terça-feira, 30 de junho de 2020

Revisão do 1º Semestre

Uncut Gems first look review – An uncut masterpiece from the Safdie bros

Um balanço dos lançamentos conferidos nessa primeira metade de 2020. Não estranhem a lista estar tão misturada, pois o critério agora é: filmes lançados em qualquer plataforma + os inéditos, de 2018 pra cá. A lista deve engrossar, porque ainda tem coisa pra conferir. Os títulos em negrito compõem os 5 melhores da lista. O 1º lugar de um ranking ficaria com Joias Brutas.

Em ordem alfabética

1917 (Sam Mendes)
Adoráveis Mulheres (Greta Gerwig)
Asako I & II (Ryusuke Hamaguchi)
Cadê Você, Bernadette? (Richard Linklater)
O Caso Richard Jewell (Clint Eastwood)
A Despedida (Lulu Wang)
O Homem Invisível (Leigh Whannell)
Honeyland (Ljubomir Stefanov & Tamara Kotevska)
Joias Brutas (Irmãos Safdie)
Um Lindo Dia na Vizinhança (Marielle Heller)
Peterloo (Mike Leigh)
O Preço da Verdade (Todd Haynes)
Roubaix, Une Lumière (Arnaud Desplechin)
System Crasher (Nora Fingscheidt)

Os melhores no geral

E esses são os destaques, grandes ou ótimos filmes, não apenas lançamentos, que foram vistos nesse período, em ordem de preferência. Deixei de fora apenas as estreias que eu incluí no top 30 de 2019 que eu vi em janeiro, quando eu não tinha fechado a lista ainda. 

A Última Noite (Spike Lee)
Segredos do Poder (Mike Nichols)
Narradores de Javé (Eliane Caffé)
Samson and Delilah (Warwick Thornton)
Entre Facas e Segredos (Rian Johnson)

e uma série
Família Soprano (A Primeira Temporada)

quinta-feira, 25 de junho de 2020

SAMSON AND DELILAH (2009)

Samson & Delilah (Australia 2009) | The Global Film Book Blog

Me lembrou do recente LEAVE NO TRACE, especialmente na dura transição de um ato pro outro, quando os personagens saem de sua rotina numa cidade isolada e se veem jogados no mundo, sem rumo. A mudança no clima do filme é óbvia, mas tem bem mais por trás desse lado aparente. Quando os personagens são jogados de uma realidade pra outra, seus laços permanecem intocados. A falta de diálogos (o casal principal não troca uma palavra) curiosamente reforça ainda mais toda a conexão entre eles, na mesma medida que aquela situação de abandono (e a dificuldade de se afirmar no mundo e de ter o seu espaço nele) põe essa conexão à prova. O resultado é tanto encantador e doce quanto amargo e brutal. O filme opera nesses dois climas, filtrando como eles perseveram (ou não) diante das dificuldades. Com  um elenco fenomenal, SAMSON AND DELILAH (2009, dir. Warwick Thornton) é uma pérola escondida do cinema australiano, um retrato particular da vida dos nativos, lidando com a marginalidade, a exploração, a violência e a negação da sociedade, mas sem nunca desviar seu olhar de empatia, especialmente no campo sentimental, mesmo ao mostrar o quanto a vida e a sociedade são duros com eles.  

domingo, 21 de junho de 2020

FAMÍLIA SOPRANO (Primeira Temporada)

The Sopranos' 20th Anniversary: Here's Your Complete Guide to Rewatching It  - The New York Times

A terapia da máfia

À medida que Tony Soprano lida com as responsabilidades da vida em família, a série emplaca uma tensão que ameaça explodir de instantes em instantes. O chefão da máfia resolve desabafar com uma psiquiatra, e as consequências não caberiam nesse texto. Família Soprano navega numa tensão sempre dilacerante, dos choques entre os personagens, uma família instalada no meio do crime, e todas as suas conexões complicadas. O formato aparentemente fácil do universo gângster se aprofunda nas camadas árduas das relações familiares e humanas em conflito. Os episódios não giram em círculos, ao contrário, cada espaço da trama passa pela análise, cada personagem está exposto. Com um roteiro dos mais bem resolvidos, Família Soprano tem muitos acertos, blindados por um elenco mais que inspirado (sem exceções, o ponto alto da série são as atuações). A série não deixa que a violência sozinha a conduza e dite seu clímax. É nas cenas no consultório, nas conversas em família, ou nos momentos em que os personagens são despidos (emocionalmente) e colocados à prova, que a série concentra sua força. Entraria fácil num top 10 da televisão americana. 

domingo, 7 de junho de 2020

ADORÁVEIS MULHERES (2019)

Confira o primeiro trailer de “Little Women”, novo filme de Greta ...

Greta olha pra trás, na Guerra Civil Americana, pra lidar com as questões que a era #MeToo levantou, e as fragilidades sociais da época de Alcott, convergindo em preocupações atuais. A seriedade divide lugar com o entretenimento, e o elenco, em estado de graça, se doa pros personagens do romance. Enquanto os homens saem pra ir à guerra, as mulheres permanecem em casa, as filhas se descobrem e a mãe toma conta como pode. Greta tentou traduzir "Mulherzinhas" e saiu do outro lado com frescor e propriedade, intercalando dois momentos diferentes, como um balé cinematográfico, e tentando resgatar o que cada personagem experienciou naquele tempo. Uma sequência deliciosa pro LADY BIRD, e que deixa a gente com um gostinho muito parecido, no sentido de como o filme retrata e a gente absorve, esse inspirado ADORÁVEIS MULHERES. Greta é uma grande diretora sim. O jeito que ela navega pela história, com esse olhar honesto, é mais que especial. ADORÁVEIS MULHERES tem um bocado de sequências deliciosas, as atuações divertidas, mas também sinceras (Saoirse tá perfeita), equilibra leveza com o drama, consciente de onde quer chegar. Assim como o LADY BIRD, se concentra no amadurecimento feminino, também com sua percepção sobre a chegada do amor, mais incerto, mais confuso, porém também mais intenso e, de alguma forma, libertador (os conflitos da Jo, de não querer estar presa às convenções, mas sentindo um grande desejo de se apaixonar, permanecem contemporâneos). E eu gosto bastante desse núcleo sentimental do filme. 

Adoráveis Mulheres (Little Women, dir. Greta Gerwig, E.U.A.)