Fascinante, delicado, tocante. Uma
película que não diverge do ponto principal, e mantém um suspense sufocante.
Falar de Notas sobre um
Escândalo basicamente é
favorecer Judi Dench e Cate Blanchett, em duas performances adoráveis, quão
obsessivas e furiosas. Há tempos, tinha um forte desejo em assistir Notas sobre um Escândalo, não
só por noticiar a participação destes dois talentos, mas também pela direção de
Richard Eyre e a tão comentada trilha sonora.
Por um lado, Notas sobre um Escândalo é antagonicamente meticuloso. Um
filme onde os protagonistas são antagonistas. Ambas, Cate e Judi, algo menos
desafiador quando a história trata-se de um rico suspense, mas ainda um drama
que procura vítimas. Pelo primeiro olhar, a película ainda pode transparecer
melancólica de feições sutis, mas como já se é de perceber, ela engana muito. A
trilha sonora ajuda um pouco, vai (Philip Glass é um grande gênio musical).
A rígida, porém solitária, Barbara Covett,
dá aulas de história numa decadente escola pública em Londres. Após conhecer a
nova professora de artes, Sheba Hart, sua jornada até então parada e inóspita
se transforma radicalmente. As duas tornam-se ilustres amigas, mas quando Hart
revela um impetuoso segredo, desafia a confiança de Covett: Sheba manteve
relações com um aluno de quinze anos, Steven Connelly, por um tempo desde
quando entrou na escola. Num jogo de gato e rato, Barbara e Sheba entram num
embate perigoso, e ao mesmo tempo, envolvente, que acaba por terminar mal,
devido às circunstâncias de um cotidiano fechado e por vezes inútil. As
personagens em questão, Sheba e Barbara, são mulheres de opiniões distintas,
ainda que atraídas por uma compacta amizade. Sheba é extrovertida, mãe e
esposa, e mesmo que esteja feliz e satisfeita com a família e a vida que leva,
sente a necessidade de algo mais. Sente que necessita ultrapassar os limites
para enfrentar o vazio. Enfrentando o contrário disto, Barbara é uma mulher de
poucas palavras, e extremamente sozinha, sem amigos, reservada mas imponente, que
não aceita bajulações ou desrespeito. A mesma, por mais que não esteja
parecendo, procura preencher esse tenebroso vazio. Esse "vazio" é o
que conecta nossas duas estrelas. É justo nesse ponto onde instala-se todo o
clima de suspense. Segredos, mentiras, verdades e traições. Ao toque da música,
as duas veem-se sem saída, encurraladas pelo azar de estarem tão juntas num
destino tão pouco simpático.
Só pela participação de Cate e Jude no
filme, como eu já mesmo citei, estão maravilhosas, Notas sobre um Escândalo ganhou minha aprovação. É lógico,
alguns elementos inesperados também chamaram minha atenção: a direção de Eyre,
o roteiro de Marber, a trilha sonora (surreal) de Philip Glass, cujo
anteriormente, já tinha dedicado lágrimas por As
Horas. Concluindo: Notas
sobre um Escândalo é um
espetáculo. Performances consistentes e lindíssimas de duas atrizes
competentes, que quase nunca, desapontam a quem prometem. Dos traços impecáveis
de uma obra-prima, nasce então Notas
sobre um Escândalo.
Notas sobre um Escândalo (Notes on a Scandal)
dir. Richard Eyre - ★★★★


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