domingo, 31 de maio de 2015

Crítica: "KINGSMAN: SERVIÇO SECRETO" (2015) - ★★★


Até que Kingsman: Serviço Secreto não é tão ruim quanto muitos andavam dizendo por aí. Confesso que não tinha o menor interesse de ver o filme até hoje, quando me deparei com uma grande oportunidade de vê-lo. E acabei gostando dele (em partes). Não acredito que seja uma direta imitação dos filmes do James Bond, apesar do longa estar cheio de referências não só aos filmes da saga 007, mas também de outros clássicos da espionagem. Mas o ouro deste filme é justamente as sequências que envolvem ação, por que exatamente todas - sem nenhuma exceção - são de tirar o fôlego.

Sei que vivo falando isso em outras postagens, mas aqui é bem claro: senti a falta do sangue. Tanta cena de tiro, porrada, bomba, decepamento e tudo o que se pode imaginar, mas o curioso é que nem uma gota de sangue é vista. Nessas partes, a câmera parece se movimentar tão rapidamente que quase não se vê a cor vermelha e o jorrar do sangue. O filme parece querer, de propósito, encobrir a carnificina e os sangrentos segmentos do longa. Tudo pareceu tão artificial. Fora isso, as sequências estão tecnicamente perfeitas.

O filme começa com um agente da Kinsgman, Harry (Galahad, interpretado por Colin Firth), em uma missão no Oriente Médio, quando ele é salvo por um jovem colega de uma explosão. Anos depois do acidente, ele vê o filho de seu colega, Eggsy, que na época era criança, agora um adolescente delinquente entrando para o sistema de treinamento do serviço secreto. Enquanto isso, Richmond Valentine (Samuel L. Jackson), um gênio da tecnologia, cria planos para acabar com a humanidade, e para isso, torna a enfrentar as autoridades com sua falta de limites.

Adaptado da série de quadrinhos criada por Mark Millar e David Gibbons, Kingsman: Serviço Secreto, até que tem um roteiro bem feito, competente e enquadrado, assinado pelo próprio diretor Matthew Vaughn (o mesmo de X-Men: Primeira Classe) em parceria com Jane Goldman (a mesma roteirista de X-Men: Primeira Classe, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, Kick-Ass: Quebrando Tudo e que assinará o roteiro do próximo filme de Tim Burton, O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares, que terá Eva Green, Samuel L. Jackson, Judi Dench e Asa Butterfield no elenco, sem data de estreia no Brasil ainda). Por que não é um filme de espionagem? Pode-se dizer que o filme até se sai bem como um filme de espionagem. Ele, mais precisamente, não é uma cópia ou imitação de outros filmes do gênero, como eu disse. Ele apenas os utiliza como referência, e mesmo se fosse lá uma espécie de cópia, acho que não seria uma causa suficiente para então incriminá-lo de fracasso. 

Mas, eu fico impressionado com a recepção que Kingsman: Serviço Secreto recebeu mundo afora, até já sendo considerado pela comunidade cinéfila internacional um dos "melhores filmes de 2015". Bem, apesar de ter gostado do filme, acho que não tenho tanto apreço por ele ao fim de dizer que, ainda mais neste início/meio de ano, que já é uma das melhores produções de 2015. É um filme bom no sentido de divertir, impactar, emocionar, mas não de, enfim, impressionar, torna-se um espetáculo vivo, "comparável" a filmes do 007 e cia. É bom e pronto. Satisfaz a sede por adrenalina e ação.

É claro, que filme hoje em dia cujos investimentos calculam-se em aproximadamente oitenta milhões de dólares não são consideravelmente majestosas obras técnicas? Efeitos visuais, som, direção de arte, figurino, edição, trilha sonora, elenco, roteiro... Esses oitenta milhões no fim de tudo foram excepcionalmente gastos, é claro, no fim de dar ao filme uma gloriosa excelência técnica. Efeitos visuais não possuem muito lugar em Kingsman. Esse filme, afinal, não é um filme de efeitos visuais. É claro, entre uma sequência e outra, é possível ver maravilhosos efeitos, mas nada tão efetivo. O elenco é grandiosamente bom. Começando por nossa estrela, Colin Firth, que sempre fez papéis intensamente sérios, tais como em O Discurso do Rei, talvez sua melhor performance e a mais conhecida, que o deu um Oscar em 2011, e em Direito de Amar, com Julianne Moore, aqui fazendo um personagem mais descontraído, apesar de traje e sempre muito elegante e cavalheiro, que já nos é bastante comum à figura dele. Também vale lembrar que Colin tem 54 anos e faz aqui um agente secreto que, em quase todas as cenas que aparece, está lutando ou se enroscando em cima da coluna de seus inimigos e dando-lhes "cacetadas" bizarramente cômicas. Certeza tenho de que uma das melhores e mais preciosas coisas de Kingsman: Serviço Secreto é Colin Firth.

Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: Secret Service)
dir. Matthew Vaughn - 

sábado, 30 de maio de 2015

Crítica: "NA MIRA DO CHEFE" (2008) - ★★★★★


Que obra! Que obra! Na Mira do Chefe é uma sensacional, extremamente imperdível, inusual e encantadora comédia de humor negro que fascina sublimemente e deixa sem palavras a quem assiste em praticamente todos os sentidos. Suspense, drama, humor negro, romance... Na Mira do Chefe, sob todos os aspectos que o compõe, trata-se de um dos retratos mais impecáveis do crime organizado feitos ultimamente além de uma das tramas mais engenhosas que eu já vi em toda minha vida cinéfila. Não há decerto palavras suficientes para descrever o quão maravilhosa e primorosa é essa obra.

Dois matadores de aluguel, Ray e Ken, são enviados à Bruges, Bélgica, depois de um fatídico trabalho realizado em Londres. Esperando por instruções, os dois tentam se acomodar, às suas maneiras, ao clima turístico de Bruges. Enquanto Ken fica totalmente apaixonado pela beleza, calmaria e romantismos transmitidos pelo local, Ray, com seu mal humor, comporta-se de maneira terrível e totalmente contrária à de Ken em sua estadia em Bruges. Um destino inesperado, aterrorizador e perplexamente cômico os aguarda.

Metade comédia metade drama, Na Mira do Chefe (contrariando o título em inglês In Bruges) explora de maneira sangrenta e viciosa a jornada destas duas personalidades e o desfecho de suas escolhas dentro da história. Martin McDonagh, que anteriormente havia vencido o Oscar de Melhor Curta-Metragem em Live-Action por Six Shooter em 2006, e foi indicado ao prêmio em 2009 por este filme em Melhor Roteiro Original, realiza um trabalho magnífico tanto ao assumir a direção e o roteiro (tendo sido o último mil vezes melhor conduzido do que o primeiro). Nada ruim para um primeiro filme. 

