terça-feira, 31 de janeiro de 2017

ATÉ O ÚLTIMO HOMEM (2016)



O tão aguardado retorno do australiano Mel Gibson às telas como diretor, o que não acontecia desde 2006, quando ele assumiu a direção do controverso Apocalypto, tem seus pontos negativos e positivos. Mel, que sempre foi um cineasta disposto a trabalhar com a ambição estética de seus projetos de maneira excessiva e sempre massiva, ressurge com um filme que muitos prometiam ser o seu retorno triunfal, mas a verdade é que a recepção que este teve não diverge muito de alguns trabalhos anteriores dele, como A Paixão de Cristo e Coração Valente, que dividiram opiniões. E é justamente essa recepção que excepcionalmente define o que Até o Último Homem nos transmite: um sentimento de divisão, de que este se trata de um filme que é tanto bom na sua realização como um todo como também escancara defeitos que comprometem seu valor cinematográfico. 

Por mais bem dirigido que seja, Até o Último Homem é um filme bastante irregular na sua composição. A concepção de sequências de guerra extremamente ambiciosas, bastante impressionantes, apesar de exporem a competência de Mel Gibson na direção e na regência de uma trupe técnica inspirada, acaba por delatar a superficialidade descompromissada de Mel com a contextualização de sua narrativa trôpega e a disposição de elementos cinematográficos com um certo rigor pretensioso. É a pretensão de engrandecer a si mesmo que se confunde com a dimensão de uma história verídica e que amarga o contexto narrativo de uma jornada de batalhas, sangue, explosão e perrengues dos mais eletrizantes.

Até o Último Homem cumpre seu papel enquanto relato de um grupo de homens enfrentando uma batalha tempestuosa no Japão, com foco no personagem de Andrew Garfield, um homem de uma cidadezinha do interior que, intrigado ao ver tantos homens indo lutar pela pátria, decide se unir a eles na guerra, mas não apoia o uso de armas. Dito fraco pelos colegas e brutalmente humilhado, o homem, que se dispõe a ajudar os feridos na batalha com seu conhecimento médico, transforma-se num verdadeiro herói, surpreendendo a quem não via coragem em sua pessoa.

O filme faz ligação com a temática do armamento militar e do porte legal de armamentos nos Estados Unidos, ao retratar de forma altruísta um "herói de guerra que nunca tocou em uma arma", mas o filme o faz não como uma lição de moral, e sim como um relato dos conceitos morais que contornam os ideais de uma guerra e de homens que se desafiam em nome da nação. Se Mel os dignifica, por outro lado torna unilateral essa representação da batalha. 

Há um cuidado imenso com os artifícios visuais, e com a estrutura técnica em si, que já vem do próprio estilo fílmico de Mel Gibson, um cineasta cujos filmes sempre capricham no que diz respeito à técnica. A performance louvável de Andrew Garfield ajuda o público a olhar para o seu personagem, um herói de verdade, com admiração e simpatia. Consagra-se também o ator Vince Vaughn, que andava meio desaparecido dos filmes, e que entrega neste filme a provável melhor atuação de toda a sua carreira, por fim subestimada. Outro destaque é a atriz Teresa Palmer, que interpreta o grande amor de Desmond (Garfield).

Enfim, é basicamente isso. Esse tão celebrado regresso de Mel Gibson à direção pode ser interpretado como uma experiência tecnicamente gratificante, mas que não se distancia muito do que ele faz de bom, que é dirigir. A contação de história aliada ao discernimento técnico produz um resultado satisfatório pra quem gosta do estilo Gibsoniano. Um regresso contemplável, mas que tem suas falhas...

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
dir. Mel Gibson
★★★

sábado, 28 de janeiro de 2017


Em um dia tão triste para a cinefilia, nos deixam duas lendas do cinema, dois dos maiores intérpretes que já existiram: a francesa Emmanuelle Riva (estrela de Hiroshima, Mon AmourA Liberdade é Azul e Amor) e o britânico John Hurt (de O Homem Elefante, Expresso da Meia-Noite e Alien, o 8º Passageiro); Perdas lamentáveis, resplandece o legado de dois ícones maiores da sétima arte. 

R.I.P.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

UM LIMITE ENTRE NÓS (2016)


Para quem não está acostumado com o lado diretor de Denzel Washington, pode ser até surpreendente encontrar o nome do ator no crédito de direção, mas não é a primeira vez que ele se aventura como cineasta. Um Limite Entre Nós é o terceiro filme que Denzel dirige. Os anteriores foram O Grande Debate (indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Dramático em 2008) e Voltando a Viver, ambos sucesso de crítica. Como bom ator que é, Washington dirige atores com excelência. É justamente esse o mérito maior deste filme: o elenco. Adaptação de uma peça aclamadíssima do dramaturgo August Wilson, Um Limite Entre Nós é um filme predominantemente teatral – o texto da peça "Fences" foi praticamente transcrito de sua forma original para o roteiro do filme, é tanto que o próprio August Wilson é creditado como roteirista do drama – e, embora suas intenções sejam claramente positivas, o resultado pode ser um pouco frustrante.

