30. A Visita, de M. Night Shyamalan
29. Selma - Uma Luta pela Igualdade, de Ava DuVernay
28. Perdido em Marte, de Ridley Scott
27. Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência, de Roy Andersson
26. Leviatã, de Andrey Zvyagintsev
25. Sniper Americano, de Clint Eastwood
24. Sicario - Terra de Ninguém, de Denis Villeneuve
23. A Colina Escarlate, de Guillermo del Toro
22. Amy, de Asif Kapadia
21. Vício Inerente, de Paul Thomas Anderson
20. 007 Contra Spectre, de Sam Mendes
19. A Travessia, de Robert Zemeckis
18. O Ano Mais Violento, de J.C. Chandor
17. Acima das Nuvens, de Olivier Assayas
16. Mapas para as Estrelas, de David Cronenberg
15. Miss Julie, de Liv Ullmann
14. Homem Irracional, de Woody Allen
13. Whiplash - Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle
12. Dois Lados do Amor, de Ned Benson
11. Expresso do Amanhã, de Joon-Ho Bong
10. Táxi Teerã, de Jafar Panahi
9. Birdman, de Alejandro González Iñárritu
8. The Lobster, de Yorgos Lanthimos
7. Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan
6. O Pequeno Quinquin, de Bruno Dumont
5. Norte, o fim da História, de Lav Diaz
4. Divertida Mente, de Pete Docter
3. Mad Max - Estrada da Fúria, de George Miller
2. Phoenix, de Christian Petzold
1. Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert
MENÇÃO HONROSA
[em ordem de preferência]
- Mia Madre, de Nanni Moretti
- Jauja, de Lisandro Alonso
- A Pele de Vênus, de Roman Polanski
- Força Maior, de Ruben Östlund
- O Sal da Terra, de Wim Wenders, Juliano Ribeiro Salgado
- Pasolini, de Abel Ferrara
- A Espiã que Sabia de Menos, de Paul Feig
- O Conto da Princesa Kaguya, de Isao Takahata
- Casa Grande, de Felipe Barbosa
- Samba, de Oliver Nakache, Éric Toledano
- Ponte de Espiões, de Steven Spielberg
- Foxcatcher, de Bennett Miller
- Dívida de Honra, de Tommy Lee Jones
- Um Santo Vizinho, de Theodore Melfi
- Mistress America, de Noah Baumbach
OS MELHORES DO ANO - TV
Orange is the New Black (3ª Temporada)
Beasts of No Nation (filme)
Veep (4ª Temporada)
Unbreakable Kimmy Schmidt (1ª Temporada)
Olive Kitteridge (minissérie)
Inside Amy Schumer (3ª Temporada)
A Very Murray Christmas (filme)
Ah, 2015. Que ano foi esse? Puxa vida, hein? Um ano complicado, na melhor das definições. E longo. Bem longo. Bem, há pros e há contras sobre isso. Enquanto o ano foi particularmente difícil pra mim, com tantos problemas que eu enfrentei e desafios pessoais emblemáticos, não posso reclamar em nada do cinema em 2015. Afinal, foram doze os filmes que alcançaram a cotação máxima (5 estrelas) aqui no blog este ano, rapaz! Foi um ano recheado por trabalhos empenhados, importantíssimos e sensacionais. O mais irônico é que 2015 foi um ano parcialmente péssimo na quanto à vida pessoal, e ótimo em cinema; 2014 foi um ano bem razoável quanto à minha vida pessoal, mas não foi lá o melhor dos anos em cinema (vi pouquíssimos que entraram em circuito).
2015 foi interiormente e exteriormente, falando do mundo ao redor, um ano bem puxado. Vou te contar. Mas, vale lembrar que nem tudo é desgraça. 2015 foi o ano das mulheres, o ano em que a voz feminina foi a voz que falou mais alto. O feminismo ganhou camadas gigantescas, atingiu o mundo inteiro, e todas as mulheres se uniram contra à violência, ao preconceito e à inferiorização do sexo. Foi, de fato, lindo. Evolução, minha gente. Isso até mesmo no cinema, com diversas personagens femininas ganhando um amplo espaço nas telas. São exemplares Mad Max - Estrada da Fúria, Winter Sleep, Star Wars: O Despertar da Força, Sicario - Terra de Ninguém, entre muitos outros.