O primeiro acerto de Na Mira do Chefe é justamente essa capacidade do roteiro de conseguir equilibrar perfeitamente o drama e a comédia, algo que, frequentemente visto, é um típico erro entre os longas do gênero. Outro acerto de Na Mira do Chefe é, então, conseguir equilibrar essa característica ao suspense, novamente erro comum entre as produções do gênero. Antes de citar todas as qualidades adjacentes ao filme, essas duas vem primeiro com muito prioridade. O estilo de filmagem é decentemente vigoroso. A técnica assumida é fantástica.

Também, como não gostar de um filme que tem um elenco excelente de competente? Começando os elogios, logicamente, com Colin Farell, numa interpretação deveras autêntica e espetacularmente criminosa. Não me é tão desconhecido esse rosto de Ray feito por Colin. É uma peça já vista, não só no cinema, mas na vida real. Talvez seja por isso que tão concretamente acredito que, sem Farell, o personagem Ray não teria tanta graça, já que essencialmente é necessário talento para encarnar um assassino perturbado consigo mesmo por seus atos e terrivelmente confuso em relação à sua vida. Digo o mesmo em relação ao colega de Farell/Ray: Brendan Gleeson/Ken, em outra performance digna de aplausos pela extrema cautela e precisão com a qual foi concebida. Não me estranha Na Mira do Chefe ter recebido da mais calorosa glória e vitória. Ralph Fiennes aparece timidamente no final, mas com força, sempre impondo, num papel miseravelmente simpático e excêntrico de vilão: Henry Waters, o comandante de tarefas de Ken e Ray. 

Mas também há humanidade em Na Mira do Chefe. Nem tudo é sangue, carnificina e Bruges. Há um pouco de simpatia e gentileza na estupendamente criminal trama que abraça os personagens do filme. Por isso que se é muito preciso dizer que é uma comédia dramático, justo a fim de colocar a par o público que a história também abriga um drama muito pesado. Creio que terá muitas lágrimas rolando na cena (spoiler à frente), onde Ray realiza de maneira desconfortável e primitiva seu primeiro trabalho como assassino de aluguel, matando a tiros um padre e, durante o ato, errando uma bala e acertando uma inocente criança que estava rezando. Aquele momento é de matar, sinceramente. Drama maior, creio, poderá não ser visto no filme (creio que a cena na qual o Ken... Vou parar de dar spoilers, vejam a película!).

A edição é absolutamente desconcertante, assim como a fotografia de Eigil Bryld que, no final e nas cenas de turismo protagonizadas por Ken e Ray, tanto mantém o espectador maravilhado. A trilha sonora de Carter Burwell também é satisfatoriamente ótima. E o mais "humor negro", irônico de Na Mira do Chefe é que, sendo um filme independente que tinha tudo para ser no máximo amador, extrapola na qualidade (no bom sentido) e torna-se o mais profissional possível. E o melhor é que, de uma história tão tentadora e criminosa como essa, nasce uma belíssima obra que se caracteriza principalmente por sua instantânea humanidade (apesar de ter um final nada humano, envolvendo justo a questão do humor nengro) e sua beleza estonteante, que tanto irrita nosso personagem principal, o triste e perturbado de bom coração Raymond: "Fucking Bruges!

Na Mira do Chefe (In Bruges)
dir. Martin McDonagh - 

Crítica: "TROCANDO OS PÉS" (2015) - ★★


Tom McCarthy é um excelente diretor/roteirista, tanto que muitos não acreditam no fato dele ser um ator. Entre meus filmes favoritos que foram de sua autoria, estão o belíssimo e profundo O Visitante O Agente da Estação, com Patricia Clarkson e Bobby Cannavale. Confesso que possuo dúvidas quanto a seu novo filme, Trocando os Pés. Mesmo possuindo um roteiro bem criativo e bem desenvolvido, arrisco: um dos melhores trabalhos escritos de Tom (se não fosse pelo final sem razão), ainda sim ausenta no filme um certo charme, uma certa característica, que faz com que seu desfecho fique demasiadamente vazio e sem graça. Trocando os Pés acerta na tentativa de ser cômico e arrancar umas boas gargalhadas do espectador, mas é confuso, por que, uma hora diz algo e a outra desmente. Ele arrisca demais nos elementos sem causar nenhum efeito.

O primeiro grande erro de Trocando os Pés é querer se achar mais inteligente que o público. Não há coisa mais fatídica em um filme do que isso. O desenvolvimento dos elementos foi muito rápido, tanto que mal é possível notar o desenvolvimento caracterial dos personagens. O personagem Max Simkin, interpretado por Adam Sandler, apesar de ter uma certa diferença se comparado à maioria dos personagens feitos pelo comediante, no final apenas se parece com mais um personagem de Sandler. Ou seja, Max passa em branco. Torna-se apenas mais um personagem feito por Sandler, comunal à ele. Arrisco que até pode ser um de seus melhores (o personagem), mas não é, por exemplo, um Barry Egan (Embriagado de Amor), que é, na minha mais certa opinião, o melhor personagem até o momento feito por Adam. Além disso, neste longa, Adam parece estar desinteressado, pois não há intensas reações em sua interpretação. A todo momento, ele anda com uma cara fechada de "cansaço", "fraqueza". Enfim: Max Simkin é encarnado por Adam com muito "Sandlerismo", digamos, o que justamente faz com que não haja proporções maiores no resultado final da caracterização.

É tudo muito confuso. O filme é humano, possui alma e consegue ser uma ótima comédia, mas é muito confuso. O final não esclarece, apenas avança, como se o próprio quisesse "encerrar" de vez o filme. Não confundam minha opinião, por favor, neste bolo de confusão: a ideia do filme é perfeita, maravilhosa e genial, mas o desfecho é confuso, não bate com a criatividade proporcionada pela ideia, e cansa o espectador, apesar de ser bem engraçado em certas partes. O drama do personagem não o salva da completa ilusão que se torna. Preciso confessar aqui que, nos primeiros momentos, tinha certa esperança de ver em Trocando os Pés o mesmo que vi em Quero Ser John MalkovichFeitiço do Tempo, Mais Estranho que a Ficção, só que, depois que o personagem descobriu a capacidade de poder se transformar em outras pessoas apenas por calçar os sapatos delas, se costurados/consertados na anciã e mágica máquina de sua família, algumas coisas começam a desapontar. Causa e efeito não batem, tornam-se imensamente desproporcionais e confundem a todo momento o público. É lógico, o público simpatizante nato de Adam Sandler, que não se preocupa nem um pouco em aplaudir os fracassos do ator e que quase sempre é ganhado por comédias pastelão, amará Trocando os Pés. Como eu não possuo quase nenhuma das características citadas acima, eu não simpatizei nem um pouco com esta comédia dramática de pontos altos e fracos: a maioria fracos.

