Pelo que eu me lembro, O Fantástico Sr. Raposo foi o primeiro filme do Wes Anderson que vi. Foi uma experiência memorável, faz um tempão já. E, visto o marco que foi, acho que é filme perfeito para se lançar na carreira do Wes. É uma aventura belíssima e harmoniosa, asseguradamente um dos melhores filmes dele e que reflete bem o espírito do seu estilo selvagem e calculado, preenchido pela beleza e a poesia dos detalhes. Uma animação directed by Wes Anderson, é tudo o que você precisa saber sobre O Fantástico Sr. Raposo. O resultado é fabuloso, quão admirável.
Anderson, mais uma vez, assume a liderança de um projeto sensacional, outra pérola dentro da sua carreira consistente. Como ele quase nunca erra a mão (não sei se ele já errou alguma vez, pra ser mais exato), não houve segredo em O Fantástico Sr. Raposo. Ele altera o formato (animação) e estampa certas novidades, mas pra quem o conhece nem tudo é inovação. Num bom sentido. Quero dizer, tem gente que não gosta, mas, desculpem-me os haters de Wes Anderson, eu amo o minimalismo do Wes (é praticamente a marca registrada dele). Em O Fantástico Sr. Raposo, ele exercita tão bem esse complexo que é pouco dizer que trata-se de talento. Um dos principais diretores do cinema independente americano conseguiu provar que a criatividade vale mais do que o orçamento em seu filme.
As crianças talvez não terão a mesma facilidade que a de um adulto, ou até mesmo a do espectador adolescente, para compreender a história e a estética de O Fantástico Sr. Raposo. E não é nem pela questão da abordagem de certas temáticas dentro da trama, que é existente, mas numa escala menor e desqualificável falando de compatibilidade com as exigências do público infantil. O que eu quero dizer é que Wes fez este filme não pensando necessariamente em adequá-lo à estrutura classicamente infantil que o gênero em questão comunalmente inspira. Mas é completamente compreensível se a criança não sacar o senso do desenho, por exemplo. Os crescidos saberão saborear mais o longa.
Sim, O Fantástico Sr. Raposo é um filme feel-good. Afinal, qual filme do Wes não é? O cara vive enfurnado em traminhas de aventura charmosa e antiquada de visual esplendorosamente sublime a ponto desses trabalhos serem automaticamente sustentados por esse instinto aventureiro, e certamente não seria em O Fantástico Sr. Raposo que ele viria a interromper essa sequência (só pra não esquecer, os dois trabalhos anteriores a O Fantástico Sr. Raposo são A Vida Marinha com Steve Zissou e Viagem a Darjeeling). São esses pequenos detalhes que fazem de Wes Anderson o Wes Anderson, ora essa!
O filme é adaptação do livro homônimo do Roald Dahl (autor infantil, que também escreveu Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate), e a adaptação para animação fica nas mãos de Wes em parceria com seu colega indie Noah Baumbach. Por pouco os dois não foram indicados ao Oscar. Uma pena, logicamente, porque o roteiro de O Fantástico Sr. Raposo é exímio, item indispensável no bom funcionamento da produção em si.
O elenco de dubladores originais preenche um oráculo inteirinho (risos). George Clooney, Meryl Streep, Jason Schwartzman, Bill Murray, Willem Dafoe, Owen Wilson, Wally Wolodarsky, Eric Anderson, Michael Gambon, Jarvis Cocker, o próprio Wes Anderson, Hugo Guiness (co-roteirista do recente O Grande Hotel Budapeste), Brian Cox, Adrien Brody, Roman Coppola (filho do mestre do sobrenome), Garth Jennings entre outros. Uma curiosidade rápida: quem dubla o sr. a sra. Fox em francês é o Mathieu Amalric e a Isabelle Huppert (ah, a minha adorada Isabelle Huppert!), respectivamente.
A beleza inesperada em O Fantástico Sr. Raposo, que pode ser percebida tanto através do T.O.C. de Wes Anderson quanto pela emoção que nos é transmitida ao decorrer das uma hora e meia de filme, é fulminante, de deixar qualquer um vislumbrado. É mais um dos filmes em que Wes, além do ótimo diretor/roteirista que é, se mostra cuidadoso com a aparência de seus trabalhos, não só no interior mas também no exterior.
O Fantástico Sr. Raposo é, ao mesmo tempo, uma fábula divertida e uma aventura elegante. Não chega a ser maior que O Grande Hotel Budapeste mas se iguala ao igualmente temperado e leve Moonrise Kingdom. A já costumeira delicada doçura do Wes Anderson marca presença e acerta em cheio na missão "nos deliciar". Não há decepção. O Fantástico Sr. Raposo é cheio de ternura e simplicidade. Apesar da inegavelmente maravilhosa história, o que novamente volta a cativar e energizar o espectador tratando-se de um trabalho do Wes é a magistral e sem sombra de dúvidas prazerosíssima magia técnica, criativa e perspicaz ao extremo. É, enfim, pura poesia.