O cinema internacional também mostrou suas garras e seu poderio em 2015. Muitas produções estrangeiras talentosas. e que chegaram bem adiantadas (do que geralmente é comum). Mas o primeiro lugar da minha lista ficou com um título da casa. Nem Estrada da Fúria, o filme mais querido de 2015, nem Divertida Mente, que me emocionou demais, nem qualquer outro. Que Horas Ela Volta? ficou no topo. Ninguém superou. É o filme que mais me comoveu em 2015. E sem mais.
Mad Max - Estrada da Fúria chegou com força, e ninguém esperava tanto sucesso, ainda de imediato. Ficou com o merecido 2º lugar, coladinho com Que Horas Ela Volta? no quesito qualidade. Divertida Mente também foi excelente. Um dos melhores trabalhos ever feitos pela Pixar, que consegue ser infantil e adulto ao mesmo tempo, sem deixar de perder o velho tranco dos filmes da produtora. Imperdível.
Juventude nem chegou ainda nos cinemas, mas quando vi foi tão impactante que seria um erro deixá-lo de fora. Gostei muito do novo trabalho do italiano Paolo Sorrentino. O provável filme mais sensível de 2015. Winter Sleep me surpreendeu. Jurava que sofreria com suas monótonas três horas de duração, mas foi a coisa que menos fez diferença. Vi o filme inteiro sem ao menos imaginar em tempo. Venceu a Palma de Ouro ano passado. A escolha da Jane Campion foi inquestionavelmente correta. É brilhante. Foi o melhor filme do ano por algum tempo.
O recentemente visto Norte, o fim da História desembarcou no Brasil, depois de dois anos na espera, já arrebatando o espectador e despertando curiosidade. É um filme devidamente excepcional. Um título de peso. E, assim como Winter Sleep, tem uma duração de peso também. No sexto lugar, antes dele, vem Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), produção que me deixou bastante comovido nesse ano. Importantíssimo. E é bom ver que o Oscar está fazendo justiça, depois de tantas mancadas. É a segunda vez, consecutiva, em que um vencedor é incluído na minha lista final. O mesmo aconteceu há um ano com 12 Anos de Escravidão.
Táxi Teerã é mais uma prova da paixão incomparável do iraniano Jafar Panahi pela área em que exerce, o cinema, arriscando a sua pena e colocando em prática seu clamor pela liberdade. O diretor, preso em 2010 durante um acirrado período de eleições, está até hoje impossibilitado de filmar pela lei do Irã. Quer dizer, impossibilitado ele não está, já tendo no currículo três produções, contando com Táxi Teerã, desde a sua prisão. Aqui, ele, atuando como um taxista, dirige um táxi pelas ruas do Irã e encontra diversas pessoas, que estampam a cultura, a regrada justiça e as imposições da lei no Irã. Esse cara vale ouro! Eu não podia jamais deixar esse trabalho exímio de fora do ranking.
Dois futuristas, distintos, The Lobster e Expresso do Amanhã, vieram coladinhos no fechamento do top 10. São ambas produções maravilhosas. Futurismo está virando um gênero, camaradas. E, dentro deste gênero, é obrigatório destacar essas duas pérolas. Mr. Turner, o novo belíssimo filme do Mike Leigh, foi lançado diretamente em vídeo, e não passou nos cinemas. É belíssimo, e nem seu lançamento restringido o impediu de estrelar a lista. Dois Lados do Amor e Whiplash são dois indies espetaculares e vibrantes, que mostram dois diretores promissores em ótima forma, mesmo que sob recursos limitados. Especialmente Whiplash, espetáculo técnico.