No entanto, não deixo de elogiar o formidável elenco de figurantes deste filme. Mesmo que as proporções tomadas pelo filme sejam fraquíssimas, a história torna-se tão real pela participação sensata do elenco de figurantes que é quase impossível não identificar sua mera importância neste longa. Tom McCarthy assume o roteiro de maneira apaixonada, implorável, quando o mesmo torna-se belamente poderoso e criativo, apesar de frequentes erros. Trocando os Pés poderá te garantir boas risadas, mas logo perderá a graça quando assumir um papel menor no desfecho da trama, tentando usar elementos clichês no intuito de ganhar sua aclamação. Na tentação, não se surpreenda se o filme tentar te parecer humano e inusual, pois de fato ele é, mas de forma pouco sustentável.

Trocando os Pés (The Cobbler)
dir. Tom McCarthy - 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Crítica: "CASA GRANDE" (2014) - ★★★★


Singular e tocante, profundamente inteligente e necessário, o longa nacional Casa Grande é um dos filmes mais íntegros e particularmente originais feitos ultimamente dentro de nosso circuito de uns tempos pra cá, e é mais outro que começa a fazer parte de uma grande lista que tem O Som ao Redor, Tabu, O Céu de Suely, O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias e Jogo de Cena como estrelas. Mais uma plausível prova de que o cinema nacional não está morto, como muitos ditam por aí. É uma obra inteiramente complexa em seu todo no intuito de retratar o embate entre as classes sociais e o conflito que aflige à família de Jean, um jovem de dezessete anos que se vê obrigado a atravessar uma difícil fase encarada por sua família de classe alta entrando numa passível decadência. 

É nesse ponto onde se encontra o mais interessante de Casa Grande: a enorme narrativa que se estende por dentro da situação da família e o contraste dessa situação com a vida social de Jean. Esse "close", foco nas diferentes emergências das classes sociais, como eu mesmo comecei falando, é maravilhosamente excelente e notório. As questões do racismo, preconceito e valores econômicos são discutidos aqui abertamente, livremente sem nenhum pretexto que interfira no tratamento que essa reflexão recebe. O filme, de forma ampla e retrativa, abraça esse conteúdo com identidade e força. Casa Grande, nesse debate, é único à seu modo. 

O filme resgata a mensagem que há tempos tenta ser enterrada em razão do anseio de se excluir a impotência do mérito sócio-econômico da sociedade. Uma mensagem que não necessita de moral para ser objetiva e definitiva. O filme, nesse quesito, indubitavelmente acerta. Seu diretor, o jovem Fellipe Barbosa, mostra maturidade e competência nas áreas que assume, aqui direção e roteiro. Em sua estreia na direção de um longa (em 2011, dirigiu o curta Laura), Barbosa mostra que tem habilidade exímia ao manejar a técnica e ainda sim demonstra que tem valor e que, futuramente, trará bons filmes caso eles sigam o mesmo trajeto deste aqui.

Em busca da reflexão e do retrato, vai e vem o filme exibe empenhadas cenas inesquecíveis, que traduzem em seu conteúdo toda a matéria oferecida pela película. O que dizer da cena em que Jean retorna à casa sorrateiramente pela noite e tem uma discussão feia com o pai, Hugo. Boa mesmo é aquela onde Jean briga com o filho de um dos colegas "emprestadores" de seu pai, no vestiário. Ou então, a cena na qual Jean ameaça contar para o pai que ela vem roubando dinheiro dele, mas é desencorajado quando a mesma o ameaça dizendo que irá revelar sua relação com a empregada da casa, Rita. Há um contraponto bem forte quando o filme amplifica esse contexto da relação patrão-empregado, algo que pode ser muito bem comparado à época da escravidão, como o próprio título do filme envergonhadamente propõe. Mas é um contexto livre e bem explorado, que merece certo destaque na interpretação do sucesso de Casa Grande. Em busca da tão querida e perigosa liberdade, os personagens da trama, constantemente controlados pela força do medo e do moralismo, se veem rejeitados, presos ao nada, descontes por ausência de opção.

Quanto mais se intensifica a decadência, mais nos vemos conectados a um triunfal destino que promete (e cumpre) atribuir e exemplificar a identificação dos padrões que o personagem principal opta seguir. E é tremendamente inesperada essa escolha, mas que em partes conforta o espectador, porque, ao mesmo tempo, ele consegue criar em si uma visão dos prós e contras que essa escolha oferece a Jean. Vendo que os prós são bem mais favoráveis do que a negatividade dos contras, o final torna-se "meio" feliz, justo pela questão de que o filme termina dividido, "quebrado". Nessa parte, da decadência familiar e a abertura dos hábitos que a economia passada sustentava me lembrou ligeiramente de Blue Jasmine, que retratou, na fase em a personagem Jasmine (Cate Blanchett) era casada com Hal (Alec Baldwin), trapaceiro investidor que teve um nada contente fim na trama do longa. Apesar do filme de Woody Allen ter tratado de forma menos ambiciosa e focada o assunto, é bem curioso achar essa semelhança.

Em campo, um elenco furiosamente perfeito. Thales Cavalcanti, Suzana Pires, Bruna Amaya, Marcelo Novaes, todos estão perfeitamente ótimos encenando Casa Grande. Fotografia desoladora de Pedro Sotero (o mesmo de O Som ao Redor) Fellipe mostrou o melhor filme até o momento de sua carreira e promete conquistar uma porrada de prêmios com este longa que bem mesmo parece ter conquistado facilmente o público e a crítica de maneira totalmente satisfatória e bem-vinda. Afinal, Casa Grande merece. Além de ser muito bem-feito, é um longa que explora belamente as opções e as promoções adotadas por seu talentoso e excêntrico retrato.

Casa Grande
dir. Fellipe Barbosa - 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Crítica: "MAD MAX - ESTRADA DA FÚRIA" (2015) - ★★★★★


My name is Max. My world is fire and blood.

