quinta-feira, 30 de novembro de 2017

NATIONAL BOARD OF REVIEW 2017 – OS VENCEDORES


MELHOR FILME
The Post

MELHOR DIREÇÃO
Greta Gerwig – Lady Bird

MELHOR ATRIZ
Meryl Streep – The Post

MELHOR ATOR
Tom Hanks – The Post

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Laurie Metcalf – Lady Bird

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Willem Dafoe – The Florida Project

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
The Phantom Thread (Paul Thomas Anderson)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
O Artista do Desastre (Scott Neustadter & Michael H. Weber)

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Coco

MELHOR ATUAÇÃO ESTREANTE
Timothée Chalamet – Me Chame pelo seu Nome

MELHOR FILME DE ESTREIA
Jordan Peele – Corra!

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Foxtrot – Israel (dir. Samuel Maoz)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Jane

MELHOR ELENCO
Corra!

PRÊMIO SPOTLIGHT
Mulher-Maravilha (Patty Jenkins, Gal Gadot)

NBR FREEDOM OF EXPRESSION
First They Killed my Father
Let It Fall: Los Angeles 1982-1992

– – –

The Post sai com três vitórias em filme, ator e atriz. O filme está forte na corrida, as premiações de Hanks e Streep indicam que o Oscar é praticamente certeiro.

– Greta Gerwig leva direção, mais um sinal de que ela é favorita na categoria e deve aparecer em mais prêmios; Laurie Metcalf levou atriz coadjuvante por Lady Bird e Willem Dafoe coadjuvante por The Florida Project.

– Surpresas em roteiro: Phantom Thread e O Artista do Desastre entram no páreo. 

Foxtrot surpreende em filme estrangeiro. O filme foi o escolhido pelo Israel pra representar o país no Oscar e a indicação agora ganha novos ares. 

terça-feira, 14 de novembro de 2017

BOM COMPORTAMENTO (2017)


Acho que nunca falei antes aqui no blog sobre a dupla Safdie, os irmãos Josh e Benny, nomes promissores do cinema independente americano. Ainda vamos ouvir falar muito sobre esses dois arteiros, até porque Bom Comportamento é um grande filme e que deverá ser bastante comentado e falado daqui pra frente, ainda que muita gente praticamente desconhecia a filmografia deles. Antes de começar a falar sobre esse aqui, vou recomendar rapidamente 2 filmes da dupla que eu tive a chance de conferir esse ano e que são bastante especiais (e isso vale pra quem quer uma introdução na filmografia dos diretores) que são Traga-me Alecrim e Amor, Drogas e Nova York, sem falar também em The Pleasure of Being Robbed

Agora, vamos ao filme. Que alucinação, hein? Quem já tinha visto Amor, Drogas e Nova York até podia esperar uma boa dose de loucura e uma vibe meio alucinógena, mas talvez essa seja a confirmação definitiva do cinema dos Safdie. Bom Comportamento acompanha, em uma única noite, a trajetória de um criminoso tentando livrar seu irmão deficiente da prisão, e para isso ele enfrenta vários perrengues, encontra os tipos mais bizarros e as situações mais inesperadas. Aliás, Robert Pattinson está em sua melhor atuação (acreditem, totalmente digna). 

As comparações a John Cassavetes surgem já nas semelhanças estéticas e narrativas, mas eu creio que existe também um certo laço espiritual entre os filmes dos Safdie e Cassavetes, muito no que diz respeito às histórias de uma jornada mundana, de personagens mundanos, não rotineiros, mas que pertencem ao mundo, que vivem pelo mundo e que podemos encontrar ao virar a esquina. Comparou-se também a Scorsese e Friedkin, de forma mais indireta, até pela construção do gênero aqui, fica muito evidente que existe uma trilha entre o indie e uma aspiração maior ao cinema americano.

