À medida que a gente vai pensando nele, Parasita cresce. O filme que para muitos é o filme do ano veio com tudo, com todas as suas cenas marcantes, com seus personagens, com a riqueza da sua construção cinematográfica e com o seu significado para a nossa sociedade cada vez mais segregada pelas diferenças econômicas e pela desigualdade social. Parasita gira em torno dos sintomas de uma sociedade em ruptura, dividida pelas diferenças latentes que acentuam a luta de classes. Ele vem da Coreia do Sul, mas é universal em muitas camadas, de uma forma que ele tem refletido o momento político não só de um lugar ou de outro, mas profundamente característico do momento que muitas nações atravessam agora, com governos catalisadores das desigualdades e das tensões entre as classes, quando o privilégio e a riqueza ficam concentrados nas mãos de poucos.
Parasita é atual, refletor dos nossos tempos e das suas tensões sociais e políticas mais agudas, mas também é incisivo, ácido, quase corrosivo, seja ao sobrepor humor e drama, ou desenhando situações perto do absurdo, mas que são tão reais. As nuances são decoradas com risadas, estranhamento e sensibilidade. O resultado é uma obra de cinema incomparável e máxima. Parasita coleciona cenas gigantes e tem um dos trabalhos de mise-en-scène dos mais competentes e detalhistas. A cada passo que dá, a cada desenrolar, a impressão é a de que estamos assistindo aquelas duas famílias colidirem, ruírem, enquanto são consumidas pelas diferenças que compartilham. Essa colisão ganha proporções que, segundo o próprio protagonista, parecem ter saído de um sonho bizarro. Algo que fica suspenso entre uma realidade e outra. Parasita fala exatamente dessa lacuna entre os pobres e os ricos. O que está em xeque é a dimensão sistêmica e pandêmica dessa lacuna. O que explica a universalidade de Parasita é a sua precisão. É, sem dúvida alguma, o melhor do cinema sul-coreano em 2019.
Parasita é atual, refletor dos nossos tempos e das suas tensões sociais e políticas mais agudas, mas também é incisivo, ácido, quase corrosivo, seja ao sobrepor humor e drama, ou desenhando situações perto do absurdo, mas que são tão reais. As nuances são decoradas com risadas, estranhamento e sensibilidade. O resultado é uma obra de cinema incomparável e máxima. Parasita coleciona cenas gigantes e tem um dos trabalhos de mise-en-scène dos mais competentes e detalhistas. A cada passo que dá, a cada desenrolar, a impressão é a de que estamos assistindo aquelas duas famílias colidirem, ruírem, enquanto são consumidas pelas diferenças que compartilham. Essa colisão ganha proporções que, segundo o próprio protagonista, parecem ter saído de um sonho bizarro. Algo que fica suspenso entre uma realidade e outra. Parasita fala exatamente dessa lacuna entre os pobres e os ricos. O que está em xeque é a dimensão sistêmica e pandêmica dessa lacuna. O que explica a universalidade de Parasita é a sua precisão. É, sem dúvida alguma, o melhor do cinema sul-coreano em 2019.
Parasita
Gisaengchung
dir. Bong Joon-ho (Coreia do Sul, 2019)
★★★★★