segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Os Melhores Filmes de 2018



30. Um Lugar Silencioso, de John Krasinski


29. 120 Batimentos Por Minuto, de Robin Campillo


28. Um Pequeno Favor, de Paul Feig


27. Você Nunca Esteve Realmente Aqui, de Lynne Ramsay


26. Três Anúncios para um Crime, de Martin McDonagh


25. A Rota Selvagem, de Andrew Haigh


24. Os Fantasmas de Ismael, de Arnaud Desplechin


23. Amante por um Dia, de Philippe Garrel


22. A Pé Ele Não Vai Longe, de Gus Van Sant



21. Desobediência, de Sebastián Lelio



20. Em Chamas, de Lee Chang-Dong


19. Ilha dos Cachorros, de Wes Anderson


18. Pantera Negra, de Ryan Coogler


17. Sem Fôlego, de Todd Haynes


16. O Passageiro, de Jaume Collet-Serra


15. A Forma da Água, de Guillermo Del Toro


14. A Melhor Escolha, de Richard Linklater


13. The Post, de Steven Spielberg


12. Mudbound, de Dee Rees


11. Visages Villages, de Agnès Varda & JR


10. Ponto Cego, de Carlos López Estrada


9. A Câmera de Claire, de Hong Sang-Soo


8. Deixe a Luz do Sol Entrar, de Claire Denis


7. Lady Bird, de Greta Gerwig


6. Projeto Flórida, de Sean Baker


5. O Dia Depois, de Hong Sang-Soo


4. Arábia, de Affonso Uchoa & João Dumans



3. Me Chame Pelo Seu Nome, de Luca Guadagnino


2. Infiltrado na Klan, de Spike Lee


1. Trama Fantasma, de Paul Thomas Anderson

MENÇÕES HONROSAS

Podres de Ricos, de Jon M. Chu
O Primeiro Homem, de Damien Chazelle
O Processo, de Maria Augusta Ramos
Tully, de Jason Reitman
Buscando, de Aneesh Chaganty
Viva — A Vida é uma Festa, de Lee Unkrich
À Sombra de Duas Mulheres, de Philippe Garrel
Paddington 2, de Paul King
Maria Madalena, de Garth Davis
A Morte de Stalin, de Armando Iannucci
O Destino de uma Nação, de Joe Wright
O Que Te Faz Mais Forte, de David Gordon Green
Esplendor, de Naomi Kawase

OS 20 MELHORES FILMES VISTOS PELA PRIMEIRA VEZ EM 2018

Franco Atirador, de Michael Cimino
Também Fomos Felizes, de Yasujiro Ozu
O Filho Único, de Yasujiro Ozu
Este Mundo é um Hospício, de Frank Capra
Febre da Selva, de Spike Lee
A Noite Americana, de François Truffaut
O Castelo Animado, de Hayao Miyazaki
Trama Fantasma, de Paul Thomas Anderson
Lincoln, de Steven Spielberg
Aniki-Bóbó, de Manoel de Oliveira
Faces, de John Cassavetes
Razão e Sensibilidade, de Ang Lee
Documenteur, de Agnès Varda
Grey Gardens, de Irmãos Maysles, Ellen Hovde & Muffie Meyer
Cabo do Medo, de Martin Scorsese
Entreatos, de João Moreira Salles
Suspiria, de Dario Argento
Hermia & Helena, de Matías Piñero
Ninguém Pode Saber, de Hirokazu Koreeda
Cão Branco, de Samuel Fuller

MELHORES DO ANO — STREAMING



1. Feliz como Lázaro, de Alice Rohrwacher


2. Roma, de Alfonso Cuarón


3. Whitney, de Kevin Macdonald


4. Golden Exits, de Alex Ross Perry


5. Os Amantes, de Azazel Jacobs


6. Confronto no Pavilhão 99, de Craig S. Zahler


7. Ratos de Praia, de Eliza Hittman


8. O Outro Lado do Vento, de Orson Welles


9. Páscoa, de Spike Lee & Danya Taymor


10. O Conto, de Jennifer Fox

SOBRE 2018 E IMPRESSÕES 

Que ano foi esse, hein? Talvez não tenha uma palavra que possa definir bem o que foi o ano de 2018. Estranho, turbulento, inusitado... a melhor coisa a se dizer é que foi um ano cheio de altos e baixos. Não horrível ou péssimo, embora eu tenha tido minha parcela de momentos ruins da minha vida pessoal que me agitaram e quase me fizeram enlouquecer. Em relação ao ano passado, essa parte tinha sido tocada positivamente, e eu terminei o ano me sentindo grato pelo que tinha acontecido. Agora, eu imagino que não só eu, mas muitas pessoas terminarão sentindo um misto de alívio e, no lado político, receio do que o próximo governo que entra trará para a nossa democracia (e o que poderá fazer com ela).

