O novo filme de Alexander Payne, que recebeu um enorme buzz por ter sido o filme de abertura do último festival de Veneza, parece não ter agradado muita gente. Até mesmo os admiradores do cineasta se decepcionaram com Pequena Grande Vida, a simpática comédia dramática que passou quase que despercebida pelos espectadores, uma recepção nada calorosa acolheu o que é mesmo um trabalho menor, mas nem por isso insignificante, de um dos maiores cineastas americanos das últimas décadas.
Matt Damon interpreta um homem que decide se submeter, junto com a esposa, a um processo de encolhimento físico, o "downsizing", em um procedimento que promete revolucionar para sempre a vida humana na Terra. Os humanos encolhidos são abrigados em um lugar utópico chamado Leisureland. A técnica traz promessa de redução do aquecimento global e outros problemas ambientais que afetam o planeta. Após ser encolhido, Paul (Damon) descobre que a mulher (Kristen Wiig) desistiu do procedimento no último momento. Decepcionado, Paul terá que lidar sozinho com os desafios de sua "vida nova", sem a esposa, enquanto conhece pessoas no caminho, como uma gentil empregada doméstica (Hong Chau) e seu patrão, um cara rico que gosta de farrear (Christoph Waltz).
Payne pode não ter reprisado a mesma excelência de Os Descendentes ou As Confissões de Schmidt, mas certamente Pequena Grande Vida não é todo esse fel que os críticos estão apontando. Há muito o que se valorizar nessa comédia que acumula méritos por estar tão contente com a sutileza da sua proposta, celebrando um elenco em ótima forma (aplausos para Chau, esnobada no Oscar, dona de uma personagem coadjuvante carismática e fofíssima, embora tenha sido tachada de estereotipada; Damon e Waltz também estão maravilhosos).
O filme entra em temáticas mais amplas, abraçando um contexto bem maior do que a sua premissa anuncia, talvez por isso não tenha convencido a crítica com sua crônica globalizada sobre a condição humana diante das transformações socio-econômicas em diferentes culturas e das próprias mudanças na forma e nos filtros sob os quais a vida humana se instala, e como esses dois focos estão intimamente interligados, caminhando lado a lado. Payne abre portas para muitas interpretações, mas prefere se fixar no humanismo das relações, o que sempre será muito bem-vindo.
Payne pode não ter reprisado a mesma excelência de Os Descendentes ou As Confissões de Schmidt, mas certamente Pequena Grande Vida não é todo esse fel que os críticos estão apontando. Há muito o que se valorizar nessa comédia que acumula méritos por estar tão contente com a sutileza da sua proposta, celebrando um elenco em ótima forma (aplausos para Chau, esnobada no Oscar, dona de uma personagem coadjuvante carismática e fofíssima, embora tenha sido tachada de estereotipada; Damon e Waltz também estão maravilhosos).
O filme entra em temáticas mais amplas, abraçando um contexto bem maior do que a sua premissa anuncia, talvez por isso não tenha convencido a crítica com sua crônica globalizada sobre a condição humana diante das transformações socio-econômicas em diferentes culturas e das próprias mudanças na forma e nos filtros sob os quais a vida humana se instala, e como esses dois focos estão intimamente interligados, caminhando lado a lado. Payne abre portas para muitas interpretações, mas prefere se fixar no humanismo das relações, o que sempre será muito bem-vindo.
Há momentos genuínos, que tornam a comédia mais consistente e os resultados, satisfatórios. É simples, mas bem resolvido, suas intenções são boas e a maneira como ele se aproxima dos contextos, mantendo um certo respeito pela construção narrativa em si, e pelas próprias temáticas que insere, reforçam a noção de que Pequena Grande Vida, por mais fraco que possa soar, encontra nas brechas das relações uma beleza, a mesma beleza humana que preenche os trabalhos mais notórios de Payne. E isso às vezes é o suficiente para um filme delicioso.
Pequena Grande Vida (Downsizing)
dir. Alexander Payne
★★★
Pequena Grande Vida (Downsizing)
dir. Alexander Payne
★★★