É claro, o elenco está em perfeita sintonia, as performances são preciosíssimas: Denzel Washington, que não atuava tão bem há tempos, se alia a Viola Davis (numa atuação estarrecedora, certamente uma das mais impressionantes que ela já nos presentou) e a dupla unida se transforma no alicerce dramático da trama pulsante de Um Limite Entre Nós. Inclusive os dois já interpretaram a peça juntos anteriormente, e isso explica porque a química flui tão bem entre os dois. A trama gira em torno de Troy Maxson, que trabalha como lixeiro em Pittsburgh, casado com Rose (Davis) e os constantes conflitos com o filho adolescente, Cory Maxson (Jovan Adepo, excelente). Também são destaques os atores Stephen McKinley Henderson (Jim Bono), Russell Hornsby (filho mais velho de Troy) e Mykelti Williamson (irmão de Troy). Engraçado é que o filme se dispõe a focar tão decididamente nesta relação turbulenta entre pai e filho mas visto por completo o retrato se estende superficialmente, e suas motivações não ficam tão claras, visíveis. 

O papel metafórico do filme dentro do cenário coletivo e ao contexto histórico e social dos negros na sociedade americana contrasta às superficialidades de uma narrativa que se dedica a redesenhar personagens de uma maneira tematicamente impressiva, porém acaba deixando de lado o posicionamento da síntese entre esse desenvolvimento dramático e o que o filme está querendo dizer. O emular da construção teatral eclipsa as virtudes cinematográficas que a produção evoca.

Há um cuidado maior com as atuações (e esse tratamento é devidamente excepcional em sua montagem) e a forma com que a história é descrita, mas chega-se a um ponto em que Um Limite Entre Nós deixa de ser cinematográfico, tornando-se produto do teatral sem compromisso com as intenções cinemáticas. A observação por sobre os personagens em si é pungente, mas o foco da trama acaba se desviando e invadindo perspectivas pouco críveis, convincentes, gerando um distanciamento entre as excelentes atuações (que enriquecem o retrato dos personagens, consequentemente) e o andamento da narrativa. As interpretações sozinhas são grandiosas, mas quando sobrepostas à trama soam demasiadamente desconexas. 

Há uma pretensão por parte de Denzel Washington em querer adaptar uma peça com uma vértice tão teatral, que depende tanto dos palcos para funcionar em seu formato mais pleno e causar um certo impacto. A dependência dessa compreensão teatral paira sobre Um Limite Entre Nós, e a realização perde um pouco de sentido com essa extensão. Neste caso, a tentativa de aliar teatro e cinema é falha, mas as intenções – como já foi dito – apontam que Denzel não fez por mal. 

Às vezes, chega a aborrecer certas cenas arrastadas, com diálogos monótonos e cansativos que provavelmente caso encenados no teatro, imagino eu, ganhariam mais potência. Um Limite Entre Nós vale mesmo pelos desempenhos impecáveis de Denzel e Viola, ambos indicados ao Oscar nas categorias de melhor ator e atriz coadjuvante. Lembrando que o filme também recebeu indicações em filme e roteiro adaptado. A balança pesa para o lado de Viola Davis, lembrando que ela já levou o Globo de Ouro pra casa recentemente, e está cotadíssima para receber o Oscar. E, caso ela o faça, será digno. Não acho que o filme seja totalmente merecedor da indicação de melhor filme, mas por um lado, em tempos tão frágeis e conturbados, a temática e a abordagem do longa propiciam e adicionam sentido à essa inclusão. 

Lá no fundo, Um Limite Entre Nós guarda sua importância, no retrato de personagens convivendo em uma época difícil para os negros nos Estados Unidos, em meio ao racismo e a ignorância de uma sociedade fragmentada. A direção de Denzel é estupenda, e a inspiração refletida em cada ator deriva nesta disposição incrível de personagens que é Um Limite Entre Nós.

Um Limite Entre Nós (Fences)
dir. Denzel Washington
★★★

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR (2016)


Bem, finalmente tomei coragem pra comentar sobre Moonlight: Sob a Luz do Luar. E quando digo que tomei coragem é porque trata-se de uma missão bastante delicada escrever sobre um filme tão tocante como este, que pegou muita gente de surpresa, já que no começo ninguém esperava que o filme fosse ser um tremendo sucesso. Este é o segundo longa-metragem do cineasta Barry Jenkins, também diretor do pouco conhecido Medicine for Melancholy. E sobre Moonlight, é um filme admiravelmente bem-feito. Todo reconhecimento é merecido. Não é de se estranhar que o filme tenha faturado inúmeros prêmios, e agora também está concorrendo ao Oscar em oito categorias, incluindo Melhor Filme e Diretor, tendo se tornado um dos principais concorrentes da premiação este ano.

Dividido em três atos, o filme acompanha a jornada de Chiron, um jovem negro, desde a sua infância turbulenta nos subúrbios da Flórida até a idade adulta, e a vivência do rapaz em meio à violência e ao submundo das drogas contrastando com a atmosfera de auto-conhecimento adentro a sexualidade. É um filme bonito, e ao mesmo tempo carregado de uma melancolia desoladora. Aliás, melancolia é uma palavra que define bem o filme Moonlight, que reflete sobre os sentimentos e as relações de uma maneira belíssima. 

