Não esperava muito desse filme, mas confesso que fiquei positivamente surpreso com a história desse lutador profissional que literalmente lutou pra caramba pra conseguir se ajeitar na vida e sustentar sua casa e família em plena Depressão dos anos 1930 nos EUA. Gostei pra caramba mesmo.
O filme tem esse aspecto de narrativa simples, de uma ingenuidade, à la Spielberg, que já se explica com o crédito de direção do Ron Howard. Um elenco inspirado, com destaque pra uma das melhores atuações de um ótimo Paul Giammati (no papel que, aliás, lhe rendeu sua única indicação ao Oscar até hoje - um Oscar que foi roubado), em pleno domínio de seu personagem, o treinador que está sempre tentando levantar a moral desse lutador em frangalhos, Russell Crowe, aqui também merecedor de Oscar, e Renée Zellweger.
O resultado é um filme que convence porque tem essa simplicidade, essa leveza narrativa que é algo que já tinha dado ao Ron Howard uma obra-prima em Apollo 13, mas que aqui combina muito com o que o filme quer construir, com a mensagem de esperança que ele quer passar. Vale lembrar também que, talvez, sem esse roteiro excelente, não seria o mesmo filme. Estranho que tenha sido tão pouco lembrado no Oscar, pra um filme com esse appeal, um elenco de atores lista A trabalhando tão bem e com um nome de peso por trás como Howard. Talvez se tivesse mais umas indicações seria um filme mais lembrado e reverenciado do que foi, na época e hoje em dia. Mas sem dúvidas é excelente. No nível de deixar a gente emocionado. Gostei mesmo. Eu acredito que é um filme que tem a seu favor a potência de uma boa narração e uma história sensível, que encontra sua voz em tempos de mais falta de esperança e dificuldade, mas que tem toda essa cativação emocional que chega a ser quase romântico. É uma história, de certa forma, romântica, sobre como perseverar em tempos difíceis, mas de uma forma muito linda, poderosa e humanista.