Bom Comportamento coleciona uma série de momentos altos e memoráveis. O filme já começa imerso num nível desmedido de adrenalina quando Connie invade o consultório onde está seu irmão, um jovem rapaz com problemas psicológicos (vivido pelo próprio Benny Safdie), e decide tirá-lo dali nem que seja a força. É o ponto de partida para uma jornada entorpecente, onde somos colocados no banco da frente a mil por hora, enquanto a emoção pulsa firme nas veias. Pra se ter uma noção, só durante os créditos, há uma utilização fantástica da narrativa, e o que segue dali é o cinema da mais pura e verdadeira qualidade. 

Bem, não vou dizer muito. Acho que é um filme que fala por si mesmo. Só garanto que os Safdie estão confirmadíssimos nessa nova safra de grandes diretores do cinema independente e Bom Comportamento é o melhor filme deles até agora. Fiquei muito contente em poder assistir esse baita filmaço. Sobre a nossa constante busca por libertação, redenção, fuga, o constante desejo da alma de se livrar das amarras do destino. É a fuga, é o escapismo que alimenta nossa vontade de sentir a vida no seu limite, pois é unicamente nessa intensidade, nesse ritmo frenético, que podemos sentir o tempo. Essa vontade louca de fugir de tudo, de enfim achar a liberdade, onde quer que ela possa ser encontrada. And have a good time. 

Bom Comportamento (Good Time)
dir. Benny & Josh Safdie
★★★★½

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

SEM AMOR (2017)


Minha lembrança de Leviatã (indicado ao Oscar em 2015) é muito boa. Era o primeiro filme que eu tinha visto do cineasta russo Andrey Zvyagintsev, e eu lembro ter gostado bastante. Não sei se posso dizer o mesmo do mais novo trabalho do diretor, Loveless, que em Cannes já saiu ganhando prêmios e agora já é aposta, novamente, ao Oscar, e todos os elogios da crítica que parecem celebrá-lo com um dos melhores do ano. Seria até compreensível, todo esse astral. Mas pra mim não fica tão claro. 

Andrey começa seu filme muito bem, uma fotografia inspirada (e uma frieza que parece já prever os decorrentes sombrios acontecimentos que permeiam a cinzenta tramoia do drama) e uma promessa de grande filme. Logo, todo esse universo meio nublado, gélido, penumbroso do filme cai numa artificialidade indigerível. As performances, de um elenco muito excelente, não conseguem reavivar a trama do filme quando esta já se encontra petrificada, congelada. As cenas de sexo são filmadas esculturalmente, os movimentos da câmera tão elaborados e bem coordenados, toda aquela mistura de técnica e cuidados mínimos com a manipulação da imagem congelam-se na frieza que o próprio filme personifica. 

Temos, em cena, um casal em divórcio (inclusive já com outros parceiros, e decididos a seguirem suas vidas separados) cujo único laço é um filho adolescente que eles tiveram, um jovem que vive a chorar sozinho em seu quarto enquanto brigas tempestuosas do casal ocorrem do outro lado da porta, ambos a mãe e o pai se cegam ao sofrimento do filho ao ver o relacionamento ruir. Do nada, o garoto desaparece. O pai acha que é apenas uma simples escapada, que o garoto estará de volta em 10 dias. Logo, o casal se vê preso a esse sumiço repentino e inexplicável do filho. Tudo vai culminar numa crise de culpa, angústia e perdição, em um casamento consumido pelas ruínas da individualidade. 

O filme tem uma premissa magnífica, assim por se dizer, mas em duas horas faz é pouco do que poderia ter feito em uma e meia e com doses bem menores do impacto que parece querer tanto nos causar, e quando ele chega (ou pelo menos é que o vemos) é tarde demais para as coisas enfim darem um passo à frente, como acontece no próprio casamento do casal protagonista. Chegou muito perto, mas infelizmente é um filme que perde a essência do seu próprio conflito à medida em que aspira causar um efeito que não está ali, confiando todas suas forças nesse efeito que não surte, logo menospreza toda uma camada de elementos que seriam muito caros à narrativa e ao desfecho dos personagens. O tratamento dramático tem momentos altos, mas o resultado fica um pouco abaixo do esperado. Não há como dizer se é um filme bom ou ruim, pelo menos pra mim é um filme que está exatamente no limite entre um e outro, sem ser completamente nenhum dos dois. 