As eleições desse ano dividiram muita gente, causaram intrigas e desavenças familiares e fraternais, e seus resultados ainda continuam acentuando muita revolta (pela causa certa, eu creio). Apesar de tudo, o que nós podemos fazer é esperar que o presidente e governadores eleitos trabalhem para o melhor da nossa nação, e não desmereçam os votos que neles foram confiados, afinal, mais do que nunca nosso país precisa de um conserto urgente. Eu sei que a democracia e o povo ainda continuam ameaçados pela entrada de uma direita corrosiva e que só defende seus próprios interesses (um resultado extremamente decepcionante dessa eleição), mas a mudança talvez surpreenda. Nesse ano, no campo político, não teve nada mais odiável do que o desrespeito e a injustiça. O assassinato da vereadora Marielle e o motorista Anderson, em março é a mais lamentável e representativa tragédia de teor político que o Brasil testemunhou esse ano. E há quem enxergue as eleições de 2018 como uma grande tragédia para a democracia e os direitos do povo também. 

Bem, deixando a política de lado, não foi só nesse campo que 2018 foi meio tortuoso. Na metade do ano, eu já estava passando por uma crise bem dura, que me levou aos extremos, e no meio disso até tive que me afastar de certas coisas pra poder me restabelecer e encontrar o equilíbrio. Apesar de tudo o que aconteceu, da desordem emocional que enfrentei, até digo que isso serviu pra me fortalecer, me deu coragem pra desafiar meus próprios limites e transcender aquela crise terrível, angustiante. Ironicamente, foi na época da eleição, ali em setembro/outubro, que eu já estava bastante restabelecido e progredi bastante na minha procura por respostas, numa busca que eu enxergo como uma reconexão com valores que havia subestimado, por egoísmo, por imaturidade ou ignorância. 

Foi justamente das adversidades que eu pude me manter agarrado às coisas boas, e reencontrar a minha fé. Me mantive bastante positivo, e passei a aproveitar as coisas com um outro olhar, um olhar de compaixão, esperança, sempre buscando a alegria, mesmo nas coisas mais pequenas. Por isso mesmo, 2018, apesar de tudo, vai ter sim sua parcela de lembranças e conquistas agradáveis e que deixam esse ano mais colorido, que me tornaram uma pessoa melhor e de certa forma mais de bem com a vida. Às vezes tudo o que a gente precisa é se distanciar, respirar, deixar as coisas relaxaram, e depois se aproximar daquilo que nos torna melhores e mais humanos, coisas muito simples, mas de uma grandeza inestimável. Todos os sacrifícios, dificuldades e testes foram me ensinando a me reerguer depois da queda, a encontrar vitórias no meio de derrotas, luz na escuridão, e a sempre confiar e acreditar no poder do amor como uma força restauradora. Eu sempre acreditei nisso, mas foi nesse ano que eu me agarrei a essas virtudes pra sobreviver a turbulência, acreditando e valorizando o amor.

Logo no começo do ano, eu passei por uma mudança na minha vida escolar quando fui aceito numa instituição, e durante o ano todo tive a experiência de frequentar duas escolas, uma de manhã e a outra à noite, no caso a escola onde eu já estudava. A rotina, claro, trouxe transformações, a convivência com pessoas próximas foi preservada, novas amizades, conhecimentos e experiências foram proporcionados, bem como eu me senti mais sobrecarregado em certas ocasiões, com todas as novas responsabilidades que me ensinaram a ser mais dedicado.

