagem do ex-membro da CIA, Edward Snowden, refugiado em autoridades exteriores por via de seus crimes. Acredito que, se lançado lá em 2013, quando o caso estava bem em alta, o filme seria bem mais "polêmico" e requerido. Cidadãoquatro narra a jornada de Laura Poitras, documentarista americana, ao conhecer Snowden, e assim iniciar a filmar seu diário escondido e os efeitos de suas ações no mundo inteiro. É, praticamente, um documento de importância Cidadãoquatro. Um documento que requer atenção e exigiu prática em seu conceito estrutural. Não falo dos episódios em Hong Kong ou dos eventos aqui no Brasil. Eu falo da concepção, e não da montagem - desta vez, faço uma exceção. 

É disso que eu estava falando! Um documentário que, novamente, pudesse exibir ao seu espectador toda a força da imagem e do registro sobre a história e o tempo. Algo concreto, eficaz, memorável e rico em informação. Algo que, tratando-se do gênero, não via desde Trabalho Interno, ou, há quem diga, Fahrenheit 9/11. Cidadãoquatro, a cada sequência, deixa uma marca de sua personalidade consistente e processiva. Imagino o quão difícil foi para a diretora do filme, a talentosíssima Poitras, que anteriormente à este trabalho, já havia sido indicada ao prêmio Oscar por um outro trabalho de cunho político: My Country, My Country. Imagino sobrenaturalmente como existiu a possibilidade na coragem de esconder toda a filmagem e tudo o que se passava por adentro aos acontecimentos que entonaram o caso, e os diversos riscos submetidos, não só à ela, mas também à equipe. Um documentário revelador e inusual, vezes pacato, vezes suspensivo, sempre admirável. Merecido Oscar, mesmo sem Life Itself

Cidadãoquatro (Citizenfour)
dir. Laura Poitras - 

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