O tão aguardado retorno do australiano Mel Gibson às telas como diretor, o que não acontecia desde 2006, quando ele assumiu a direção do controverso Apocalypto, tem seus pontos negativos e positivos. Mel, que sempre foi um cineasta disposto a trabalhar com a ambição estética de seus projetos de maneira excessiva e sempre massiva, ressurge com um filme que muitos prometiam ser o seu retorno triunfal, mas a verdade é que a recepção que este teve não diverge muito de alguns trabalhos anteriores dele, como A Paixão de Cristo e Coração Valente, que dividiram opiniões. E é justamente essa recepção que excepcionalmente define o que Até o Último Homem nos transmite: um sentimento de divisão, de que este se trata de um filme que é tanto bom na sua realização como um todo como também escancara defeitos que comprometem seu valor cinematográfico.
Por mais bem dirigido que seja, Até o Último Homem é um filme bastante irregular na sua composição. A concepção de sequências de guerra extremamente ambiciosas, bastante impressionantes, apesar de exporem a competência de Mel Gibson na direção e na regência de uma trupe técnica inspirada, acaba por delatar a superficialidade descompromissada de Mel com a contextualização de sua narrativa trôpega e a disposição de elementos cinematográficos com um certo rigor pretensioso. É a pretensão de engrandecer a si mesmo que se confunde com a dimensão de uma história verídica e que amarga o contexto narrativo de uma jornada de batalhas, sangue, explosão e perrengues dos mais eletrizantes.
Até o Último Homem cumpre seu papel enquanto relato de um grupo de homens enfrentando uma batalha tempestuosa no Japão, com foco no personagem de Andrew Garfield, um homem de uma cidadezinha do interior que, intrigado ao ver tantos homens indo lutar pela pátria, decide se unir a eles na guerra, mas não apoia o uso de armas. Dito fraco pelos colegas e brutalmente humilhado, o homem, que se dispõe a ajudar os feridos na batalha com seu conhecimento médico, transforma-se num verdadeiro herói, surpreendendo a quem não via coragem em sua pessoa.
O filme faz ligação com a temática do armamento militar e do porte legal de armamentos nos Estados Unidos, ao retratar de forma altruísta um "herói de guerra que nunca tocou em uma arma", mas o filme o faz não como uma lição de moral, e sim como um relato dos conceitos morais que contornam os ideais de uma guerra e de homens que se desafiam em nome da nação. Se Mel os dignifica, por outro lado torna unilateral essa representação da batalha.
Há um cuidado imenso com os artifícios visuais, e com a estrutura técnica em si, que já vem do próprio estilo fílmico de Mel Gibson, um cineasta cujos filmes sempre capricham no que diz respeito à técnica. A performance louvável de Andrew Garfield ajuda o público a olhar para o seu personagem, um herói de verdade, com admiração e simpatia. Consagra-se também o ator Vince Vaughn, que andava meio desaparecido dos filmes, e que entrega neste filme a provável melhor atuação de toda a sua carreira, por fim subestimada. Outro destaque é a atriz Teresa Palmer, que interpreta o grande amor de Desmond (Garfield).
Enfim, é basicamente isso. Esse tão celebrado regresso de Mel Gibson à direção pode ser interpretado como uma experiência tecnicamente gratificante, mas que não se distancia muito do que ele faz de bom, que é dirigir. A contação de história aliada ao discernimento técnico produz um resultado satisfatório pra quem gosta do estilo Gibsoniano. Um regresso contemplável, mas que tem suas falhas...
Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
dir. Mel Gibson
★★★
Até o Último Homem cumpre seu papel enquanto relato de um grupo de homens enfrentando uma batalha tempestuosa no Japão, com foco no personagem de Andrew Garfield, um homem de uma cidadezinha do interior que, intrigado ao ver tantos homens indo lutar pela pátria, decide se unir a eles na guerra, mas não apoia o uso de armas. Dito fraco pelos colegas e brutalmente humilhado, o homem, que se dispõe a ajudar os feridos na batalha com seu conhecimento médico, transforma-se num verdadeiro herói, surpreendendo a quem não via coragem em sua pessoa.
O filme faz ligação com a temática do armamento militar e do porte legal de armamentos nos Estados Unidos, ao retratar de forma altruísta um "herói de guerra que nunca tocou em uma arma", mas o filme o faz não como uma lição de moral, e sim como um relato dos conceitos morais que contornam os ideais de uma guerra e de homens que se desafiam em nome da nação. Se Mel os dignifica, por outro lado torna unilateral essa representação da batalha.
Há um cuidado imenso com os artifícios visuais, e com a estrutura técnica em si, que já vem do próprio estilo fílmico de Mel Gibson, um cineasta cujos filmes sempre capricham no que diz respeito à técnica. A performance louvável de Andrew Garfield ajuda o público a olhar para o seu personagem, um herói de verdade, com admiração e simpatia. Consagra-se também o ator Vince Vaughn, que andava meio desaparecido dos filmes, e que entrega neste filme a provável melhor atuação de toda a sua carreira, por fim subestimada. Outro destaque é a atriz Teresa Palmer, que interpreta o grande amor de Desmond (Garfield).
Enfim, é basicamente isso. Esse tão celebrado regresso de Mel Gibson à direção pode ser interpretado como uma experiência tecnicamente gratificante, mas que não se distancia muito do que ele faz de bom, que é dirigir. A contação de história aliada ao discernimento técnico produz um resultado satisfatório pra quem gosta do estilo Gibsoniano. Um regresso contemplável, mas que tem suas falhas...
Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
dir. Mel Gibson
★★★