quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR (2016)


Bem, finalmente tomei coragem pra comentar sobre Moonlight: Sob a Luz do Luar. E quando digo que tomei coragem é porque trata-se de uma missão bastante delicada escrever sobre um filme tão tocante como este, que pegou muita gente de surpresa, já que no começo ninguém esperava que o filme fosse ser um tremendo sucesso. Este é o segundo longa-metragem do cineasta Barry Jenkins, também diretor do pouco conhecido Medicine for Melancholy. E sobre Moonlight, é um filme admiravelmente bem-feito. Todo reconhecimento é merecido. Não é de se estranhar que o filme tenha faturado inúmeros prêmios, e agora também está concorrendo ao Oscar em oito categorias, incluindo Melhor Filme e Diretor, tendo se tornado um dos principais concorrentes da premiação este ano.

Dividido em três atos, o filme acompanha a jornada de Chiron, um jovem negro, desde a sua infância turbulenta nos subúrbios da Flórida até a idade adulta, e a vivência do rapaz em meio à violência e ao submundo das drogas contrastando com a atmosfera de auto-conhecimento adentro a sexualidade. É um filme bonito, e ao mesmo tempo carregado de uma melancolia desoladora. Aliás, melancolia é uma palavra que define bem o filme Moonlight, que reflete sobre os sentimentos e as relações de uma maneira belíssima. 

Sensibilidade é o que se encontra a todo instante em Moonlight. O elenco está excepcional. Performances dignas, estarrecedoras, que confirmam a competência da direção de Barry Jenkins e os talentos reunidos neste magistral grupo de atores. Naomie Harris, intérprete que está presente em todas as três fases do longa, entrega uma interpretação autêntica, daquelas de impressionar mesmo. Mahershala Ali, cuja performance foi elogiadíssima, está entre os destaques deste drama irretocável. Janelle Monaé, André Holland e os iniciantes Jharrel Jerome, Alex R. Hibbert (Chiron fase "little") e Ashton Sanders (Chiron fase adolescente) também estão excelentes.

Parcialmente, o filme é sustentado pelos desempenhos marcantes de cada um desses atores, que dão o melhor de si para tornar completa a imaginação dos personagens descritos na trama. Moonlight é uma coleção de sequências avassaladoras enfeitadas por uma fotografia desnorteante e demarcadas pela trilha sonora excepcional, que arquiteta uma atmosfera sinfônica incrivelmente sublime e rítmica. Até Caetano Veloso toca em uma determinada cena do filme, aliás.

Há cenas essencialmente importantes no filme, como a cena dos garotos na praia (provavelmente a melhor cena do filme, nas questões de ser tanto belamente fotografada quanto bem dirigida), o diálogo do reencontro de Chiron e Kevin, Juan ensinando Chiron a nadar, entre várias outras. Por ser tanto impressionante na sua abordagem estética repleta de sensibilidade quanto muito bem retratado em sua narrativa versátil, o filme é um dos exemplares mais ricos e dignos do cinema independente norte-americano recente, e merece ser lembrado dessa forma. Jenkins é um nome promissor e integra o naipe dos gigantes. 

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight)
dir. Barry Jenkins
★★★★★

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