O primeiro filme do Woody visto em 2016. Esse ano, tentarei quebrar o recorde de vez e ver todos os outros filmes que ainda não vi dele. Só em 2015 foram 14 novos vistos (incluindo o mais recente, Homem Irracional). Ao todo, somam 31 de 46. Faltam apenas 15. Mas, enfim, deixando essa numerologia de lado, vamos analisar Um Misterioso Assassinato em Manhattan. Como já é de costume, é mais um trabalho fenomenal do Woody, garantia de um roteiro competente, uma narrativa gostosa de se acompanhar, sem falar que simplesmente não dá pra dizer não aos sutis charmes da obra.
A câmera trêmula de Um Misterioso Assassinato em Manhattan acompanha um típico casal nova-iorquino dos filmes do Woody, que vive de briguinhas mas que não conseguem ficar separados nem sequer por um minuto. Larry e Carol Lipton se espantam com a notícia da morte espontânea de uma recém-conhecida vizinha, que teve do nada um infarto e veio a falecer. O marido nem dá tanta importância, mas a esposa fica obcecada pelo caso, não se dando por satisfeita com os resultados da investigação policial. Ela própria inicia uma investigação quando passa a dar conta de certas estranhezas no caso, começando pelo marido da falecida, cuja reação à morte da mulher é indiferente demais pra ser altruísta.
Esta é a quinta e última parceria em tela como casal do Woody Allen e da Diane Keaton. O reencontro dos dois é divino, muito embora a Diane Keaton apareça bem mais do que o Woody, que é praticamente um coadjuvante na história, o que não é nem um pouco problema. É muito interessante ver como, mesmo depois de tanto tempo, a química dos dois permaneceu firme e forte, de fato viva.
Keaton faz o papel dessa dona de casa, Carol Lipton, cuja vida desinteressante logo se agita diante do misterioso caso da vizinha, que logo desperta nela interesse. Ela traça uma minuciosa investigação ao lado do amigo próximo Ted (Alan Alda), um escritor ocasional que está ajudando ela a organizar um restaurante, e que logo se apega ao suspense do caso que ela persegue. Lá pro meio do filme, a coadjuvante Anjelica Huston, no pele da escritora Marcia Fox, vem pra roubar a cena, novamente, como em Crimes e Pecados.
O Woody repetiu essa mesma combinação de suspense + comédia mais à frente com Scoop - O Grande Furo e O Escorpião de Jade (tem uma cena em particular, quando a Carol invade o apartamento do homem viúvo, que lembra bastante do filme de 2001), em partes bem-sucedidas, mas não tão quanto Um Misterioso Assassinato em Manhattan, isso lembrando que revi recentemente Scoop, trabalho que não tinha gostado nem um pouco da primeira vez que vi, e confesso que o filme subiu significantemente no meu conceito. Dá até pra citar outros exemplares fora da filmografia do Woody, que tematizam o suspense e a comédia como um só, mas nenhum deles é tão bem construído como os dele, que consegue extirpar até mesmo dos menorezinhos façanhas gigantescas.
Fica apenas atrás de Tiros na Broadway, Desconstruindo Harry, Todos Dizem Eu Te Amo e Simplesmente Alice, mas se sobressai como um dos melhores filmes da fase anos 90 do Woody. O roteiro, pelo menos, é sensacional. É incrível como o trabalho foi ignorado no Oscar, em especial na categoria de Roteiro Original. Allen volta a trabalhar com Marshall Brickman, o co-autor do roteiro de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. O surpreendente é que o filme consegue surpreender por ser recheado de reviravoltas tão facilmente. A gente acaba caindo na brincadeira à la Sherlock Holmes deles, inocentemente. E é tudo muito prazeroso.
O resultado é triunfal. Woody Allen mistura ele mesmo, Hitchcock, Scooby-Doo e Sherlock Holmes e dá no que dá. A brincadeira de investigação do quarteto de personagens formado pelos Lipton, Ted e Marcia Fox agrada e cativa. O desfecho da narrativa é decorado por surpresas e formosidades. A fotografia do Carlo Di Palma proporciona ao público a experiência única de ver um filme do Woody Allen num posicionamento alternativo pouco usado por ele (acho que só dá pra comparar com Desconstruindo Harry). Como o tema musical dos créditos sugere, Woody também encontra espaço para expressar seu amor, mais uma vez, a Nova York, a cidade das mil e uma aventuras, de ritmo constante e incansável, de encontros e desencontros. Não dá pra deixar Um Misterioso Assassinato em Manhattan passar em branco.
