sábado, 12 de setembro de 2015

Crítica: "NOCAUTE" (2015) - ★★


alerta de spoiler!

Nocaute, negativamente, lembra O Lutador. A história de Hope, lutador que se perde quando a esposa morre e a filha é retirada de sua custódia e passa a odiá-lo, dialoga com o especial longa de Darren Aronofksy. Embora haja uma diferença muito específica entre esses dois filmes. Um abusa demais dos clichês e perde a confiança total do espectador facilmente, e o outro emociona singularmente por uma história que não deixa de ser real e comovente enquanto inova e nos promove interesse. O Lutador e Nocaute. Filmes separados pela qualidade. O desperdício da Rachel McAdams, do diretor (o mesmo de Dia de Treinamento, que deu a Denzel Washington o Oscar de Melhor Ator em 2002) e de James Horner em seu último trabalho cinematográfico tinha tudo para ser no mínimo bom. 

Não esperava que o filme fosse tudo isso já quando tive a oportunidade de ler uma curta sinopse do filme. Mas a performance do Jake Gyllenhaal recebeu nada econômicos elogios e, lido que o ator tinha se esforçado bastante para o papel, já que ele é um nato amante do boxe, esperava algo sim. Mas me decepcionei justamente com ele o filme inteirinho. A atuação inegavelmente possui pontos fortes, mas é fraca demais pro meu gosto e isso pra não falar que o roteiro praticamente joga fora o personagem e o ator em cenas sem clima e puramente inúteis, tão inúteis quanto este filme em si. 

A história peca quando julga o personagem indiscriminadamente e depois faz dele um vencedor. Superação poderia ser o nome alternativo de Nocaute. Seu quê moralista ajuda muito nisso e estranho demais não estar surpreso. Mas história de lutador sempre é a mesma. Aquele homem que sempre foi rejeitado e desprezado por todos, encontra no ringue o lugar que sempre lhe fora negado, mas fora dele os problemas, inicialmente neutralizados pelas incessantes e sangrentas porradas, chegam como uma avalanche para destruí-lo. Sempre foi assim e sempre será. O Lutador, cujo eu considero um dos melhores filmes deste tema que já tem permissão para virar gênero, também utiliza clichês em sua montagem, mas da forma correta, e isso não danifica o procedimento e o objetivo do retrato, ao contrário do que ocorre em Nocaute. Até o spoiler, mesmo que ridículo, tem mais graça do que o filme.

Aí a história começa a ficar quadrada, eu começo a bocejar, e tudo vira uma grande porcaria. Se bem que nem tudo é desgraça em Nocaute. A atuação do Forrest Whitaker, creio eu, é a única de todo o filme que dá pra engolir. E olha que ele vem só na segunda parte do filme. Mas até salva, pelo menos. Nocaute também é bem depressivo, e isso conta como força dramática, e não posso negar que isso ele tem de sobra, embora toda essa potência dramática seja infinitamente clicherizada. E a minha intenção, pelo menos ao ir ver Nocaute no cinema, era (centralmente) de ver o Jake num bom papel. Sai desapontado com isso, e também com a incompetência do longa e o dinheiro que tinha perdido e poderia ter visto outro filme qualquer melhor do que ele. E também não esqueço de que queria ver uma história já preenchida pelo clichê, mas que não me conquistasse tão fácil, sem nisso aprofundar as raízes. Chego à conclusão de que, se Nocaute pudesse ser entitulado com outra palavra além de Superação, creio que essa palavra poderia ser Decepção. Ou Queporraéessa?, quem sabe.

Nocaute (Southpaw)
dir. Antoine Fuqua - 

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