Sensibilidade é o que se encontra a todo instante em Moonlight. O elenco está excepcional. Performances dignas, estarrecedoras, que confirmam a competência da direção de Barry Jenkins e os talentos reunidos neste magistral grupo de atores. Naomie Harris, intérprete que está presente em todas as três fases do longa, entrega uma interpretação autêntica, daquelas de impressionar mesmo. Mahershala Ali, cuja performance foi elogiadíssima, está entre os destaques deste drama irretocável. Janelle Monaé, André Holland e os iniciantes Jharrel Jerome, Alex R. Hibbert (Chiron fase "little") e Ashton Sanders (Chiron fase adolescente) também estão excelentes.

Parcialmente, o filme é sustentado pelos desempenhos marcantes de cada um desses atores, que dão o melhor de si para tornar completa a imaginação dos personagens descritos na trama. Moonlight é uma coleção de sequências avassaladoras enfeitadas por uma fotografia desnorteante e demarcadas pela trilha sonora excepcional, que arquiteta uma atmosfera sinfônica incrivelmente sublime e rítmica. Até Caetano Veloso toca em uma determinada cena do filme, aliás.

Há cenas essencialmente importantes no filme, como a cena dos garotos na praia (provavelmente a melhor cena do filme, nas questões de ser tanto belamente fotografada quanto bem dirigida), o diálogo do reencontro de Chiron e Kevin, Juan ensinando Chiron a nadar, entre várias outras. Por ser tanto impressionante na sua abordagem estética repleta de sensibilidade quanto muito bem retratado em sua narrativa versátil, o filme é um dos exemplares mais ricos e dignos do cinema independente norte-americano recente, e merece ser lembrado dessa forma. Jenkins é um nome promissor e integra o naipe dos gigantes. 

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight)
dir. Barry Jenkins
★★★★★

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

MANCHESTER À BEIRA-MAR (2016)


É uma pena que Kenneth Lonergan faça filmes de tempos em tempos, pois eles são tão excelentes. E a prova disso pode ser encontrada em sua filmografia, curta, porém sucessiva, completada por este seu novo trabalho, um exemplar estonteante de controle narrativo e dramático, uma verdadeira obra deste diretor/roteirista tão celebrado. Anteriormente, ele dirigiu o belíssimo Margaret, um drama intenso e marcante, e também Conte Comigo, sua estreia na direção. Estes três títulos conversam entre si por abordar de maneira pungente e honesta o impacto de conflitos e tragédias na vida das pessoas, e é essa abordagem que torna esses trabalhos tão universais. 

A premissa de Lonergan foca em pessoas comuns, gente como a gente, e adentra suas particularidades enquanto também explora o que está acontecendo ao redor dessas pessoas e como se instala uma conexão desproporcional entre a gente e o que nos cerca com uma dimensão devastadora, realçada por um roteiro genial sempre acompanhado da mise-en-scene riquíssima, nunca exagerada, no ponto certo.

Em Manchester à Beira-Mar, Casey Affleck (na melhor performance de sua carreira) vive um zelador de Quincy que, certo dia, recebe a notícia de que seu irmão faleceu. Ele se desloca até a cidade de Manchester, onde residia, para encontrar a família e acertar os pormenores do que vem a seguir. A surpresa do personagem é quando lhe é informado que o irmão desejava que ele cuidasse de seu filho adolescente após sua morte, uma vez que ele já sofria de um mal cardíaco e tinha pouco tempo de vida. Indisposto a executar tal tarefa, o homem duvida calado enquanto segue cuidando do sobrinho, e ao mesmo tempo é atormentado por um passado enegrecido e turvo que surge à tona. 

Lonergan costura personagens humanos, afetivos, o que os faz mais palatáveis frente ao espectador, e ao mesmo tempo lhes provém uma certa complexidade, distinta, que pertence a seu formato em compreensão e construção. O comportamento auto-destrutivo de um homem que não consegue lidar com as perdas e as circunstâncias de um destino fatídico, um jovem no auge da adolescência provocado por seus instintos e atormentado por um evento recente e suas consequências emocionais. Um passado e um futuro. Uma história que aconteceu. E o que poderia ter acontecido. 

O foco é Lee, o personagem de Casey Affleck, um homem cercado de tragédias pessoais e que não consegue se conciliar devido aos traumas e ao sentimento de culpa por um capítulo impossível de deixar pra trás. Através desses sentimentos, evoca-se um clima de aproximação e ao mesmo tempo distanciamento, enquanto os personagens interagem entre si, uns tentando superar e outros tentando esquecer. 

O elenco está excepcional. Lucas Hedges, uma revelação impecável, e Michelle Williams, que há tempos não entregava uma performance tão inspirada e arrasadora, estão fascinantes. Affleck comanda esse elenco com maestria e uma firmeza irrevogável. Ele exerce seu personagen com punhos de ferro, e o encontra dentro de si mesmo, tornando-o um reflexo de suas próprias evocações e imitações, mas com um toque de compreensão e afeto por este, tornando a interpretação verdadeira e impactante. É o personagem compactuando um contraste com as intenções e capacidades do ator, que encarna-o com vida e dedicação. 