Sem Amor (Nelyubov)
dir. Andrey Zvyagintsev
½

domingo, 12 de novembro de 2017

PERSONAL SHOPPER (2016)


Demorei a falar sobre o mais novo filme do cineasta francês Olivier Assayas, um dos maiores nomes do cinema contemporâneo mundial, esta preciosa obra que é Personal Shopper. Em Cannes, no ano passado, Assayas conquistou o merecidíssimo prêmio de melhor direção (mise-en-scène), conquista essa que foi bastante questionada até porque em 2016 a entrega dos prêmios do júri foi tida como controversa, vistas as inesperadas escolhas para filmes nem tão aclamados, e grandes filmes como Elle, Toni Erdmann, Aquarius, Julieta e Paterson saíram de mãos abanando. O caso de Personal Shopper é um filme justamente grande, que está entre os maiores destaques da edição (que foi, inclusive, uma das melhores em muitos anos no que diz respeito à seleção) mas que acabou sendo desprezado pelos críticos. É uma pena, pois trata-se sim de um filmaço, e com vários motivos para sê-lo.

Kristen Stewart interpreta a americana Maureen, a personal shopper de uma badalada celebridade, vivendo em Paris, que começa a ter estranhos contatos mediúnicos com seu falecido irmão gêmeo, que acaba surgindo para ela em diversos momentos, como se estivesse tentando dizer algo à irmã. A moça, que tem o poder de se comunicar com pessoas mortas, inicialmente parece estar assustada com esse seu dom, mas aos poucos ela vai passando a entender melhor os eventos que estão acontecendo ao seu redor. Stewart, que raras vezes esteve tão bem em cena, prova que é uma atriz de grandíssimo porte, e está incrível, hipnotizante, nesta que é a sua mais extraordinária atuação (e que é só uma previsão do que ela tem a nos mostrar daqui pra frente). E vale lembrar que essa não é a primeira vez que ela trabalha com o diretor do filme (em Acima das Nuvens, ela estava brilhante, ganhou vários prêmios e quase chegou ao Oscar, pra quem não se recorda). 

Assayas capricha na construção atmosférica do seu filme, temperada por uma tensão que torna os silêncios, ensurdecedores. Aliás, tensão é uma coisa muito bem administrada em diversas cenas do longa, mesmo sem se revelar prontamente, mas que está sempre ali, como se fosse o fio condutor desse ar sobrenatural do filme, como acontece na cena do trem, que deve ser uma das melhores do filme, onde a tensão concentra-se completamente na conversa entre Maureen e um "anônimo" no celular.

A personagem de Maureen em si é arquitetada com uma certa complexidade, mas ao mesmo tempo envolta no próprio espectro sombrio que tonaliza a trama. É como se fosse ela a entregue ao desfecho de uma trama cada vez mais vertiginosa. É muito curioso também quando o Assayas faz uma conexão entre o mundo dos fantasmas e a internet, talvez o filme seja mesmo sobre "coisas que não vemos mas que estão presentes", ou como a ausência pode ser uma maneira de estar presente, indiretamente, em algo, "a vida após a morte". 