"Para onde iremos? Nós que vagamos nesse deserto à procura do melhor de nós mesmos?". É com essa frase, muito bonita e que padroniza bem um dos objetivos ocultos de Estrada da Fúria, que George Miller encerra a obra-prima de ação da temporada (e já candidata a do século), filme que por si só de mágico e memorável tem de sobra, pelo menos para passar facilmente na frente de outras produções do gênero, até mesmo as mais assemelháveis, mas que nem de perto trilham a mesma qualidade, o mesmo efeito desta. Digo isso seria e tranquilamente. Filmes deste tipo surgem de tempos em tempos. E sabe lá se estou certo ao dizer que já houve algo inteiramente parecido com Mad Max - Estrada da Fúria na história do cinema. É seguramente uma obra deliciosamente furiosa e vibrante, sem igual, que combina ação e drama, epicismo e futurismo, explosões e lágrimas, com maestria. Um trabalho maior, com absoluta e firme certeza. 

Com responsabilidade e força, o australiano George Miller, 70 anos, criador da agora série de filmes Mad Max, e diretor de todos os seus filmes, agarra o volante, e nos dirige pelas estradas de um desértico e surreal lugar, onde pobres almas, guiadas pelo sobrenatural instinto de sobrevivência, vão devorando umas às outras, perseguindo a tentação da redenção, beirando a perdição e navegando na insanidade, tudo pela salvação. 

No meio desse bando de loucos, existe um que supera a todos os outros (ou não, como ele mesmo define no início - nisso, lembrei de um grande amigo meu, o professor Robson, que leciona história, e uma vez, durante uma conversa, não lembro qual, falou-me que era bem compreensível e normal ser louco nos dias de hoje, ou perturbado psicologicamente, com tanta impunidade e absurdos correndo por nosso conhecimento): o lendário Max Rockatansky, ex-policial que, outrora tentando proliferar a justiça num mundo sem lei exercendo seu espírito de vingador e pacifista, agora tem de encarar as sobras do juízo final, assombrado e perseguido pelos fantasmas de seu passado, aqueles que não pôde salvar, passando por poucas e boas na mão de uma tropa sanguinária formada por jovens soldados, os "garotos de guerra", e controlados por um cruel líder, Immortan Joe, que raciona a água no deserto exercendo um poder absoluto sobre ela e impedindo que a população possa utilizá-la comunalmente, permitindo tal "luxo" às massas pobres de vez em vez (vê-se uma dessas vezes logo no início do filme). 

Quando a Imperatriz Furiosa, mulher que serve de escrava e dama ao vilanesco Immortan Joe, foge da Cidadela levando consigo as melhores parteiras dele (mulheres que geram filhos e provém leite materno, outro elemento de "sagrada precisão" na trama), o exército dos garotos de guerra e o Immortan Joe em pessoa, equipados nas suas monstruosas carangas, seguem pela estrada da fúria na cola da Furiosa. Depois de se livrar da trupe do Immortan Joe, onde servia de bolsa de sangue aos chamados "garotos de guerra", quase anêmicos, "no fim da meia-vida", Max, após um encontro um tanto eletrizante com a Furiosa e sua carga, as mulheres parteiras, uma delas grávida, segue o rumo da imperatriz ao misterioso Vale Verde, na esperança de se livrar do seu fardo (uma espécie de máscara de ferro) e escapar da turma do Immortan Joe. 

A síntese técnica de Mad Max - Estrada da Fúria, aladas ao grandioso elenco, a história já mesmerizante e a competência do diretor George Miller, fazem deste um longa não só brilhante, mas também imperdível, em todos os sentidos da reunião. Trata-se de um, ao mesmo tempo, filme de autor e superprodução. A rima funciona bem, e como nunca, somos presenteados com uma mercadoria de primeira, fruto da dedicação (as filmagens começaram lá em 2012, e o projeto veio sendo pensado e desenvolvido há um tempão, não à toa a produção anterior a esta chegou aos cinemas há exatos trinta anos atrás - falo de Mad Max - Além da Cúpula do Trovão) e do poder daqueles que tomaram partido de Estrada da Fúria

Afinal, mais do que gigante, hipnotizante, imbatível e sucessivo, o filme é raro. Raríssimo. É proximamente impossível ser bem-sucedido na tentativa de topar com algo de tamanha altura e potência. Em tempos de adaptações gordas da Marvel, blockbusters inflados e afins (não que eu queira dizer que é tudo porcaria, mas há contáveis exemplares dignos de reconhecimento que figuram neste círculo, muito sinceramente), Mad Max - Estrada da Fúria é uma surpresa prazerosa e riquíssima. 

Nas sequências de ação (de peso) aqui presentes, o nosso estado é de devaneio, até mesmo desespero chega a bater, como se estivéssemos ali, no banco de trás do furgão de "combustível" da Furiosa, assistindo àquele espetáculo de explosões, destroços rasgando o ar, sons de máquinas tenebrosas arrancando pra valer, o solo sendo consumido pelas rodas assassinas, o coração a mil, disparando feito metralhadora, pra tudo que é canto. Ninguém fica de fora. Ninguém resiste a Estrada da Fúria. É um desses filmes que agrada a todos. De maneiras extremamente diferentes, mas a impressão quanto à ele, quanto à sua qualidade não muda, ainda mais tratando-se de um show incessável de adrenalina e emoção, chamariz e motor de interesse para qualquer espécie de espectador nesse mundo.

É interessante contemplar como a trama explosiva aponta para diversas situações político-sociais e relações de poder existentes no mundo de hoje. Deixando de lado o futurismo pós-apocalíptico que no coração o filme bombeia, há várias complexidades dentro da trama que contextualizam o atual estado global, relatos agravantes da poluição, corrupção, a cobiça se alimentando da discórdia e da revolta entre os povos. Por mais inebriante e delicioso que seja acompanhar o desenfreado correr de Estrada da Fúria, sua ação primorosa, é o medo de que algum dia essa realidade acometa as futuras gerações, que irão incluir os meus, os seus, os nossos descendentes, e da raça humana, que vai nos proporcionando a frenesi, o olhar esbugalhado, o rosto boquiaberto. Em determinados momentos, é doloroso ver os caminhos que a jornada da Furiosa toma, com ela sofrendo demais ao lado das outras mulheres fugitivas, que não pude conter as lágrimas, com meus olhos "suando" freneticamente, à medida em que o filme se aproximava de seu fim. 