A trilha sonora radiante sela momentos emocionantes desta trama dramática sobre amor (e a falta de amor), família, despedida e a humanidade dos nossos sentimentos. Aliás, o filme é um dos favoritos ao Oscar. E é merecedor de prêmios, especialmente o elenco fabuloso e Kenneth Lonergan, o cara genial por trás dessa história belíssima e triste.

Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea)
dir. Kenneth Lonergan
★★★★★

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

LA LA LAND – CANTANDO ESTAÇÕES (2016)


O filme mais comentado da temporada tem mil e um motivos para sê-lo. A magia do velho universo hollywoodiano reencarnada em um musical delicioso e nostálgico repleto de referências marcantes e coreografias desconcertantes. Damien Chazelle, o diretor-revelação de “Whiplash”, retorna às telas com mais um trabalho muito bem executado, em todos os sentidos. 

Trata-se de “La La Land”, a doce ode ao cinema clássico que revisita musicais que marcaram época e fórmulas irretocáveis de um gênero que, outrora tão popular e inovador, raramente traz algo de interessante nos tempos atuais, onde muitos exemplares comparam-se a reciclagens de clichês inflados e copiosos. Não é todo dia que a gente vê um filme que consegue reinventar e ao mesmo tempo se apoiar na nostalgia, e recriar um estilo – sem copiar. Chazelle prova que há homenagem, balanço e autenticidade em “La La Land”, mas também faz questão de incluir neste filme que a cada frame pinta nostalgia algo propriamente particular da filmografia do cineasta: o jazz, que já havia sido retratado em "Whiplash" e o longa de estreia de Chazelle, o pouco conhecido "Guy and Madeline on a Park Bench". E a conexão entre os elementos é intensa e viva, elaborando um contato bastante energético entre cada partícula deste musical. 

O espetáculo de cores, danças, canções melancólicas e que cheiram a amor expõem a influência do lendário diretor francês Jacques Demy neste musical, e é possível denotar a cada sequência um certo frescor que remete à linha de Demy e seu cinema encantador e cheio de vida que deu à luz alguns dos maiores musicais de todos os tempos, vá lá: os suntuosos “Os Guarda-Chuvas do Amor” e “Duas Garotas Românticas”. 

A atuação comovente de Emma Stone na pele de uma atriz aspirante que nunca consegue um papel é bastante lírica, e muitas das cenas protagonizadas por ela são pungentes e enfeitadas com graça. Risonha que só ela, Emma consegue compor uma personagem crível e imensurável, que esconde por trás da simpatia a angústia dos fracassos (algo que durante a segunda metade do filme fica mais visível, quando a resolução dramática se aproxima), e ela encontra no cinema uma razão para continuar perseguindo seus sonhos e a seguir vivendo, como muitos de nós do outro lado da tela.  Assim como essa sonhadora, a gente se identifica com o cinema, com personagens que sonham e que nunca desistem, mesmo quando não é fácil.

O par romântico de Emma, Ryan Gosling (na melhor performance de sua carreira desde “A Garota Ideal”) interpreta um pianista que tem o sonho de abrir um clube, mas que não consegue concretizar suas ideias. Ao entrar em uma banda, ele faz sucesso, mesmo que não seja o que ele queira da vida, e isso desaponta um pouco a namorada, e involumentariamente gera-se uma certa distância. [alerta de spoiler] O final é essencialmente triste. O contraste entre os sonhos realizados e a realidade em si de um sonho de amor acabado encontra uma contraposição melancólica e emocionante nos minutos finais de “La La Land”, quando vemos dois personagens que tanto lutaram para agarrar seus sonhos, e deixaram um amor ir embora, ainda que este ressurja amargamente na troca de olhares triunfal entre Mia e Sebastian, o casal dos sonhos, na eterna cidade dos sonhos. 

Muita gente reclama de que o filme traz uma perspectiva mais limpa e decente da cidade de Los Angeles, lugar em que todos os sonhos são depositados e que tudo parece ser tão mágico e perfeito, o lar do cinema americano. Provavelmente, mas não necessariamente, há um retrato desonesto, digamos, de L.A., mas um retrato musicalizado de uma cidade imaginada como o “paraíso cinematográfico”. É a forma como os personagens desta trama a veem. Talvez seja um pouco inconvencional, mas faz referência à imaginação dos musicais passados, e essa ligação é totalmente crível e favorável ao que o filme defende, e sua relação com as referências que expõe torna essa abordagem bastante sólida além das intenções da história em falar desse amor em particular e como ele é afetado pelos sonhos, seja de forma positiva ou negativa.

“La La Land” é sobre cinema, sonho, amor e música – e a relação entre os quatro – e também mais intimamente sobre a força do cinema e da arte sobre o ser humano, e como nosso imaginário busca nos filmes, nas músicas e nos amores (porque amor também é uma arte) a ambição, os sonhos, a vida. Cada cena é recheada de paixão e ritmo. Chazelle restaura o charme dos musicais clássicos e o enquadra em seu filme tão atual, mas também tão nostálgico, tão ligado ao passado de tantas maneiras, seja na história da jovem mocinha sonhadora que quer aparecer nos filmes, retratada em diversos filmes de várias formas desde o cinema mudo, até a mise-en-scene calculada e vibrante de Damien Chazelle, que se preocupa em mesclar o moderno ao antiquado da maneira mais eclética possível – e ele, à seu modo, o faz –.

