Dos indicados a melhor filme do Oscar 2018, O Destino de uma Nação é possivelmente o mais fraquinho dos candidatos e ainda sim guarda muitos pontos positivos e valores. É claro, deve ser mais visto (e falado) por ser o filme que irá dar o primeiro Oscar de Gary Oldman dentro de alguns dias. Não é novidade que o hype em torno da atuação hipermanufaturada e extremamente minimalista do intérprete já era gigante há eras, e isso só veio a se confirmar com a porrada de prêmios importantíssimos que ele recebeu nos últimos meses. E, eu não vou mentir, ele tá mandando muito bem nessa cinebio do aclamado primeiro-ministro inglês Winston Churchill, mandando muito bem mesmo.
Na lista dos indicados desse ano, O Destino de uma Nação faz par notável com outro filme que se passa na mesma época que ele e que, em um dado momento da trama deste aqui, acaba se aproximando mais da temática e do contexto histórico, que é o amado/odiado Dunkirk. Neste aqui, o capítulo dos soldados presos na praia de Dunquerque é dissecado dentro de uma perspectiva bem mais politizada. A transformação de Oldman em Churchill é de tamanha impressão que, se não tivéssemos a informação, seria pouco provável adivinhar que era Gary Oldman, exceto pelos olhos.
Em outros pontos, o filme enfraquece, tem um roteiro meio perdido, que eventualmente se encontra, mas depois se perde no meio das abordagens diplomáticas. E isso vai deixando-o mais cansativo para o espectador, com o tempo. O trabalho cênico de Joe Wright, como era de se esperar, é dos mais fascinantes, até por conta de uma coreografia da câmera interagindo com os atores, traduzindo cenas em monumentos riquíssimos, que é um presente da fotografia do magistral Bruno Delbonnel. Aliás, caprichos técnicos não faltam neste épico, é tudo muito suntuoso como dita a previsibilidade de quem dirigiu um filme hiper caprichado e belo como Anna Karenina há alguns anos.
Se no elenco não temos a presença feminina da sempre ótima Keira Knightley (colaboradora frequente de Wright) pelo menos temos duas coadjuvantes em excelente forma, Kristin Scott Thomas e Lily James, destaques. Até porque sobra pouco espaço para uma presença feminina no filme, já que é Churchill que domina a tela o tempo todo, com seus berros, seus ataques, parece que a todo instante estamos diante de um homem prestes a infartar. Também não sobra muito espaço pra inventar no meio das já esperadas estripulias técnicas e gorduras de roteiro. O resultado é uma cinebiografia morna, sem surpresas, mas gratamente bem executada graças à sua precisão e um bom senso dramático.
O Destino de uma Nação (Darkest Hour)
dir. Joe Wright
★★★