domingo, 11 de setembro de 2016

Crítica: "ÁGUAS RASAS" (2016) - ★★★★


De uns tempos pra cá, o espanhol Jaume Collet-Serra vem colecionando uma série de títulos respeitados e adorados tanto pela crítica quanto pelo público, reservando-lhe uma fama de prestígio dentre os cinéfilos e críticos de cinema, que andam vangloriando sua carreira e venerando seu talento promissor – o que é plenamente justo. Seu novo filme, o suspense Águas Rasas, marca mais um acerto em cheio desse diretor que a cada filme se supera e mais e mais revela ser um dos nomes mais potentes do cinema atual e do gênero suspense. 

Em Águas Rasas, Blake Lively (numa atuação de ouro – a provável melhor dela) interpreta uma jovem mulher que está de férias numa ilha caribenha e que decide ir surfar na praia onde sua mãe esteve quando estava grávida dela, algo que é carinhosamente simbólico para a moça, que tinha muita afeição pela mãe, já falecida. Após passar o dia surfando, ao entardecer ela fica sozinha no mar, até que é atacada por um tubarão feroz, que deixa ela bastante ferida e debilitada. Lutando pela sobrevivência, ela faz o que pode para buscar ajuda e se afastar do perigo. 

É simplesmente excepcional como o diretor consegue estabelecer um suspense crível e com tanta firmeza sem precisar de muito esforço ou se apoiar em artifícios discriminantes. A riqueza desse suspense sustenta a trama e os dramas da moça, seu desespero e sua esperança, sua força de vontade e ao mesmo tempo determinação, despontando para um possível contexto metafórico envolvendo um conflito entre a mulher e seu pai, ou até mesmo luto pela morte da mãe, alimentando a construção brilhante da personagem e da trama toda em si.

Nesse caso, a representação da história toda, do ataque e do sofrimento da moça, do isolamento, são esclarecidos, dando a ideia de que ela, uma mulher tão forte e indestrutível, teria sofrido um abalo tão grande pela morte de sua mãe, que esse evento teria exposto sua fragilidade emocional, um lado que ela provavelmente desconhecia de si mesma, e isso foi engrandecendo sentimentos contrários e dando espaço ao luto e à saudade.

Este é, ao meu ver, o melhor filme de Jaume Collet-Serra (levem em conta que não vi todos os filmes dele, entre estes os mais renomados, como A Casa de Cera ou A Órfã). Lembro que tinha gostado bastante de Sem Escalas, que vi recentemente, ainda que não tenha conferido Noite sem Fim, também com o Liam Neeson, que não foi tão bem recebido.

A semelhança destes filmes é a competência de Collet-Serra, em construir e elaborar tramas intrigantes e inteligentes, com as personagens principais atravessando momentos de reviravolta e intensa exposição emocional e física, mesmo que não tão óbvio, como aconteceu em Sem Escalas.  

O mais notável ainda é o fortalecimento desse estilo tão multifacetado dele. A cada filme, um sucesso, uma marca, uma história nova cheia de emoção e suspense, envolvimento e tensão. Ainda tem quem duvide de Jaume Collet-Serra? Creio que não. Quem o conhece de perto já tem confiança em seu trabalho e acredita no que faz. Águas Rasas, seu 7º longa-metragem, é mais uma prova da força e do poder de seu cinema. 

Águas Rasas (The Shallows)
dir. Jaume Collet-Serra - 

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