Há filmes que são influenciados. Outros influenciam. Os Bons Companheiros, neste caso, fica com o segundo gênero. Vira e mexe ando vendo alguns filmes semelhantes a este ou do tema abordado; enfatizo e lembro que poucos conseguem êxito na "cópia". Clássico imortal da década de 90, a obra Os Bons Companheiros não tem idade. Em setembro deste ano, o longa completará vinte e cinco anos, e mesmo após o longo tempo de sua estreia, o público consegue se adaptar facilmente ao estilo e a trama que o filme desenvolve. Algo que fascina e comove, quando trata-se de um clássico tão memorável, comemorado por muitos o melhor filme de sua geração.
Bom mesmo foi ver este clássico numa cópia remasterizada em DVD, oportunidade única e confesso sensacional, já que em algumas cenas, deu para utilizar lentidão, foco e tudo mais para observar bem cuidadosamente os detalhes das técnicas de Scorsese, o que, garanto, é fantástico, inacreditável, indescritível. Bem, não quero dizer que ver Os Bons Companheiros na grande telona também não seria uma grande oportunidade (ô, seria uma baita oportunidade!), apenas digo que nem sempre fico acomodado vendo clássicos em DVD, só isso (apesar da maioria deles estarem disponíveis apenas por este caminho ou pelo Blu-Ray - ótimo, mas não tanto).
No cinema, é lógico, seria bem mais impactante e emocionante, mas menos técnico. Pelo DVD, você ganha bem mais informação e diversidade da obra, nos termos técnicos, do que numa sessão de cinema. Ainda sonho em encontrar mais uma sessão especial de Scorsese (nas últimas realizadas aqui em São Paulo não tive tempo), perdidas pela ocorrência do acaso.
Os Bons Companheiros, a trilogia O Poderoso Chefão e Os Intocáveis talvez sejam os maiores retratos cinematográficos da máfia de todos os tempos. Digo isso por que impressivamente todas essas grandes películas possuem algo de tão forte e singular em comum: a instigante violência épica. É algo que não deve ser excedido num filme do assunto. Quero dizer de sangue. Estes são (não totalmente) alguns dos filmes mais sangrentos, e igualmente perceptivos já feitos. E Scorsese faz tão bem deste gênero uma original obra-prima, que é impossível não reconhecer a importância de Os Bons Companheiros para o cinema em si.
A direção é maximamente, interpreto desta forma, maravilhosa. Não acredito que se esta história caísse nas mãos de outro diretor além de Scorsese não sairia a mesma coisa não. Martin tem um jeito extremamente particular de filmar as sequências, algo que lhe serve de característica, e mesmo que lá as tão excelentes técnicas não sejam as melhores, elas agradam o espectador. Seriamente, tenho um enorme respeito e gratidão por Martin. Não sei do que seriam a metade se seus filmes, a grande parte deles adaptações de narrações imensamente valiosas e de caráter crucial cinematográfico inestimável, sem a sua marcante direção.
O elenco também é inquestionável. Cada performance é de total desolação e consequente consagração, dando ênfase ao trio principal que compõe Os Bons Companheiros: Liotta, De Niro e Pesci. O roteiro, escrito pelo dono da adaptação Nicholas Pileggi (o livro trata-se de uma composição baseada em fatos) com a parceira de Martin, raramente visto como autor do roteiro de seus filmes, é divina. A edição da velha Thelma, a fotografia de Michael Ballhaus (que não é por uma simples coincidência, é o primeiro nome que surge nos créditos), tudo é tão bem feito. Totalmente compreensível Os Bons Companheiros ter uma multidão de admiradores e seguidores que tão incessantemente batizam-o com os mais sinceros adjetivos, todos eles à sua medida, consideráveis reconhecimentos que elegem ao filme um título ostentado de masterpiece.
Os Bons Companheiros (Goodfellas)
dir. Martin Scorsese - ★★★★★

Nenhum comentário:
Postar um comentário