Delicioso é ver um filme e poder sonhar – seja com o amor do casal protagonista ou com a concretização dos nossos desejos – e encontrar uma pérola com corpo de 2016 e alma da década de 50. “La La Land” é primoroso, cheio de glamour, rico em suas propostas, bonito na fotografia inspirada de Linus Sandgren, divertido nas letras e músicas de Justin Hurwitz e maravilhoso como um todo. Simplesmente maravilhoso!

La La Land – Cantando Estações (La La Land)
dir. Damien Chazelle
★★★★

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SOB A AREIA (2000)


Quando Charlotte Rampling está em cena, algo magnífico acontece. Ela toma o controle da tela e seu público é manipulado de maneira triunfal e abismadora. Em “Sob a Areia”, a atriz nos entrega uma de suas performances mais minimalistas e bem-feitas, daquelas de dar gosto mesmo, o que principalmente torna tão especial este suspense do cineasta francês François Ozon, que três anos depois viria a dirigir a lendária intérprete inglesa novamente em outro thriller arrasador, o brilhante “Swimming Pool – À Beira da Piscina”, que guarda muitas semelhanças com este trabalho aqui, não apenas pela construção detalhada, mas pela abordagem simbólica e a forte influência hitchcockiana, que paira sobre estes dois filmes tão desconcertantes, misteriosos e BONS!

O sumiço do marido de uma mulher de meia-idade é o estopim da trama de “Sob a Areia”, que persegue a personagem de Rampling e suas angústias enquanto traça um mistério que a cada cena fica mais indecifrável. Cenas do cotidiano se misturam a sequências que carregam um gostinho surreal, que estão ali para emular um suspense sinistro. Durante a primeira metade, a câmera vagueia entre planos abertos e curiosamente amplos para, aos poucos, se limitar à takes mais intimistas e fechados enquanto acompanhamos a trajetória de Marie Drillon após o desaparecimento de seu companheiro e sua negação à realidade que a confronta. Irresoluta, ela resiste aos impulsos desta para viver a situação à seu próprio modo. O fim de um casamento e as consequências de uma ilusão que nunca aconteceu, um matrimônio consumido pela mesmice. 

Claramente, a intenção do diretor (também roteirista) François Ozon é fazer com que o espectador compreenda essa personagem tão complexa e as suas atitudes, bem como o que a leva a criar uma perspectiva tão distante frente aos eventos que abarcam em sua vida amorosa e sua relação com pessoas próximas. O desaparecimento pode ser interpretado como uma metáfora da descrença de um casamento feliz, o momento em que a personagem se dá conta da farsa impassível que se submeteu, e sua imagem da relação perfeita se desfaz, num completo e súbito “desaparecimento” do amor improvável e todas as suas condições.

Como bom realizador que é, Ozon não desaponta na direção e não deixa nenhum detalhe escapar. A complexidade que envolve este filme torna eficaz a mise-en-scene e enriquece os méritos fílmicos do cineasta por trás desse projeto. Por outro lado, é possível denotar que “Sob a Areia” depende bastante de sua narrativa. Mais interessante é perceber como a mise-en-scene realça os traços narrativos do filme e seu semblante metafórico.

Deixando as comparações de lado, Ozon sabe trabalhar muito bem elementos determinantes em um thriller, como a tensão e o clímax. Por trás dessa façanha, revela-se um dom do diretor para com o gênero suspense que poucos dominam. Charlotte Rampling esculpe uma atuação magistral, provavelmente uma das melhores dela, que atua como ninguém, e sabe dominar seus papéis (algo que é extremamente importante para a sua personagem neste suspense). Certamente está no time das gigantes. 

Sob a Areia (Sous le sable)
dir. François Ozon
★★★★

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

SINDICATO DOS PRODUTORES – PGA 2017 – OS INDICADOS



A Chegada
Deadpool
Cercas
Até o Último Homem
A Qualquer Custo
Estrelas Além do Tempo
La La Land
Lion
Manchester à Beira-Mar
Moonlight

IMPRESSÕES

– A surpresa da vez foi Deadpool, o filme que poderá levar a Marvel ao Oscar esse ano. O filme já foi indicado ao prêmio do sindicato dos roteiristas (baita importante) e agora também conquista mais uma menção nessa lista de ouro que é um indicador infalível dos indicados ao Oscar em Melhor Filme.

– Algumas escolhas são bastante óbvias. Vá lá: La La Land, Manchester à Beira-Mar, Moonlight, Lion, A Qualquer Custo... Mas outros filmes que ainda continuavam bastante incertos nessa corrida, como A Chegada e Estrelas Além do Tempo, ganham potência com suas indicações.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

GLOBO DE OURO 2017 (74th Golden Globe Awards)


É, meus amigos. Esta foi, com certeza, a mais emocionante das edições do Globo de Ouro em muito tempo. Acho que nunca fiquei tão emocionado antes assistindo à cerimônia, que costuma trazer surpresas e vitórias extraordinárias. Esse ano, não foi diferente. Mas os acertos da premiação este ano falam mais alto. E é por isso que ela deve ser lembrada como uma festa simplesmente fantástica.

