quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Crítica: "LEARNING TO DRIVE" (2014) - ★★★


É bem chato encerrar a temporada de férias. E não é nem por preguiça que digo isso, já que até mesmo dentro desse período nem tenho tanto descanso quanto se pode imaginar, levando em conta minha personalidade agitada e repleta de anseios. Voltar à ativa tem certos benefícios e malefícios. Não é tão complicado se re-acostumar ao cotidiano. O problema tá no tempo. Ele passa rápido e a gente quase não vê. Daqui a exatos cinco meses lá estarei eu celebrando mais um intervalo nas minhas atividades e proclamando a vocês essas mesmas palavras. Uma coisa interessante é que a nossa perspectiva sobre o tempo em si quase nunca costuma brecar ou mudar. Enfim, enquanto todo mundo tá ainda saboreando os indicados ao Oscar desse ano & companhia, eu, já tendo adiantado nessas férias a minha cota de filmes do prêmio, muito embora ainda tenham ficado pra trás muitos outros candidatos importantes, vou tentando esvaziar aos poucos a minha superlotada lista de filmes para ver. 

Isabel Coixet é um caso à parte. A diretora espanhola, possivelmente uma das melhores cineastas mulheres em exercício dos últimos tempos, possui uma filmografia invejável, tendo a mesma já trabalhado ao lado de intérpretes do naipe de Tim Robbins, Rinko Kikuchi, Gabriel Byrne, Penélope Cruz, Miranda Richardson (ok, fui num curta, mas não deixa de ser concorrível), Sarah Polley, Mark Ruffalo, Maria de Medeiros, Alfred Molina, Julie Christie e mais recentemente Juliette Binoche (em Nobody Wants the Night, que nem deu sinal de vida quanto a lançamento internacional, quem dirá em território nacional; parece que o filme só foi lançado na Espanha, estando ele indicado a um bocado de Goyas nesse ano). Embarcam, nessa mesma ida de atores extraordinários que colaboraram com Coixet, os dois protagonistas de Learning to Drive, a ótima Patricia Clarkson e o sempre memorável Ben Kingsley.

Em Learning to Drive, Patricia vive uma crítica literária desolada com o abandono repentino do marido, pouco após a revelação de adultério. As meras coincidências da vida a levam até um motorista hindu, que trabalha como taxista e também dá aulas de direção. Convencida pela filha, que mora no campo, a mulher decide levar à frente aulas de condução com o gentil indiano, Darwan, que parece ser a única pessoa no mundo capaz de aturar as frenesis e o temperamento conturbado de Wendy, que sempre anda distraída e nervosa, sem se concentrar direito, ainda mais quando a mesma adentra as negociações do pedido de divórcio (ela até tenta seduzir o marido numa cena, a fim de encerrar a separação). 

Ainda que Learning to Drive seja um trabalho menor na carreira de Isabel, frágil e liricamente pedante, não deixa de ser gostoso acompanhar o ritmo da trama, e o desenrolar da amizade entre o motorista e a crítica de literatura. Learning to Drive fica apenas dividido entre o gênero romântico e a comédia dramática, o que pode em vezes confundir a cabeça do espectador, ou até de quem é atraído pelo filme na esperança de ver uma comédia romântica, o que pode ser bastante desapontante. A doçura da história, a naturalidade em seu caminhar, o humor discreto e o clima bon vivant podem conquistar quem busca por um filme mais leve e descontraído. De qualquer maneira, não há como detestar Learning to Drive. Pode até ser uma produção pequena, mas tem lá seus momentos. A dupla Kingsley (numa atuação impecável, por via das dúvidas) e Clarkson numa química imperdível. Learning to Drive também não foi lançado (ainda, quem sabe?) no nosso circuito. Chega a ser até vergonhoso pra distribuidora, que poderia ganhar uma nota bancando o longa nos cinemas nacionais (sucesso financeiro o filme muito provavelmente seria).

Learning to Drive
dir. Isabel Coixet - 

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