Mad Max - Estrada da Fúria estampa atração certeiramente divertida e cinema de ação avassalador. Respeita a atual regrada demanda do gênero sem de se esquecer e remeter da antiga e original versão. Satisfaz, emociona e me fez bater os pés de altividade durante a sessão. Uma montanha russa. Tem aqueles momentos mais calmos, mas sempre em seguida o carrinho tem de descer bruscamente, o vento socando o rosto e os olhos automaticamente oscilando entre piscadelas e apertos de estremecimento. É assim que é ver Mad Max - Estrada da Fúria. Estar amarrado a um carrinho de montanha russa por cento e vinte minutos seguidos a um bilhão de km/h. Sem brincar. E, no fim, não tem como não estar emocionado e implorando de joelhos por mais (para a nossa alegria, um quinto filme de Mad Max, com o Tom Hardy, já vem sendo imaginado). 

Só de lembrar do filme para escrever sobre o mesmo já começo a tremer e ofegar. Ainda mais agora, quando começo a recordar da fotografia excepcional do Jonh Seale, que trabalhou em várias produções do cinema britânico e veio a se aproximar do grande circuito e de Hollywood só de uns tempos pra cá, se bem que Estrada da Fúria está longe de ser lá um filme hollywoodiano. É financiado pelos ianques, mas seu interior é australiano. Se não temos aqui Mel Gibson no papel de Max, a responsabilidade fica nas mãos do Tom Hardy, que está aquém do Mel, mas não desaponta em nada no seu personagem de poucas palavras e emergido em insanidade e doentia perseguição pelo pretérito bastante imperfeito. A trilha sonora (Junkie XL) é lindamente bem conduzida. Uma curiosidade que faço questão de por aqui é a de que a guitarra de um personagem que vive aparecendo em rápidos closes durante o filme é de verdade, pesa uma porrada de quilos e realmente é flamejante. Só de passagem mesmo.

E Tom Hardy nem é o protagonista aqui. Muito possivelmente lá pela primeira metade do filme. Mas quem é que toma conta da tela e da nossa atenção é a personagem da Charlize Theron, ainda belíssima, a Imperatriz Furiosa, destemida e corajosa. Todas as mulheres em Mad Max - Estradas da Fúria, de fato, são nutridas pela coragem, pela rebeldia, pela vontade de mudar, sem medo algum de dar cara a tapa. Essa representação demonstra o poder das mulheres cada vez mais tomando lugar no nosso mundo doentio. Estou bastante esperançoso quanto à essa colocação. 

É bem provável que as mulheres é quem farão a transformação no nosso mundo e colocarão a justiça pra trabalhar em vez dos homens. Afinal, não são as mulheres mais humanas do que essa cambada de macho aí, com a grande maioria sem fazer absolutamente nada de bom, num todo, no mundo - falando em política e em questões de resolução sócio-econômica? É bem assim que George Miller trabalha Estrada da Fúria. A mulher no poder = a recuperação de um mundo aos pedaços. Quem sabe quem apostar não vai se desapontar? Chamem isto de idealismo feminista ou o que for mesmo, mas é o que eu quero. Tá na hora de mudar de ares, minha gente. Eu digo sim pra igualdade!

Voltando ao assunto, a Charlize Theron é mesmo talentosíssima, e sabe escolher projetos, e é uma beleza de mulher, só pra lembrar. Mistura de beleza e engenhosidade. Querer mais do que isso é impossível, não acham? O Nicholas Hoult, que faz o menino de guerra Nux, na melhor performance da carreira dele. Não tem como reclamar de nada. Estrada da Fúria é um trabalho hostil e impactante. De uma só vez. Assim que os créditos aparecem, me levanto da cadeira, e uma frase me ataca sem piedade: "Who killed the world?". Vos pergunto-a. E os obrigo a "testemunhar" um dos bradares mais retumbantes desse ano e dos tempos: Mad Max - Estrada da Fúria! Vejam, meus amigos! Mas podem se viciar, de boa. Afinal, quem não? 

Mad Max - Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
dir. George Miller - 

sábado, 23 de maio de 2015

Crítica: "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA" (2008) - ★★★★


Atipicamente, Ensaio sobre a Cegueira é um filme que surpreende, apesar de não ser tão grande a ponto de poder ser titulado de "obra", por exemplo, e nem ser tão ruim a fim de ser classificado um "fracasso". Ele é um filme excentricamente mediano, que emociona e desaponta em determinados momentos. Fernando Meirelles usufrui de uma técnica que não me é desconhecida de seus filmes, desde Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel. No entanto, ele faz uma restauração dessa técnica a fim de poder adaptar uma obra literária tecnicamente inadaptável de José Saramago, do mesmo título do filme. Quem conhece até mesmo o gênero que o autor português escreve ou já leu o livro sabe que é algo que não dá para adaptar. O conteúdo é simplesmente inadaptável. No entanto, no que se diz respeito à adaptação, o longa acerta o gol, medianamente, também. O roteirista Don McKellar consegue reger o roteiro com tamanha precisão e sensibilidade, mesmo que ainda deixe o romance de Saramago "inadaptável". No entanto, depois de vista a sessão, não me estranha José Saramago ter chorado, de emoção. Por esse motivo, leiam o livro para entenderem todo o processo que constrói a trama de Ensaio sobre a Cegueira.

O filme é muito demorado. Duas horas é demais para contar algo em que em uma hora e vinte, dez minutos já seria de bom tamanho. E essa demora cansa. Esperar demais por um final que, muitas vezes pode ser incompreensível ou insignificante dentre os outros detalhes abordados pela história pode ser muito chato. Aliás, é. Não sei se a demora foi proposta a fim de dar dimensão ou amplitude à gravidade do caso da doença "cegueira branca", mas cansa e atrapalha demais. O elenco é muito supervalorizado. A cegueira dos personagens é explorada de maneira superficial, a ponto de que a performance dos portadores da "cegueira branca" sejam totalmente invisíveis, de um plano bem limitado. Se não fosse por essa vontade de querer exibir a imensidão do problema gerado pelo distúrbio, essa parte poderia ter sido bem melhor analisada, a fim de afastar todas as dúvidas em relação a esse conceito.