O melhor momento da noite, dentre os vários memoráveis momentos que esta cerimônia nos concebeu, foi a vitória da eterna rainha do cinema francês, a atriz Isabelle Huppert, pelo drama Elle em Melhor Atriz, contrariando as expectativas de especialistas que já temiam que Natalie Portman ou Amy Adams iriam levar o prêmio. A vitória de Huppert, que está simplesmente excepcional, em uma das atuações mais pungentes e inesquecíveis de sua carreira, foi o maior acerto desta edição mais que lendária, e com certeza garante a indicação da atriz ao Oscar e provavelmente sua primeira estatueta, ainda que tenhamos um longo caminho pela frente. Ela estava graciosamente emocionada quando recebeu o prêmio. O filme Elle também conquistou Melhor Filme Estrangeiro, entregue ao cineasta holandês Paul Verhoeven. Infelizmente, o filme não conseguiu ficar entre os nove pré-indicados no Oscar, mas Isabelle Huppert já garantiu sua indicação. Uma vitória para lá de emocionante e que promete ecoar por muito tempo em nossas memórias. Huppert ganhou, e ela merece. A justiça está sendo feita. 

La La Land ganhou em todas as sete categorias às quais foi indicado, um recorde máximo do Globo de Ouro, inclusive Melhor Filme – Comédia ou Musical. O filme foi realmente um estrondo, e é com certeza um favorito desta awards season. Não à toa muitos andam dizendo que o filme irá fazer bonito no Oscar em fevereiro. E, francamente, eu não duvido nada disso. Todos amaram La La Land, e o filme tem tudo para varrer os prêmios. 

O drama Moonlight, unanimidade entre os críticos, levou o prêmio de Melhor Filme – Drama, entregue no finzinho da edição. As chances deste filme também são altíssimas, e ele pode muito bem surpreender no Oscar. Enquanto isso, Manchester à Beira-Mar, que andava sendo bastante cotado, levou apenas um prêmio pra casa, o de Melhor Ator, para Casey Affleck, que é o favorito ao Oscar. Polêmicas relacionadas a acusações de assédio sexual envolvendo o ator comprometem a sua indicação, apesar de muita gente já crer que não há como ele ser esnobado, mesmo diante de tais possibilidades.

A lendária Meryl Streep, a melhor atriz do cinema norte-americano, ganhou merecidamente o prêmio Cecil B. DeMille, o Globo de Ouro honorário, o que acabou por gerar um dos momentos mais emocionantes e desconcertantes da noite. O discurso poderosíssimo da atriz esbanjou classe e notoriedade. Não tem como negar que essa mulher é incrível, em todos os sentidos. Ela foi introduzida por Viola Davis, sua colega de cena no filme Dúvida, e que também ganhou nesta mesma noite o merecido prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante pelo drama Cercas, em que ela está brilhante – o primeiro prêmio dela, aliás –.

A grande surpresa da noite foi a vitória do ator Aaron Taylor-Johnson, então indicado inesperadamente por Animais Noturnos, na frente de outras grandes e cotadas performances, como Mahershala Ali (o favorito), Jeff Bridges e Simon Helberg. Muitos até alegam que a vitória foi comprada. E eu não os culpo. Isso cheira mesmo a vitória comprada, ainda que Johnson esteja excelente. 

Zootopia ganhou muito justamente o prêmio de Melhor Animação, para nossa alegria. O musical La La Land levou outros diversos prêmios esta noite, incluindo Trilha Sonora, Canção, Ator e Atriz em Comédia/Musical, Roteiro e Direção (estes dois últimos entregues a Damien Chazelle). 

Nas categorias de TV, foram destaques a série britânica The Crown e a minissérie The Night Manager (recordista de vitória entre os prêmios televisivos, com três ganhos). The People V. OJ Simpson também ganhou dois prêmios. Vi pouca coisa dos indicados, e preciso urgentemente conferir alguns dos premiados. 

O apresentador Jimmy Fallon conseguiu até que dar uma introdução bacana, mas que não passa disso. Achei que ele seria mais engraçado. E não que não tenha sido, mas é que foi de uma maneira mais contida – e rápida – o que acabou decepcionando um pouco. Provavelmente o momento mais engraçado da noite foi o Steve Carell e a Kristen Wiig apresentando Melhor Animação e falando sobre a primeira experiência deles em um cinema. A plateia riu bastante. Imaginei por um segundo como seria se eles fossem apresentadores do prêmio um dia. Seria muito legal. 

Enfim, a emoção é tanta que chega a bater o coração. Essa noite teve Huppert vencendo (a melhor coisa que aconteceu em 2017 até agora), musical moderno levando todos os prêmios pra casa e momentos de pura relevância (um discurso arrasador da deusa Meryl Streep) e também de graça e descontração. O certo é que eu amei o Globo de Ouro deste ano. Estou na torcida para que a Isabelle Huppert não só seja indicada mas também ganhe o Oscar. Ele merece esse prêmio desde que nasceu. É uma verdadeira musa da sétima arte. 