Por mais que muitos apontem este como um exemplar do gênero horror (o que parece muito lógico até por conta da temática do filme e do apelo comercial que um filme estrelado por Kristen Stewart pode fomentar as distribuidoras) mas pra mim é mais um filme noir do que horror propriamente dito. Muito digno comparar Assayas a um certo cinema hitchcockiano principalmente na forma como o gênero é trabalhado nos moldes da trama que investiga. É um jogo de suspense, e cada cena tem um certo valor nisso, nessa propriedade do thriller. Por mais que muitos considerem o noir um gênero morto, existem filmes dispostos a trazê-lo de volta ao primeiro plano do cinema, onde esse gênero já esteve, nos seus idos tempos de ouro, e Assayas se empenha justamente em catalisar o noir numa história sobrenatural sobre passado, descobertas, ausências, medos e recomeços, com um clima mais moderno e atual, mas sem deixar a pegada sinistra que sempre foi o grande "quê" do gênero morrer (e todo o seu universo). É essa relação de trazer o passado ao presente, os mortos ao mundo dos vivos, que rege Personal Shopper

Personal Shopper
dir. Olivier Assayas
★★★★★

sábado, 11 de novembro de 2017

GIMME DANGER (2016)


Passou em branco este documentário de Jim Jarmusch sobre a famosa banda de rock The Stooges, Gimme Danger, pelo menos aqui no Brasil nem sequer tivemos a distribuição, e por isso tive que recorrer a meios alternativos pra conferir o tal filme. Trata-se de um documentário bastante razoável, possui uma estrutura bem convencional e típica, principalmente das produções americanas recentes, nem sei se é muito lógico ficar cobrando grandes coisas quando o documentário possui um ar bastante despretensioso e o que quer mesmo é trazer um pouco da memória da banda através de depoimentos espirituosos e um acervo no mínimo interessante, então explica-se, talvez, porque de terem optado por uma construção mais óbvia.

Vale ressaltar que o filme é basicamente a entrevista de Jarmusch a Iggy Pop, ícone do mundo do rock e líder da banda The Stooges, cuja carreira é traçada e recontada, também com foco nos demais integrantes do grupo, durante os anos 70, quando houve um estouro na produção da indústria midiática norte-americana, numa época marcada pela revolução cultural e grandes mudanças na sociedade do país. E o mundo da música também foi alvo de muitas descobertas e novas experimentações.

Eu, como conheço muito pouco do mundo do rock 'n roll (menos do que eu possa admitir) fiquei especialmente fascinado com a abordagem do documentário e principalmente as filmagens dos shows dos Stooges, e aquelas performances adoidadas e impressionantes do Iggy Pop, que se soltava (e como) no palco fazendo estripulias e impulsionando seu corpo em movimentos alucinantes. Por isso, quem gosta de rock, com certeza vai gostar bastante de Gimme Danger. É prato cheio pros admiradores do trabalho da banda e quem aprecia um bom trabalho de montagem documental. Este aqui é bem mais simples, bem à la Jarmusch, mas seu cuidado com o conteúdo, e o singelo carinho das entrevistas e do espírito selvagem e roqueiro do documentário em si, rendem elogios. 

Gimme Danger
dir. Jim Jarmusch
★★

LADY MACBETH (2016)


Os últimos dias foram um pouco turbulentos, muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo na nossa vida acaba fazendo com que a gente passe a dar mais atenção aos pequenos momentos de desfrute e prazeres simples entre outros sentimentos que na maioria das vezes nos fazem sentir muito mal em relação a nós mesmos, ainda mais quando estamos enfrentando uma situação delicada e que costuma exigir bastante da gente (sentimentalmente falando). É nessas horas que percebemos o quão importante é o cinema a ponto de, no mínimo, nos sentirmos gratificados por termos na arte um refúgio das agitações do dia-a-dia.