Na segunda metade do ano, e ligeiramente depois do período das férias, eu me expus à mudanças mais radicais, me empenhei em melhorar a minha personalidade e o lado emocional e visual. Na vida amorosa, não há muito o que adicionar que não remeta ao ano passado. O coração ainda tá aqui mesmo depois de ter sido partido tantas vezes, passei por desapontamentos, abalos. Um pouco decepcionado por não ter tido tantas experiências, e por ter passado o ano correndo atrás de quem não se importava comigo da mesma forma. Mas quem não estiver disposto a passar por isso é melhor nem mexer com o amor. O importante foi que eu me senti apaixonado. E, muitas vezes, foi esse o motivo da minha felicidade.

2018 foi um ano de aprendizagens, sacrifícios, teve suas dificuldades e atribulações, e é verídico que certos obstáculos vieram acompanhados de superações, recomeços e novas experiências. De um ponto de vista coletivo, foi um ano difícil mesmo, um ano de batalhas, lutas. Quando a gente é colocado à prova, muita coisa pode acontecer. Eu fico feliz que o ciclo esteja se fechando com muitas coisas já resolvidas e eu me sentindo bem melhor comigo mesmo. Algumas situações ainda estão pendentes, mas 2019 está aí pra gente consertar e fazer melhor, ser melhor. 

Nessa mensagem de despedida e renovação, eu volto a lembrar que o cinema, a literatura e a música sempre estão ao nosso lado, em todas as horas, amigos inseparáveis. O ano de 2018 é provavelmente o que eu menos assisti filme em anos, mas de muitos dos que eu vi, só tenho elogios. Por outro lado, foi o ano mais musical também, em que eu explorei bastante os trabalhos de diversos artistas como nunca havia feito antes. Sobre literatura, li mais no começo do ano do que nos últimos meses, por outro lado não tive decepções.

Sobre o cinema em 2018, novamente, é um ano em que a gente se sente agradecido pelas obras que foram lançadas. Meu primeiro lugar foi um filme que eu esperei bastante pra ver, e quando vi, foi uma experiência extraordinária: Trama Fantasma, o celebrado trabalho de Paul Thomas Anderson (diretor de Magnolia, filme cuja revisão foi pivotal no meu ano cinematográfico), acompanha com luxo magistral a história de amor de um figurinista conturbado (Reynolds) e sua musa redentora (Alma), que vem salvá-lo do seu próprio tormento. O filme, na sua majestosidade, disseca a natureza delirante do amor, com todas as suas doçuras e amarguras.

Foi um ano das mulheres. Muitas diretoras mostraram o que sabem fazer e, como resultado, grandes filmes foram concebidos. Diretoras já conceituadas, como as francesas Agnès Varda (com seu nostálgico e belo Visages Villages) e Claire Denis (dona do poético Deixe a Luz do Sol Entrar), a inglesa Lynne Ramsay (Você Nunca Esteve Realmente Aqui), e as diretoras em ascenção, como Dee Rees (que despertou atenção pela autoria do sensível e dramático Mudbound, um dos meus favoritos) e Greta Gerwig (que, para nossa surpresa e alegria, revelou talentos atrás das câmeras com o celebradíssimo coming-of-age Lady Bird).

Falando em cinema mundial, no francês, esse ano tivemos os ótimos Amante por um Dia, 120 Batimentos por Minuto e Os Fantasmas de Ismael, do cinema sul-coreano as pérolas O Dia Depois, de um dos mais prolíficos diretores contemporâneos, o querido Hong Sang-Soo, e Em Chamas, o filme mais bem-falado do Festival de Cannes 2018. O cinema americano é o mais recorrente, e esse ano encontrou-se em ótima forma graças ao retorno de grandes diretores, com seus novos trabalhos. Wes Anderson trouxe Ilha dos Cachorros, com sua minuciosidade deliciosa; Todd Haynes retornou com um filme mais leve, mas nem por isso menos importante, e com ares de aventura (Sem Fôlego), Spielberg defendeu jornalistas heroicos no seu conto sobre a guerra entre imprensa e governo (The Post), Linklater esculpe o reencontro de três amigos com aquela sensibilidade de mestre em A Melhor Escolha e Gus Van Sant traz seu melhor filme em uma década sobre um cartunista superando seu alcoolismo (A Pé Ele Não Vai Longe). A nova geração de cineastas também aparece, o ator John Krasinski e seu Um Lugar Silencioso; Sean Baker e seu retrato contundente da rotina dos moradores de um conjunto em Projeto Flórida e Andrew Haigh, inglês, filma na América pela primeira vez, com a jornada de amadurecimento de um adolescente num mundo difícil (A Rota Selvagem).