OS VENCEDORES

MELHOR FILME – DRAMA
Moonlight

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
La La Land

MELHOR DIRETOR
Damien Chazelle – La La Land

MELHOR ATOR – DRAMA
Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar

MELHOR ATRIZ – DRAMA
Isabelle Huppert – Elle

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Ryan Gosling – La La Land

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Emma Stone – La La Land

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Aaron Taylor-Johnson – Animais Noturnos

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Viola Davis – Fences

MELHOR ROTEIRO
La La Land – Damien Chazelle

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Elle – França
dir. Paul Verhoeven

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Zootopia

MELHOR TRILHA SONORA
La La Land – Justin Hurwitz

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
City of Stars – La La Land

PRÊMIOS DE TV

MELHOR SÉRIE – DRAMA
The Crown

MELHOR SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Atlanta

MELHOR SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
The People V. OJ Simpson – American Crime Story

MELHOR ATOR EM SÉRIE – DRAMA
Billy Bob Thornton – Goliath

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE – DRAMA
Claire Foy – The Crown

MELHOR ATOR EM SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Donald Glover – Atlanta

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Tracee Ellis Ross – Black-ish

MELHOR ATOR – SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Tom Hiddleston – The Night Manager

MELHOR ATRIZ – SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
Sarah Paulson – The People V. OJ Simpson – American Crime Story

MELHOR ATOR COADJUVANTE – SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Hugh Laurie – The Night Manager

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Olivia Colman – The Night Manager

domingo, 8 de janeiro de 2017

APOSTAS AO GLOBO DE OURO 2017


MELHOR FILME – DRAMA

quem vai ganhar Manchester à Beira-Mar
quem pode ganhar Moonlight
quem deveria ganhar Moonlight

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL

quem vai ganhar La La Land
quem pode ganhar Deadpool
quem deveria ganhar La La Land

MELHOR ATOR – DRAMA

quem vai ganhar Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar
quem pode ganhar Denzel Washington – Fences
quem deveria ganhar Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar

MELHOR ATRIZ – DRAMA

quem vai ganhar Isabelle Huppert – Elle
quem pode ganhar Natalie Portman – Jackie / Amy Adams – A Chegada
quem deveria ganhar Isabelle Huppert – Elle

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL

quem vai ganhar Ryan Gosling – La La Land
quem pode ganhar Hugh Grant – Florence Foster Jenkins
quem deveria ganhar Hugh Grant – Florence Foster Jenkins

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL

quem vai ganhar Emma Stone – La La Land
quem pode ganhar Meryl Streep – Florence Foster Jenkins
quem deveria ganhar Meryl Streep – Florence Foster Jenkins

MELHOR ATOR COADJUVANTE

quem vai ganhar Mahershala Ali – Moonlight
quem pode ganhar Jeff Bridges – A Qualquer Custo
quem deveria ganhar Mahershala Ali – Moonlight

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

quem vai ganhar Viola Davis – Fences
quem pode ganhar Michelle Williams – Manchester à Beira-Mar
quem deveria ganhar Viola Davis – Fences

MELHOR DIRETOR

quem vai ganhar Damien Chazelle – La La Land
quem pode ganhar Barry Jenkins – Moonlight
quem deveria ganhar Kenneth Lonergan – Manchester à Beira-Mar

MELHOR ROTEIRO

quem vai ganhar Manchester à Beira-Mar
quem pode ganhar La La Land
quem deveria ganhar Manchester à Beira-Mar

MELHOR TRILHA SONORA

quem vai ganhar La La Land
quem pode ganhar A Chegada
quem deveria ganhar La La Land

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

quem vai ganhar CITY OF STARS – La La Land
quem pode ganhar HOW FAR I'LL GO – Moana
quem deveria ganhar CITY OF STARS – La La Land

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

quem vai ganhar Zootopia
quem pode ganhar Kubo e as Cordas Mágicas
quem deveria ganhar Zootopia

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

quem vai ganhar Toni Erdmann
quem pode ganhar Elle
quem deveria ganhar Elle

LUMIÈRE DE OURO 2016


Bem, chegou o dia. Aqui estão eles, os melhores do ano, os mais irreverentes, os mais excepcionais de 2016. Foram eles que se esforçaram, deram o seu melhor, e se destacaram num dos anos cinematográficos mais badalados e recheados de obras dos últimos anos. Sem mais, aqui estão, os MELHORES DE 2016, nesta 3ª edição do Prêmio Anual do blog, o Lumière de Ouro.

MELHOR FILME


Carol

MELHOR DIRETOR


Paul Verhoeven – Elle

MELHOR ATRIZ


Isabelle Huppert
–––
Elle
O Que Está Por Vir

menção honrosa:
Sonia Braga – Aquarius

MELHOR ATOR


Jung Jae-Young
–––
Certo Agora, Errado Antes

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
EMPATE!


Jennifer Jason Leigh
–––
Os Oito Odiados

&

Tassadit Mandi
–––
Fique Comigo

MELHOR ATOR COADJUVANTE


John Goodman
–––
Rua Cloverfield, 10

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL


Certo Agora, Errado Antes
–––
escrito por Hong Sang-Soo

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO


Elle
–––
escrito por David Birke
adaptação do livro Oh..., de Phillipe Djian

MELHOR CENA


A VISITA DOS CIGANOS
em O Cavalo de Turim

menção honrosa:
NOITE FELIZ – Spotlight

MELHOR FILME – ANIMAÇÃO


Anomalisa

MELHOR CANÇÃO


"L'occasion"
canção original do filme O Ignorante

MELHOR TRILHA SONORA
EMPATE!