Ainda que eu seja um enorme fã do Woody Allen, Homem Irracional é visivelmente um trabalho primoroso até pra quem não é tão chegado a ele. Muitos dizem que sou exagerado chamando o filme de espetacular, mas é a verdade. Gostei bastante. E quem não é puxa saco do filme também aprecia certos detalhes, mesmo que nem tudo que está no filme. Miss Julie foi pouco comentado, e na grande maioria dessas poucas vezes, foi odiado e maldito. Mas eu adorei. É impecável. A ex-mulher do Bergman mandando ver, num filme que lembra o estilo obscuro e sempre assombrado do bom e velho Ingmar Bergman.
Mapas para as Estrelas e Acima das Nuvens desmascaram com bravura e perspicácia o mundo dos famosos, como nenhum outro filme fez esse ano. Fazem juntos um dueto amável. Suas protagonistas decadentes, a bizarra Havana feita pela Julianne Moore e a perdida Maria Enders da Juliette Binoche, são personagens bem construídas interpretadas por duas atrizes tão cedo lendárias.
O Ano Mais Violento é turbulento, emocionante e íntegro. Um filme chocante em todos os sentidos. A Travessia é um show visual, um filme que fica na nossa memória e só traz coisa boa, como o talentoso Joseph Gordon Levitt, um roteiro excepcional, efeitos especiais desnorteantes, e por aí segue.
Como todo bom seguidor da saga 007, não deixei de conferir Spectre, e amei. É certo que o filme tem lá seus defeitos, e é com certeza aquém a 007 - Operação Skyfall, seu bem-sucedido antecessor, mas carrega aquele clássico charme de James Bond, inconfundível, com tanta segurança que fica difícil não apreciá-lo. E a trama também é porreta.
O confuso Vício Inerente é pura matemática. Não tem aquela coisa de mais com mais é igual a mais, e menos com menos é igual a mais (sinais iguais dão em mais)? Então: Paul Thomas Anderson + Joaquin Phoenix. Só poderia dar em +. Vício Inerente não é nenhum O Mestre, mas fica quase lá. O melhor documentário de 2015, Amy é um filme bastante especial. Gostei demais.
O melhor terror do ano, num ano onde o gênero foi literalmente mal-assombrado, A Colina Escarlate, trabalho do mexicano Guillermo del Toro, é oportunidade rara de ver qualidade técnica e horror de mãos dadas tão perfeitamente bem. Sicario - Terra de Ninguém é thriller de primeira, traz para o páreo o nome do canadense Denis Villeneuve, e ainda tem a Emily Blunt e o Benicio del Toro em performances épicas.
Novo do Clint, Sniper Americano é tiro, porrada e bomba cru e nuamente. Obra indispensável. O cinema russo mostrou-se forte em Leviatã, produção das grandes que chamou bastante a minha atenção nesse ano. Seguindo este, Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência, análise sarcástica e estranha do cotidiano aos olhos do sueco Roy Andersson, um filme rico e curioso, que só tende a crescer com o passar do tempo.
Ridley Scott retornou excepcional em Perdido em Marte. A primeira vez em que eu vejo a comédia tão bem empenhada numa produção cuja temática espacial sempre implica numa abordagem dramática. Belo. Selma é exemplar de cinebiografia mais que bem-feita. Um filme digníssimo. E uma diretora talentosíssima (Ava DuVernay). E, encerrando a lista, outro título impressionante, visionário do terror, e que traz de volta o nome de um gênio que veio sendo minorizado em consequência de títulos ruins na sua filmografia, o M. Night Shyamalan. Estou falando de A Visita, estremecedor.
E, enfim, é isso aí, companheiros. Termina 2015 com a fama de um ano duro, de poucas e boas, com a paz sendo alvo de abalos agravantes, terrorismo de volta na jogada, corrupção em terras nacionais, dólar a mil... E, contrastando com esses problemas, no cinema houve coisa boa de sobra. Que em 2016 o cinema e o mundo sigam um rumo do bem, de paz e amor, felicidade e muita coisa boa.
A todos, um feliz e próspero 2016!