O subestimado Spike Lee voltou com força, e seu Infiltrado na Klan virou um dos filmes mais aplaudidos desse ano, um ataque incisivo ao ódio e ao racismo da "América Branca". Depois de Spike, temos mais expoentes que se voltaram para a exploração do preconceito, como o ácido e enérgico filme sobre tensões raciais Ponto Cego, de um diretor latino estreante chamado Carlos López Estrada, enquanto a Marvel reuniu um elenco de fazer marejar os olhos no grandioso Pantera Negra, o blockbuster do ano. Três Anúncios para um Crime, que é sobre intolerância, faz um ataque à violência no país mais rico do mundo em plena Era Trump.

O amor foi celebrado de forma apaixonada e intensa, como provam os belos Me Chame pelo Seu Nome e Desobediência, ambos tratando do amor homossexual, enquanto A Forma da Água (o vencedor do Oscar de Melhor Filme, do mestre Del Toro) abraça o amor em todas as suas aparições, formatos e possibilidades através da fábula de uma faxineira apaixonada por uma criatura mantida em cativeiro pelo governo americano.

Como eu disse, não foi só o cinema, mas a música também me ajudou bastante nesse ano. Comecei o ano ouvindo mais Stevie Wonder, e em pouco tempo eu já tinha conhecido muitos dos seus trabalhos. Às vezes, quando a gente se sente mais tenso, "Don't You Worry 'Bout a Thing" resolve tudo. Fazendo uma revisada geral, os artistas que eu mais ouvi foram Whitney Houston, Mary J. Blige, Mariah Carey (representantes da música R&B), George Michael, Aretha Franklin, Sting, Toni Braxton, Seal, Dolly Parton, Corinne Bailey Rae, Aimee Mann, Dionne Warwick e Barbra Streisand. 

E os melhores livros que eu li:
(em ordem de preferência)

Capitães da Areia (Jorge Amado)
Razão e Sensibilidade (Jane Austen)
Madame Bovary (Gustave Flaubert)
O Amante de Lady Chatterley (D.H. Lawrence)
O Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger)
Mrs. Dalloway (Virginia Woolf)
A Estrada (Cormac McCarthy)
O Amante (Marguerite Duras)
Lady Susan (Jane Austen)

O encerramento do ano vem com uma aura muito positiva, pois eu deixo 2018 com mais lições do que quando entrei. É gratificante terminar o ano assim, e ainda mais revigorante pra entrar 2019 pronto e disposto a lutar por aquilo que nós acreditamos e viver pelas coisas boas num novo capítulo de renovações e recomeços. Que todos nós possamos ser felizes, celebrar a vida, o amor, a igualdade e a esperança. Eu desejo a todos que 2019 possa ser tudo isso e mais, e que possa compensar 2018 e todas as suas dificuldades e contratempos. 

domingo, 30 de dezembro de 2018

Top 10 — Decepções de 2018


Bem, vamos divulgar as listas de fim de ano. Comecemos com a lista dos lançamentos mais decepcionantes vistos esse ano. O critério é filmes lançados no circuito comercial + streaming em 2018 (essa aqui eu vou permitir). A decisão de mudar o nome da lista (antes a de "piores do ano") tem justificativa: a lista desse ano não veio tão terrível porque nem todos os piores filmes são completos desastres, mas trabalhos com problemas e/ou decepcionantes demais. 

MENÇÃO DESONROSA
(ou: filme que se salva, mas é queda feia)
A Grande Jogada, de Aaron Sorkin

3-10: filmes ok, porém com muitos problemas (e decepções)
1-2: filmes que eu acho realmente ruins, terríveis


10. Baseado em Fatos Reais, de Roman Polanski


9. O Amante Duplo, de François Ozon


8. O Sacrifício do Cervo Sagrado, de Yorgos Lanthimos



7. The Ballad of Buster Scruggs, de Joel & Ethan Coen


6. Happy End, de Michael Haneke



5. Distúrbio, de Steven Soderbergh


4. Sem Amor, de Andrey Zvyagintsev


3. Todo o Dinheiro do Mundo, de Ridley Scott


2. Thoroughbreds, de Cory Finley


1. The Square, de Ruben Östlund