Os Oito Odiados – Ennio Morricone
Carol – Carter Burwell

MELHOR FOTOGRAFIA


Carol Ed Lachman

MELHOR EDIÇÃO


Aquarius Eduardo Serrano

MELHOR FIGURINO


A Assassina Wen-Ying Huang

menção honrosa:
Carol – Sandy Powell

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO


Carol Judy Becker

MELHOR ELENCO


Sieranevada

MELHOR SOM


O Cavalo de Turim

MELHOR MAQUIAGEM


Demônio de Neon

MELHORES EFEITOS VISUAIS


Doutor Estranho

MELHOR FILME – OFF CIRCUITO
NOVA CATEGORIA!


Docinho da América (a.k.a. American Honey)
LANÇADO DIRETAMENTE EM V.O.D.

menção honrosa:
Graduação (a.k.a. Bacalaureat)

MELHOR DIRETOR ESTREANTE
NOVA CATEGORIA!


Robert Eggers – A Bruxa

MELHOR FILME RUIM
NOVA CATEGORIA!


Casamento Grego 2
– O retorno da família Portokalos foi um dos eventos mais esperados de 2016. Há quem ache que o filme em si é uma completa baboseira, mas os fãs provavelmente se contentaram em rever todo o elenco original de Casamento Grego nessa sequência bem-humorada e pra lá de descontraída, que reinventa o charme e a compostura do primeiro em um cativante revival –

MELHOR FILME – TERROR
NOVA CATEGORIA!


A Bruxa
– Imagens que causam calafrios, sequências atordoantes que preenchem A Bruxa, o melhor filme de terror do ano. A performance estrondosa de Anya Taylor-Joy, uma das revelações primordiais de 2016, a direção mais que massiva e imensurável de Robert Eggers, entre outros transforam este longa numa verdadeira obra de arte. Um filme que prova a força daquilo que é visível e do impacto causado pelas ações daquilo que não pode ser visto. Uma obra do gênero. Inesquecível –

TOTAL DE PRÊMIOS

4 PRÊMIOS
Carol

3 PRÊMIOS
Elle

2 PRÊMIOS
Certo Agora, Errado Antes
O Cavalo de Turim
A Bruxa

1 PRÊMIO
Rua Cloverfield, 10 
Casamento Grego 2
Fique Comigo
Os Oito Odiados
Demônio de Neon
Docinho da América
Doutor Estranho
Sieranevada
A Assassina
Aquarius
Anomalisa
O Ignorante

MENÇÃO DE OURO
Os prêmios especiais

ESTRELINHA DE OURO
Isabelle Huppert
A personalidade cinematográfica mais influente do ano

FILME NACIONAL DO ANO
Aquarius
Orgulho nacional

PERSONAGEM DO ANO
Michèle Leblanc – Elle
Aquela personagem que a gente não consegue resistir de tão bem-feita

DOCUMENTÁRIO DO ANO
Visita ou Memórias e Confissões

MELHOR COMÉDIA
Certo Agora, Errado Antes
Rir não tem preço

MELHOR HISTÓRIA DE AMOR
Carol
No escurinho do cinema...

MELHOR ÉPICO
A Assassina
Outros tempos

CURTA-METRAGEM DO ANO
A Moça que Dançou com o Diabo
Pequeno grande filme

SURPRESA DO ANO
Invasão Zumbi
2º lugar: Tangerine
Aquele filme que a gente não esperava nada, mas foi um estouro de bom

O ESQUECIDO DO ANO
Do Que Vem Antes
Aquele filmaço que passou em branco nos cinemas e quase ninguém falou dele

O MIMADINHO DO ANO
Capitão Fantástico
Aquele filme que não é tão bom como todos falam

ARREBENTOU A BOCA DO BALÃO
Elle
Chegou chegando

PRÊMIO SEM VERGONHA NA CARA
Especialista em Crise
Esse não toma jeito mesmo

A DECEPÇÃO DO ANO
(carinhosamente apelidado de FILME MAIS BROXANTE DE 2016)
Joy – O Nome do Sucesso
2º lugar: Caça-Fantasmas
Aquele filme que você jurava ser bom, mas contrariou as expectativas

ATUAÇÃO MAIS SUBESTIMADA DO ANO
Cate Blanchett em Conspiração e Poder
Aquela atuação fantástica que deveria ser lembrada

FILME QUE MAIS DIVIDIU
O Regresso
2º lugar: Caça-Fantasmas
Todo mundo odiou e amou

QUERO O DINHEIRO DO INGRESSO DE VOLTA
Um Homem Entre Gigantes
O filme mais desprezível do ano

GUILTY PLEASURE DO ANO
Café Society

MELHOR SEQUÊNCIA
Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!
ex-aequo: Creed – Nascido para Lutar
 Mais uma rodada, por favor

PIOR SEQUÊNCIA
X-Men: Apocalipse
ex-aequo: Alice Através do Espelho
Depois dessa...

PRÊMIO IMITAÇÃO BARATA
Cinquenta Tons de Preto
O remake que não deu certo