Eis que me surge este belo exemplar do cinema britânico, Lady Macbeth, de um cineasta de quem eu nunca tinha ouvido falar antes, William Oldroyd, e que já é um dos maiores destaques do ano. Muitas coisas me impressionaram em relação a este filme. A começar pela atuação de Florence Pugh, que está aí para ganhar muitos prêmios na awards season (bem próxima), que interpreta uma bela e jovem moça que se casa, a contragosto, com um homem bem-sucedido apenas por conta de seu renome, quando ele é, na verdade, vil e insolente. Os dois quase não se comunicam e não interagem entre si, o que acaba criando um inevitável distanciamento, até por conta das viagens frequentes dele. Numa dessas viagens, a moça acaba se relacionando com um capataz do marido, que acaba se tornando seu amante. Mas a história toma rumos inesperados, e várias pessoas acabam sendo afetadas pela relação da moça com o empregado, o que sucederá em mortes e intrigas.

É muito interessante observar esse trabalho com a influência de uma ótica Shakesperiana, é claro, de Macbeth, onde o personagem-título tem de matar várias pessoas influentes da nobreza para chegar ao trono e alcançar o poder, com a ajuda de sua infame esposa, a inescrupulosa Lady Macbeth, que o "encoraja" psicologicamente a cometer os assassinatos e até se infiltra em seus negócios para manipular o poder. Lady Macbeth apoia-se nesta mesma premissa, só que a personagem, ao invés de matar por poder, comete as mortes pelo amor entre ela e o empregado (isso pode soar romântico de primeira mão, mas a realidade é a mais anti-romântica e trágica que se pode imaginar).

É, sem dúvidas, um filme muito bem articulado e construído, destaque para o elenco estelar, com grandes performances de todos os lados (também é destaque Naomi Ackie, a empregada que acaba sofrendo pelos atos cometidos pela sua senhora) e uma narrativa extremamente meticulosa que parece ter o controle sobre cada pedacinho desta trama macabra. A fotografia também tem muitos momentos de ouro. Tecnicamente falando, é irreparável.

Oldroyd conduz seu filme com o mesmo tom trágico do começo ao fim, culminando todos os personagens a um destino trépido e insosso, costurando as tragédias pessoais de cada um ao nível quase coletivo, em que o deslize de um reflete na miséria do outro, e como cada ação acaba tendo uma reação, às vezes, bem mais forte e impactante no outro, como é o caso da relação entre quem está no poder e quem é comandando por este, a reação sempre recai ao último (e o desfecho deixa isso muito claro).

Execução primordial, com diversas sequências espetaculares e muito bem filmadas, Lady Macbeth não é filme para se perder.

Lady Macbeth
dir. William Oldroyd
★★★½

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Indicados ao European Film Awards 2017


melhor filme

BPM (Beats per Minute)
Loveless 
On Body and Soul
The Other Side of Hope
The Square

melhor diretor

Ildiko Enyedi – On Body and Soul
Aki Kaurismaki – The Other Side of Hope
Yorgos Lanthimos – The Killing of a Sacred Deer
Ruben Ostlund – The Square
Andrey Zvyagintsev – Loveless

melhor ator

Claes Bang – The Square
Colin Farrell – The Killing of a Sacred Deer
Josef Hader – Farewell to Europe
Nahuel Pérez Biscayart – BPM (Beats per Minute)
Jean-Louis Trintignant – Happy End

melhor atriz

Paula Beer – Frantz
Juliette Binoche – Bright Sunshine In
Alexandra Borbely – On Body and Soul
Isabelle Huppert – Happy End
Florence Pugh – Lady Macbeth

melhor roteiro

Ildiko Enyedi – On Body and Soul
Yorgos Lanthimos and Efthimis Filippou – The Killing of a Sacred Deer
Ruben Ostlund – The Square
Oleg Negin and Andrey Zvyagintsev – Loveless
François Ozon – Frantz

melhor documentário

Austerlitz
Communion
La Chana
Stranger in Paradise
The Good Postman

melhor filme de animação

Ethel & Ernest
Louise by the Shore
Loving Vincent
Zombillenium

melhor comédia 

King of The Belgians
The Square
Vincent and The End of The World
Welcome to Germany