Ensaio sobre a Cegueira exagera na fotografia e na edição. Certo que os trabalhos do uruguaio César Charlone e do brasileiro Daniel Rezende são muito bons, mas nem sempre o exagero/excesso é sinônimo de exagero/excesso de aclamação e boa recepção. Há muito para pouco. Posso incluir esse erro de excesso dentro da cansativa longevidade do filme. É outra coisa que dá nos nervos. A fotografia em tons de branco até que se salva em certas partes, por que consegue criar um clima bem     acomodado. Mas o excesso a transforma em paralela, substituível. Charlone, autor da fotografia de Cidade de Deus, comete graves erros ao assinar a direção de fotografia de Ensaio sobre a Cegueira. Mas é algo compreensível. Nem sempre é fácil trabalhar em produções de tamanha necessidade e especialidade, quase inacomodáveis ou inexistentes. Os padrões de filmagens nem sempre podem estar à disposição de filmes assim. Mais peculiar ainda é imaginar que raio aconteceu na bosta da sala de edição? Cento e vinte e um minutos? É muito desaforo! Eu acho que esse deve ser o tempo em que você lê Ensaio sobre a Cegueira. A tradução do tempo do livro para o tempo do filme saiu totalmente errada. Com certeza, não houve inspiração alguma durante a sessão de edição de Ensaio sobre a Cegueira. E mais curioso ainda é pensar: "se o filme tem duas horas, editado, imagine se não fosse?". Essa questão é tão assombrosa que nem vale responder.

No entanto, nem tudo é perdição: vale lembrar que o filme, na tentativa mediamente sucedida de ser fiel à adaptação, fez um bolado bem consequente ao estilo de escrever de Saramago, que, aos conhecidos, é de fato tremendamente peculiar, o que faz com o que o filme seja tremendamente peculiar, apesar de exagerado e demasiado. Ensaio sobre a Cegueira, no entanto, pode ser visto apenas na experiência de ver a grande obra de Saramago adaptada para o cinema de uma forma revigorante e reverenciável, no ponto de vista da adaptação. Fora isso, é bem considerável descartá-lo da lista. Ah... Mais um lembrete, terrivelmente importante: não cometam o imperdoável erro de ver Ensaio sobre a Cegueira em português. Para alguns, ver filmes legendados pode ser um grande sacrifício, mas é preciso. A dublagem é uma desgraça, resumindo de vez.

Ensaio sobre a Cegueira, enfim, emociona, como eu disse. E por que? Não sei ao certo o que mais me cativou. Não sei se foi a intensidade do retrato distópico feito no livro e diretamente mostrado no filme, ou a caracterização, que inclui cenas feitas aqui em São Paulo (as gravações iniciaram-se em 2007), ou até mesmo a força e o impacto da história sobre nós. Não há moral, e sim apenas a possibilidade. Será que chegará um dia onde teremos que suportar tamanho pânico e dor enfrentados pelos personagens miseráveis de Ensaio sobre a Cegueira? Chegaremos a brigar por comida, um dia? Chegaremos a vender nossos corpos a fim de um jantar? É muito assustador, e interessante. Pense nisso. Vale a pena.

Ensaio sobre a Cegueira (Blindness)
dir. Fernando Meirelles - 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Crítica: "O AVIADOR" (2004) - ★★★★★


O Aviador é uma obra simplesmente imperdível. Já se passaram onze anos do imperdoável de bom O Aviador, gigantesca película de Scorsese que retrata de modo ficcional a vida de Howard Hughes, celebridade nata da Hollywood da década de 20/30, e mesmo assim, passados tantos outros filmes dentro da filmografia de Martin desde lá, tais como A Invenção de Hugo Cabret O Lobo de Wall Street, O Aviador continua intacto, permanecendo como uma das maiores obras já feitas por Scorsese. Arrisco: uma das mais importantes e essenciais.

Indicado a 11 Oscars em 2005, entre eles Melhor Filme (Graham King, Michael Mann), Direção (Scorsese), Ator Principal (DiCaprio), Atriz Coadjuvante (Cate Blanchett) e Roteiro Original (John Logan), tendo vencido cinco estatuetas, por Melhor Fotografia (Robert Richardson), Melhor Figurino (Sandy Powell), Melhor Direção de Arte (Dante Ferretti, Francesca LoSchiavo), Melhor Edição (Thelma Schooonmaker) e Atriz Coadjuvante para Blanchett, acredito que bem mais do que Os Infiltrados, filme que, dois anos depois ganhou o Oscar de Melhor Filme e deu a estatueta de direção (a única até hoje) para Martin Scorsese, ovacionado por todos na platéia no Oscar 2007, O Aviador merecia e deveria ter ganhado Melhor Filme, Direção, Ator, Roteiro e tudo o mais o que lhe estivesse à altura no Oscar 2005, se não fosse pelo fato dele estar competindo com grandes e talentosas obras como Menina de Ouro e Sideways - Entre Umas e Outras, os "queridinhos" daquela edição, idolatrados pelos sindicatos e os mais favoráveis a prêmios maiores nas categorias principais.

Num período de aproximadamente vinte anos, O Aviador reconstrói ambas carreira cinematográfica e aviadora de Howard Hughes, diretor de Hell's Angels e produtor de Scarface - A Vergonha de uma Nação. Mas a reconstrução da vida de Hughes conta não só com fatos, mas também com extraordinárias adições fictícias, que dão sabor e luz à história de maneira peculiar e suntuosamente bonita. O Aviador, em resumo, é um filme abusivo em luxo, beleza e cor. Exageradamente abusivo. O mais exageradamente abusivo possível. Mas, de um lado, esse exagero é bom, por que o filme no final é tremendamente equilibrado. A história não apresenta falhas ao longo de seu percurso quando nela é acrescentado esse demasiado exagero. E é isso que encanta em O Aviador, minha gente. É uma obra que, com sutileza e sensibilidade, consegue ser exagerado na melhor maneira que um filme poderia ser. O exagero respeita o clima da trama. 

Ao mesmo tempo em que é um filme tremendamente colorido e vivo, O Aviador possui um elenco que oferece brilho e calor às necessidades que a vivacidade do filme apresenta. Tudo é meticulosamente interligado, em favor de que o filme funcione perfeitamente, à altura de uma obra. Leonardo DiCaprio, na segunda das atuais cinco colaborações com Scorsese, faz um dos papéis de maior significância de sua carreira. Totalmente "doado" à interpretação de Howard Hughes, é desoladora a transformação de Leonardo no fanático e obsessivo Howard. Cate Blanchett atua na pele da belíssima Katherine Hepburn, com quem Hughes teve um caso em meados da década de 30. Merecem destaque, também, no elenco Alan Alda (Senador Owen Brewster), John C. Reilly (Noah Dietrich) e a lindíssima Kate Beckinsale (Ava Gardner). 

E, no contexto geral, torna-se mais um filme de Scorsese. Uma análise da vida de um ambicioso homem que quer tudo e tudo mais, sem medir limites, e que no final de tudo não se vê apto a sobreviver à medida na qual a força das circunstâncias recai sobre ele. Um típico personagem scorsesiano. Howard Hughes torna-se mais um, dentre Henry Hill, Bill Cutting, Jordan Belfort, Travis Bickle. Não há quase nada inusual em O Aviador. É um filme sobre a ambição, a fúria e o medo, em termos resolutivos.