O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox)
dir. Wes Anderson - ★★★★
Anderson, mais uma vez, assume a liderança de um projeto sensacional, outra pérola dentro da sua carreira consistente. Como ele quase nunca erra a mão (não sei se ele já errou alguma vez, pra ser mais exato), não houve segredo em O Fantástico Sr. Raposo. Ele altera o formato (animação) e estampa certas novidades, mas pra quem o conhece nem tudo é inovação. Num bom sentido. Quero dizer, tem gente que não gosta, mas, desculpem-me os haters de Wes Anderson, eu amo o minimalismo do Wes (é praticamente a marca registrada dele). Em O Fantástico Sr. Raposo, ele exercita tão bem esse complexo que é pouco dizer que trata-se de talento. Um dos principais diretores do cinema independente americano conseguiu provar que a criatividade vale mais do que o orçamento em seu filme.
As crianças talvez não terão a mesma facilidade que a de um adulto, ou até mesmo a do espectador adolescente, para compreender a história e a estética de O Fantástico Sr. Raposo. E não é nem pela questão da abordagem de certas temáticas dentro da trama, que é existente, mas numa escala menor e desqualificável falando de compatibilidade com as exigências do público infantil. O que eu quero dizer é que Wes fez este filme não pensando necessariamente em adequá-lo à estrutura classicamente infantil que o gênero em questão comunalmente inspira. Mas é completamente compreensível se a criança não sacar o senso do desenho, por exemplo. Os crescidos saberão saborear mais o longa.
Sim, O Fantástico Sr. Raposo é um filme feel-good. Afinal, qual filme do Wes não é? O cara vive enfurnado em traminhas de aventura charmosa e antiquada de visual esplendorosamente sublime a ponto desses trabalhos serem automaticamente sustentados por esse instinto aventureiro, e certamente não seria em O Fantástico Sr. Raposo que ele viria a interromper essa sequência (só pra não esquecer, os dois trabalhos anteriores a O Fantástico Sr. Raposo são A Vida Marinha com Steve Zissou e Viagem a Darjeeling). São esses pequenos detalhes que fazem de Wes Anderson o Wes Anderson, ora essa!
O filme é adaptação do livro homônimo do Roald Dahl (autor infantil, que também escreveu Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate), e a adaptação para animação fica nas mãos de Wes em parceria com seu colega indie Noah Baumbach. Por pouco os dois não foram indicados ao Oscar. Uma pena, logicamente, porque o roteiro de O Fantástico Sr. Raposo é exímio, item indispensável no bom funcionamento da produção em si.
O elenco de dubladores originais preenche um oráculo inteirinho (risos). George Clooney, Meryl Streep, Jason Schwartzman, Bill Murray, Willem Dafoe, Owen Wilson, Wally Wolodarsky, Eric Anderson, Michael Gambon, Jarvis Cocker, o próprio Wes Anderson, Hugo Guiness (co-roteirista do recente O Grande Hotel Budapeste), Brian Cox, Adrien Brody, Roman Coppola (filho do mestre do sobrenome), Garth Jennings entre outros. Uma curiosidade rápida: quem dubla o sr. a sra. Fox em francês é o Mathieu Amalric e a Isabelle Huppert (ah, a minha adorada Isabelle Huppert!), respectivamente.
A beleza inesperada em O Fantástico Sr. Raposo, que pode ser percebida tanto através do T.O.C. de Wes Anderson quanto pela emoção que nos é transmitida ao decorrer das uma hora e meia de filme, é fulminante, de deixar qualquer um vislumbrado. É mais um dos filmes em que Wes, além do ótimo diretor/roteirista que é, se mostra cuidadoso com a aparência de seus trabalhos, não só no interior mas também no exterior.
O Fantástico Sr. Raposo é, ao mesmo tempo, uma fábula divertida e uma aventura elegante. Não chega a ser maior que O Grande Hotel Budapeste mas se iguala ao igualmente temperado e leve Moonrise Kingdom. A já costumeira delicada doçura do Wes Anderson marca presença e acerta em cheio na missão "nos deliciar". Não há decepção. O Fantástico Sr. Raposo é cheio de ternura e simplicidade. Apesar da inegavelmente maravilhosa história, o que novamente volta a cativar e energizar o espectador tratando-se de um trabalho do Wes é a magistral e sem sombra de dúvidas prazerosíssima magia técnica, criativa e perspicaz ao extremo. É, enfim, pura poesia.
O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox)
dir. Wes Anderson - ★★★★