Sou o tipo de cinéfilo que costuma digerir bem os melodramas. Não tenho nenhum tipo de problema com esse subgênero, até porque sou bem suscetível, presa fácil, a filmes com uma tendência dramática mais elevada, ou até mesmo apelativa, como alguns referem. Muito embora esteja distante de ser um "melodrama exemplar", Fatal bem que pode ser descrito como um exercício melodramático nato, ainda que irregular. A dupla de protagonistas é potencialmente comovente e cumpre a missão de impressionar e estarrecer o espectador.
E a cada filme a diretora espanhola Isabel Coixet cresce em meu pensamento. Fatal, se é não é seu melhor filme (levando em conta que não conferi ainda Minha Vida Sem Mim nem A Vida Secreta das Palavras), fica entre os melhores, digamos. O grande problema de Fatal é seu andamento arrastado e sem jeito, sem naturalidade, sem acompanhar a história. Acho que o problema esteja em mim. Eu não consegui conciliar a trama ao andamento. É desajeitado, e isso não me agradou muito.
Ainda sim, se sobressai entre os muitos méritos de Fatal sua força, a capacidade de mexer com a gente com uma delicadeza ímpar, capaz até mesmo de levar às lágrimas os mais emotivos. A maturidade de Coixet em traçar uma história de amor delirante e inusualmente emocionante, sem desbandar no piegas. E, se não chega a ser aquela maravilha de filme que poderíamos esperar, Fatal conta com a participação de um elenco excepcional que dá conta do recado. Ben Kingsley e Penelope Cruz estão fenomenais. Em Fatal, os dois interpretam professor universitário e aluna sexy, respectivamente, que se entregam de corpo e alma a um caso de amor fervente e repleto de reviravoltas. Os dois amantes começam a questionar o sentido dessa relação, que com o passar do tempo amarga.
Também estão no elenco Dennis Hopper, como um amigo de David (Ben), Patricia Clarkson, que faz uma amante do homem (ela que recentemente esteve ao lado de Kingsley em Learning to Drive, também dirigido pela Isabel Coixet). O roteiro é de Nicholas Meyer, adaptado do romance "The Dying Animal", de Phillip Roth.
As cenas mais eróticas do filme envolvem a bela personagem da Penelope Cruz, Consuela, em cenas carnais ao lado do professor Kepesh. Coixet faz uma romantização belíssima dessas cenas, sensual e belo sem ser vulgar ou debochado. O final do filme guarda uma surpresa de cortar o coração. É um dos finais mais melodramáticos que já se viu. Algumas das cenas exalam um certo ar onírico, como aquelas sequências onde o David e a Consuela estão na praia. Falando nisso, o trabalho de fotografia do filme é excepcional. O diretor de fotografia de Fatal, aliás, é Jean-Claude Larrieu, velho colaborador de Coixet, e que é o diretor de fotografia do mais novo filme de Almodóvar, a estrear em Cannes mês que vem, Julieta.
Fatal termina dando a impressão de indiferença, de fraqueza. O filme certamente é fenômeno dramático, mas termina desse jeito, sujeito ao esquecimento fácil. Ainda sim, vale conferir. É um filme muito bonito e prazeroso de se acompanhar, quase um poema em filme.
Ah, e depois quando eu tiver um tempinho vou ver se dá pra conferir o mais novo filme da Isabel, Ninguém Quer a Noite, com a Juliette Binoche, e passo aqui pra comentar. O filme ainda tá sem previsão de lançamento aqui no Brasil, mas o título em português foi confirmado como Ninguém Quer a Noite (o título original é Nobody Wants the Night, a mesma coisa) e o filme já chegou à internet. Acho que eles vão deixar pra lançar em DVD. Aliás, já que entramos no assunto, não se deixem enganar pelo título nacional Fatal, que é uma farsa completa, levando em consideração que esse título horrendo não tem relação alguma com a trama em si muito menos com o título original, que é Elegy. Distribuidoras e a absurda falta de criatividade. Afinal, o que há de errado com o título Elegia, que é bem mais coeso e conectado à história?
Fatal (Elegy)
dir. Isabel Coixet - ★★★
E a cada filme a diretora espanhola Isabel Coixet cresce em meu pensamento. Fatal, se é não é seu melhor filme (levando em conta que não conferi ainda Minha Vida Sem Mim nem A Vida Secreta das Palavras), fica entre os melhores, digamos. O grande problema de Fatal é seu andamento arrastado e sem jeito, sem naturalidade, sem acompanhar a história. Acho que o problema esteja em mim. Eu não consegui conciliar a trama ao andamento. É desajeitado, e isso não me agradou muito.
Ainda sim, se sobressai entre os muitos méritos de Fatal sua força, a capacidade de mexer com a gente com uma delicadeza ímpar, capaz até mesmo de levar às lágrimas os mais emotivos. A maturidade de Coixet em traçar uma história de amor delirante e inusualmente emocionante, sem desbandar no piegas. E, se não chega a ser aquela maravilha de filme que poderíamos esperar, Fatal conta com a participação de um elenco excepcional que dá conta do recado. Ben Kingsley e Penelope Cruz estão fenomenais. Em Fatal, os dois interpretam professor universitário e aluna sexy, respectivamente, que se entregam de corpo e alma a um caso de amor fervente e repleto de reviravoltas. Os dois amantes começam a questionar o sentido dessa relação, que com o passar do tempo amarga.
Também estão no elenco Dennis Hopper, como um amigo de David (Ben), Patricia Clarkson, que faz uma amante do homem (ela que recentemente esteve ao lado de Kingsley em Learning to Drive, também dirigido pela Isabel Coixet). O roteiro é de Nicholas Meyer, adaptado do romance "The Dying Animal", de Phillip Roth.
As cenas mais eróticas do filme envolvem a bela personagem da Penelope Cruz, Consuela, em cenas carnais ao lado do professor Kepesh. Coixet faz uma romantização belíssima dessas cenas, sensual e belo sem ser vulgar ou debochado. O final do filme guarda uma surpresa de cortar o coração. É um dos finais mais melodramáticos que já se viu. Algumas das cenas exalam um certo ar onírico, como aquelas sequências onde o David e a Consuela estão na praia. Falando nisso, o trabalho de fotografia do filme é excepcional. O diretor de fotografia de Fatal, aliás, é Jean-Claude Larrieu, velho colaborador de Coixet, e que é o diretor de fotografia do mais novo filme de Almodóvar, a estrear em Cannes mês que vem, Julieta.
Fatal termina dando a impressão de indiferença, de fraqueza. O filme certamente é fenômeno dramático, mas termina desse jeito, sujeito ao esquecimento fácil. Ainda sim, vale conferir. É um filme muito bonito e prazeroso de se acompanhar, quase um poema em filme.
Ah, e depois quando eu tiver um tempinho vou ver se dá pra conferir o mais novo filme da Isabel, Ninguém Quer a Noite, com a Juliette Binoche, e passo aqui pra comentar. O filme ainda tá sem previsão de lançamento aqui no Brasil, mas o título em português foi confirmado como Ninguém Quer a Noite (o título original é Nobody Wants the Night, a mesma coisa) e o filme já chegou à internet. Acho que eles vão deixar pra lançar em DVD. Aliás, já que entramos no assunto, não se deixem enganar pelo título nacional Fatal, que é uma farsa completa, levando em consideração que esse título horrendo não tem relação alguma com a trama em si muito menos com o título original, que é Elegy. Distribuidoras e a absurda falta de criatividade. Afinal, o que há de errado com o título Elegia, que é bem mais coeso e conectado à história?
Fatal (Elegy)
dir. Isabel Coixet - ★★★