segunda-feira, 29 de julho de 2019

A MULA (2018)


Parando pra pensar, acho que Clint Eastwood nunca esteve fora do seu auge. E com A Mula esse querido cineasta atinge um momento único na sua carreira, com um filme que é quase uma mescla de celebração e meditação, e ao mesmo tempo cada passo que dá é firmado com maturidade plena. O personagem principal do filme aproveita a melhor idade sem deixar de olhar para trás e enxergar a sombra projetada pelos seus erros em respeito a sua família. E, é claro, Eastwood é o cineasta que melhor explorou a redenção de personagens muitas vezes falhos, mas também humanos, ao longo de uma carreira repleta de obras densas e marcantes. A Mula é um trabalho calcado na sensibilidade nata desse cineasta que passou sua filmografia investigando o coração do homem americano em busca da entrega a um sentimento específico. A redenção é, de certa forma, a porta para um estado de purificação catártica. 

Eastwood sempre filmou com o coração, e sempre acertou. Com A Mula não foi nada diferente. É gratificante ver esse veterano do cinema americano entregando mais uma grande obra quase aos 90. Alguém, não me lembro agora quem, fez uma comparação a Kiarostami. Muito justo. Eastwood, em sua longa fase de maturidade, encontra no olhar conciliativo e sensivelmente humano uma forma de passear através de histórias e de personagens, podendo não trazer muita coisa nova, mas sobretudo reforçando um estudo preciso de dramas e de feridas na vida de um homem. Há um sentimento de leveza e despreocupação que é como um recado de Eastwood para nós, um recado vindo da longevidade. E ele aproveita para aconselhar, reforçar que um homem precisa se dedicar a sua família. Em uma certa cena, ele diz para o personagem de Bradley Cooper que seu maior erro foi ter colocado trabalho antes da família. A Mula, esse filme que eu consigo definir como sendo imperdível pra quem seguiu os passos de um mestre do cinema, passeia pela celebração e pelo arrependimento de um homem no ápice da sua experiência de vida, tentando consertar o que quebrou, refazendo seus passos e enfim recuperando o tempo perdido.

Já é, pra mim, um dos grandes filmes do ano. 

A Mula
The Mule
dir. Clint Eastwood
★★★★★

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Destaques do 1º Semestre


O primeiro semestre trouxe muita coisa boa. Essa lista é para registrar alguns dos filmes que mais me encantaram nessa primeira metade do ano, e estão espalhados entre os lançamentos nos cinemas e os que foram lançados apenas nas telinhas. A lista está em ordem de preferência, e o primeiro lugar pode ser dividido entre o meu favorito que passou nos cinemas (Anos 90) e um filme que chegou ao streaming no final do ano passado, mas que acabou sendo visto apenas nesse ano (Sem Rastros, foto). Aliás, decidi incluir os que foram vistos na telinha, só para reforçar a lista. 

A Lista

1. SEM RASTROS (Debra Granik)
2. ANOS 90 (Jonah Hill)
3. EM TRÂNSITO (Christian Petzold)
4. WON’T YOU BE MY NEIGHBOR (Morgan Neville)
5. BEM-VINDOS A MARWEN (Robert Zemeckis)
6. VINGADORES: ULTIMATO (Anthony & Joe Russo)
7. SE A RUA BEALE FALASSE (Barry Jenkins)
8. GUERRA FRIA (Pawel Pawlikowski)
9. A FAVORITA (Yorgos Lanthimos)
10. NÓS (Jordan Peele)
11. FIRST REFORMED (Paul Schrader)
12. GREEN BOOK (Peter Farrelly)
13. DEMOCRACIA EM VERTIGEM (Petra Costa)
14. TODOS JÁ SABEM (Asghar Farhadi)
15. HIGH FLYING BIRD (Steven Soderbergh)
16. HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO (Bob Perischetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman)
17. OBSESSÃO (Neil Jordan)
18. QUERIDO MENINO (Felix Van Groeningen)
19. NO PORTAL DA ETERNIDADE (Julian Schnabel)
20. COMO TREINAR O SEU DRAGÃO 3 (Dean DeBlois)

Ainda não conferi


ASSUNTO DE FAMÍLIA, VIDRO, AMANDA, LONGA JORNADA NOITE ADENTRO, A MULA, FORA DE SÉRIE, 3 FACES, DOR E GLÓRIA, ROLLING THUNDER REVUE, GLORIA BELL, AGNÈS BY VARDA, UNDER THE SILVER LAKE, DOMINO, TOY STORY 4, JOHN WICK 3, MAYA.

Apesar de não ter conferido alguns dos lançamentos mais importantes, o primeiro semestre trouxe muita coisa boa, e filmes que devem ficar entre os principais desse ano. E, não apenas nos lançamentos, mas o cinema em geral trouxe filmes inesquecíveis. Muitos eu comentei aqui no blog e também lá no meu letterboxd