E ainda para contribuir mais ao sucesso retumbante de O Aviador e oferecer à cinebiografia um quê digno de retrato épico, temos em jogo uma equipe técnica deslumbrante de talentosa e empenhada. Robert Richardson, como sempre, é insubstituível na autoria da confortável direção de fotografia, que oferece um amplo e belo visual à obra. Os figurinos de Sandy Powell caracterizam e imortalizam a época narrada no filme, tal como a brilhante direção de arte de Dante Ferretti e Francesca LoSchiavo, que, como sempre, realizam um formidável trabalho recriando cenários e objetos icônicos. A trilha sonora de Howard Shore é triunfal.

E tal como seu personagem principal, Howard Hughes, que possui uma incessante obsessão de perfeccionismo pela produção de seus filmes (no início do filme, Hughes pede emprestado duas câmeras à produtora MGM para fazer a filmagem de algumas cenas, mais tarde afirmando ter vinte e quatro modelos da câmera consigo), O Aviador possui essa obsessão, pois é impossível notar irregularidades na confecção do retrato. É tudo detalhado com extrema cautela e perfeição. Puxa... com tudo isso, é impossível, seriamente, deixar de reconhecer a importância e a magnitude de O Aviador dentre as produções épicas cinematográficas, talvez, da história do cinema. Muito bom filme!

O Aviador (The Aviator)
dir. Martin Scorsese - 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Crítica: "VINGADORES: ERA DE ULTRON" (2015) - ★★


Vingadores: Era de Ultron enfrenta o típico problema da maioria das sequências de produções comercialmente potentes: ele tenta ser mais significante ou representativo do que sua origem, o que irrita bastante. E isso só torna as coisas difíceis para mim, já que, eu nunca gostei de películas do gênero (sempre as achei muito impessoais ou artificiais). E agora, só tendo a desgostar do novo filme por uma porção de coisas, que sucede o bilionário Os Vingadores, que apesar das imperfeições, era bem melhor que esta fraca sequência.

O elenco é grande e tem um talento feroz, mas que não consegue salvar Vingadores: Era de Ultron da incessante invalidez que a todo momento senti, e vi. Deu um sono imenso ver esse filme. Ora aqui, ora li, me via em intervalos de pequenos cochilos entre uma cena e outra. E olha que eu sou bem difícil para dormir durante sessões. Os efeitos visuais, como sempre, são exagerados, apesar de serem perfeitamente técnicos e de qualidade (o bom das produções da Marvel), tão quanto foram no primeiro filme da - agora - franquia. 

Joss Whedon conduz a história de maneira pitoresca, irradiante, imperceptível e terrivelmente chata, a ponto de que ela tenha consequências absurdas emergidas da tremenda falta de criatividade (sim!) da trama. Chega uma hora em que o roteiro, ao enganar, se engana e se perde nos incansavelmente clichês segmentos de ação - dos quais tão estou de saco cheio de ter visto nesse filme. E olha que Joss Whedon, mesmo que tenha falhado na tentativa de brilhar e "mitar" na direção, tinha muitas chances de dar um roteiro de extrema qualidade (Joss colaborou nos roteiros de Toy Story e O Segredo da Cabana), mas, pelo que vi, não foi desta vez.

E olha que é um baita desperdício esse Vingadores: Era de Ultron. Um fracasso tão imperdoável com uma equipe tão dedicada... Como dito, o elenco é de matar. Scarlett Johansson, Chris Hemsworth, Robert Downey Jr. Jeremy Renner, James Spader, Mark Ruffalo, Chris Evans, Don Cheadle, Paul Bettany, Idris Elba, Stellan Skarsgard, Elizabeth Olsen e Samuel L. Jackson não é um elenco para qualquer um. Cada figuraça aqui, mas uma grande pena que suas performances sejam injustamente minimizadas com a pretensão sínica do filme em querer ser "melhor", que já inicia perdendo em virtude de algumas das já citadas características incluindo esta última.

Não há prazer em Vingadores: Era de Ultron. Ou seja, o filme meio que se prende num beco sem saída. Além da falta de qualidade, ele ainda ausenta emoção - o essencial. Não sei o que aconteceu. Hoje eu dormi numa sessão de ação! Numa sessão de ação! É demais pra mim. Não sei como aconteceu. E eu só posso justificar com isso. Apesar de tudo o mais que odiei nesse filme, não deixo de elogiar e enfim enfatizar a importância da equipe técnica nesse filme. A fotografia sensacional de Ben Davis; a trilha sonora desoladora de Danny Elfman em parceria com Brian Tyler; a edição surreal de Jeffrey Ford e Lisa Lassek; os maravilhosos efeitos visuais (sei que é artificial demais para minha percepção, mas não é possível deixar de reconhecer a perfeição e a arte com a qual essa parte foi concebida). Nestes quesitos, até vale dizer que Vingadores: Era de Ultron valeu o preço do ingresso, apesar de tudo.

Vingadores: Era de Ultron (Avengers: Era of Ultron)
dir. Joss Whedon - ★★

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Crítica: "MISS JULIE" (2014) - ★★★★


Faz tempo que não vejo Liv Ullmann atuar. Faz muito tempo. A musa sueca de Bergman apresentou poucos trabalhos ultimamente, tanto no cinema, quanto na literatura, e muito menos no teatro (um de seus últimos nesta área foi uma elogiada adaptação de Um Bonde Chamado Desejo). Este Miss Julie marca a segunda participação na direção da atriz, que estreou em 2000 com Trollosa. Eu conhecia bem de perto o lado atriz de Liv, mas este lado de diretora sempre me foi curioso, um tanto desconhecido ou inesperado, em relação à ela, visto que eu tomava com ela uma enorme expectativa de influência Bergmaniana. Visto Trollosa, mantinha dúvidas sobre o filme. Este Miss Julie pôde sucessivamente responder algumas delas. Vejo aqui Liv dirigindo, sem atuar, uma obra simplesmente sensacional, estupenda, sensível e perceptiva.

E o melhor de tudo em Miss Julie é que, a película, que funciona perfeitamente como um célebre filme-teatro, e que foge da mesmice a qual estava destinado (pelo menos era o que eu temia). Liv usa e abusa colossalmente do ortodoxo, mas sem errar. Em nenhum momento de Miss Julie deixei de estar interessado pelo segmento da trama. O filme te prende. Logicamente, nem todos irão gostar dos intensos segmentos de diálogo, mas é algo que para alguns, como é no meu caso, pode ser fascinante. À este público, destino especialmente Miss Julie. O filme começa sutilmente e termina furioso e endiabrado. Há a conexão de tramas que maravilhosamente são conduzidas sem nenhum erro aparente, que, é claro, influencie na falta de compreensão ou na desvalorização do filme.