Um Misterioso Assassinato em Manhattan (Manhattan Murder Mystery)
dir. Woody Allen - ★★★★
A câmera trêmula de Um Misterioso Assassinato em Manhattan acompanha um típico casal nova-iorquino dos filmes do Woody, que vive de briguinhas mas que não conseguem ficar separados nem sequer por um minuto. Larry e Carol Lipton se espantam com a notícia da morte espontânea de uma recém-conhecida vizinha, que teve do nada um infarto e veio a falecer. O marido nem dá tanta importância, mas a esposa fica obcecada pelo caso, não se dando por satisfeita com os resultados da investigação policial. Ela própria inicia uma investigação quando passa a dar conta de certas estranhezas no caso, começando pelo marido da falecida, cuja reação à morte da mulher é indiferente demais pra ser altruísta.
Esta é a quinta e última parceria em tela como casal do Woody Allen e da Diane Keaton. O reencontro dos dois é divino, muito embora a Diane Keaton apareça bem mais do que o Woody, que é praticamente um coadjuvante na história, o que não é nem um pouco problema. É muito interessante ver como, mesmo depois de tanto tempo, a química dos dois permaneceu firme e forte, de fato viva.
Keaton faz o papel dessa dona de casa, Carol Lipton, cuja vida desinteressante logo se agita diante do misterioso caso da vizinha, que logo desperta nela interesse. Ela traça uma minuciosa investigação ao lado do amigo próximo Ted (Alan Alda), um escritor ocasional que está ajudando ela a organizar um restaurante, e que logo se apega ao suspense do caso que ela persegue. Lá pro meio do filme, a coadjuvante Anjelica Huston, no pele da escritora Marcia Fox, vem pra roubar a cena, novamente, como em Crimes e Pecados.
O Woody repetiu essa mesma combinação de suspense + comédia mais à frente com Scoop - O Grande Furo e O Escorpião de Jade (tem uma cena em particular, quando a Carol invade o apartamento do homem viúvo, que lembra bastante do filme de 2001), em partes bem-sucedidas, mas não tão quanto Um Misterioso Assassinato em Manhattan, isso lembrando que revi recentemente Scoop, trabalho que não tinha gostado nem um pouco da primeira vez que vi, e confesso que o filme subiu significantemente no meu conceito. Dá até pra citar outros exemplares fora da filmografia do Woody, que tematizam o suspense e a comédia como um só, mas nenhum deles é tão bem construído como os dele, que consegue extirpar até mesmo dos menorezinhos façanhas gigantescas.
Fica apenas atrás de Tiros na Broadway, Desconstruindo Harry, Todos Dizem Eu Te Amo e Simplesmente Alice, mas se sobressai como um dos melhores filmes da fase anos 90 do Woody. O roteiro, pelo menos, é sensacional. É incrível como o trabalho foi ignorado no Oscar, em especial na categoria de Roteiro Original. Allen volta a trabalhar com Marshall Brickman, o co-autor do roteiro de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. O surpreendente é que o filme consegue surpreender por ser recheado de reviravoltas tão facilmente. A gente acaba caindo na brincadeira à la Sherlock Holmes deles, inocentemente. E é tudo muito prazeroso.
O resultado é triunfal. Woody Allen mistura ele mesmo, Hitchcock, Scooby-Doo e Sherlock Holmes e dá no que dá. A brincadeira de investigação do quarteto de personagens formado pelos Lipton, Ted e Marcia Fox agrada e cativa. O desfecho da narrativa é decorado por surpresas e formosidades. A fotografia do Carlo Di Palma proporciona ao público a experiência única de ver um filme do Woody Allen num posicionamento alternativo pouco usado por ele (acho que só dá pra comparar com Desconstruindo Harry). Como o tema musical dos créditos sugere, Woody também encontra espaço para expressar seu amor, mais uma vez, a Nova York, a cidade das mil e uma aventuras, de ritmo constante e incansável, de encontros e desencontros. Não dá pra deixar Um Misterioso Assassinato em Manhattan passar em branco.
Um Misterioso Assassinato em Manhattan (Manhattan Murder Mystery)
dir. Woody Allen - ★★★★
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