impressões

European Film Awards – o Oscar do cinema europeu – já anunciou suas indicações para este ano. Com cinco indicações, The Square (vencedor da Palma de Ouro) desponta como um dos favoritos do prêmio. Surpresa ao ver o nome de Isabelle Huppert na categoria de melhor atriz pelo segundo ano consecutivo, desta vez por Happy End (que também garantiu a Jean-Louis Trintignant uma indicação em ator). Com a awards season chegando, me parece que Huppert e Trintignant ainda tem chances de entrar nas categorias de atuação. Juliette Binoche também está indicada, por Bright Sunshine In, da cineasta Claire Denis (e me parece que ela é quem vai ganhar). Na categoria, também temos Florence Pugh por Lady Macbeth, Paula Beer por Frantz e Alexandra Borbely por On Body and Soul. Estranha ausência de Diane Kruger, que estava tão cotada, na categoria. E – para lembrar – nas últimas cinco edições do prêmio pelo menos 1 indicada também apareceu no Oscar em melhor atriz. Este ano, as chances são fortes, eu diria pelo menos para Huppert/Pugh, de entrarem na lista. Binoche também despontaria, caso o filme tivesse uma distribuição decente.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

CRAZY HORSE (2011)


Meu primeiro filme de Frederick Wiseman. Que experiência! E pensar que eu só fui descobrir a filmografia do diretor agora, em pleno (quase) final de 2017, com essa maravilhosa, fascinante obra que é Crazy Horse. Um dos documentaristas mais aclamados, Wiseman, com mais de cinquenta anos de carreira, produziu muitos trabalhos independentes e infelizmente sua filmografia ainda é pouquíssimo conhecida e difundida, o que é uma lástima, porque ele está provando ser um dos mais ativos e íntegros cineastas do chamado gênero documental. Ativíssimo aos 87 anos, lançando em média um documentário por ano, Wiseman está aí para provar o que o cinema pode nos oferecer de melhor, com todas as suas possibilidades e experimentações.

O documental aqui pode ser chamado de cinema natural, tamanha é a naturalidade que transcorre pelo filme em suas duas horas, não necessariamente espontâneo, mas preciso e que se desenrola de maneira bastante expansiva. A ousadia aqui também é uma palavra que recorre – não por acaso, 90% do filme é composto de cenas de mulheres nuas dançando no Crazy Horse, uma badalada casa noturna de Paris, famosíssima e luxuosa, onde ocorrem apresentações de dançarinas que ousam com as mais criativas e inventivas performances. Essa exposição tão frontal da nudez pode até surpreender a quem não estiver esperando uma explosão de ousadia, mas é, por incrível que pareça, um elemento que acaba transcorrendo no filme da forma mais natural do mundo, a observação (e o ritmo) acabam gerando uma espécie de admiração, de contemplamento, não necessariamente erótico, mas sim visual, da nudez. 

É sobretudo a performance que dá o gostinho ao filme, que tempera ela. Essa obsessão, digamos, pela performance, por sua completude. Wiseman sabe filmar muito bem isso, com o olhar de poucos. Aliás, trata-se de um filme interessantíssimo principalmente pelo mecanismo com que trabalha esse olhar para a performance. É delicioso, instigante, curioso e ao mesmo tempo um espetáculo fascinante. As danças, as músicas, o ato de filmar a nudez como uma incógnita do desejo, uma performática alucinada que leva aos extremos da diversão, da expressão artística e da observação. 

Acho que não tem uma cena no filme que eu não goste, todas são imensamente interessantes e ricas, cada uma melhor que a outra. É como se cada pedacinho do filme fosse de extrema importância para a construção completa de uma obra-prima. Isso acontece da maneira mais deliciosa, sob as lentes de Wiseman, que filma toda aquela alegoria, aquele espetáculo vivo de cores e emoções, cintilantes e vigorosos, com uma expressividade magnífica. 

Crazy Horse
dir. Frederick Wiseman
★★★★★