Elogio, para começar, o elenco triunfal de Miss Julie. Três nomes talentosos e memorabilíssimos: Jessica Chaisten (a bela sedutora), Colin Farell (o reprimido apaixonado) e Samantha Morton (a inocente empregada). Miss Julie (Jessica Chaisten), filha de um barão aristocrata irlandês, mora numa grande mansão no campo, na companhia de dois empregados: a cozinheira Kathryn (Samantha Morton), e seu noivo, um galante e competente valete chamado John (Colin Farell). Ambos, Kathryn e John, são obrigados a entregar-se à tortura de serem comandados e manipulados, na ausência do barão, pela belíssima e persistente, embora neurótica e louca Miss Julie, uma mulher "estranha" de hábitos peculiares que força os empregados a jogarem seu jogo de sedução, poder e façanha. Determinada a destruir a relação entre Kathryn e John, Miss Julie seduz o valete de seu pai e o força a fazer determinadas tarefas: buscar flores no jardim para ela, beijar seus pés, andar com ela no parque. Enfim, tudo a fim de resultar na tragédia romântica da história.

O filme é de uma beleza incomparável. O filme, pra mim, ganharia cinco estrelas, sem pestanejar, se eu fosse considerar a excelência técnica e visual com a qual ele é conduzido. Cada cenário é triunfalmente recheado de luz, paixão, dor e pecado. Os figurinos são vislumbrantes. A trilha sonora emociona. À medida em que a história vai te aprisionando e te conduzindo ao esperado final contundente, você vê-se cada vez mais maravilhado pelo brilho que a caracterização dela reproduz. É algo que me falta palavras a qualificar. É nessas horas que sinto a comovente emoção de ver o filme. Miss Julie teve a direção de fotografia assumida por ninguém mais e ninguém menos do que Mikhail Krichman, responsável pela maioria dos trabalhos do diretor russo Andrey Zvyagintsev, incluindo o último, Leviatã. E é uma fotografia irreversivelmente invejável. Invejável no sentido de maravilhosa, brilhante, atordoante, desconcertante. É uma fotografia mega ótima. Cores quentes e cores frias, a cada cena, não se misturam. Há um equilíbrio magnífico. É tudo muito organizado, a fim de resultar num trabalho totalmente fantástico. Os ângulos são... perfeitíssimos.

Miss Julie perambula entre um conto encantado de amor e uma narração furiosa sobre a desilusão e sua conexão com a eterna melancolia de viver à beira da catástrofe. Ele fica posicionado exatamente neste local, onde surge um poderoso conto que enfatiza a paixão insistente de um homem por sua dama. Uma paixão secreta que, escondida no passado, revela-se no futuro e causa um desastre inevitável. Tudo à visão de Miss Julie, polêmica dama que não mede conceitos a fim de conseguir o que bem quer, tal como acaba tendo um miserável fim, destino de sua trama na busca da sedução e do prazer. Que belíssima obra! Que dedicados e formidáveis atores! E... Que belíssima Jessica Chaisten. Uma verdadeira dama da beleza, Poesia visual mágica. Não há ninguém que, acredito eu, a superaria em Miss Julie.

Miss Julie
dir. Liv Ullmann - 

domingo, 17 de maio de 2015

Crítica: "DÍVIDA DE HONRA" (2014) - ★★★★


Não sei direito como começar esse post. Eu gostei bastante de Dívida de Honra. É um filme belo, novo, brilhante, encantador. Sua história é profundamente cativante e, por mais dolorosa que seja, sensível. Tommy Lee Jones, em sua segunda aventura como diretor, é grandiosamente bom tanto na direção quanto na atuação. Ele soube conduzir o filme de uma forma original e intensamente singular. Apesar de ser apenas a segunda vez na direção (a primeira vez foi no também western Três Enterros), Lee Jones mostrou controle e dedicação nunca vistos. Dívida de Honra ganha o certificado de "obra" com justiça e majestosidade. A construção épica dos EUA-século-19 é tremendamente surreal. Chega a ser mágico ver um conteúdo destes.

Mary Bee é uma mulher afligida pela solidão com a qual convive. Ela é, como ela mesma diz, incomumente solitária. Não é casada, mora sozinha, cuida de seus afazeres sem o menor auxílio masculino (algo realmente raro para a época). Até que então uma pequena igreja oferece à população do vilarejo a tarefa de transportar três mulheres loucas para o estado de Iowa. Mary decide fazê-lo, e parte numa longa viagem, desta vez, não sozinha. Surge no caminho a ajuda de um fugitivo chamado George Briggs, que é salvo por Cuddy da forca. Com um pouco de insegurança e coragem, Cuddy e Briggs seguem pela estrada, a bordo com as três damas, esperando por um destino. 

O longa é um tradicional road movie. As situações e o conflito que aparecem são contornados e resolvidos à medida em que os personagens se aproximam de seu destino final. Coisas inesperadas surgem para incitar a turbulência e o desespero. Mas tudo é passageiro. É um drama que, de fato, é muito pesado. Mesmo assim, senti a ausência de sangue no filme. O vermelho ficou em off. O azul, o amarelo, o bege, o branco, o laranja, o amarelo... As cores quentes são meros figurantes neste western que tinha tudo para saciar a sede do espectador por fúria, terror, sangue... Mas esses elementos são coadjuvantes, e quase não aparecem. Eles são vetados pela sensibilidade atenuante da história. Não vejam isso como um mal, por favor. Não estou reclamando de Dívida de Honra. Apenas digo que faltou sangue para o filme encerrar com chave de ouro. Sangue. Tá bom, pelo menos um vermelho. O filme é muito "cores frias".

Mas o elenco é dedicado. Suficientemente pra ninguém botar defeito. No meio da jornada alucinante, há uma troca de papéis. Tommy, que era coadjuvante, vira protagonista, e Hillary, que era protagonista, vira coadjuvante. Uma troca triste, infelizmente (parando por aqui para não ocasionar um spoiler). Mas uma troca que é suntuosamente interessante. Uma troca que, surpreendentemente, não teve problemas, e que, se não fosse conduzida com primor e técnica, não teria o mesmo efeito - suponho. Hillary Swank possui uma performance liderada por pontos altos. Uma boa performance que não me era vista desde, sinceramente, Menina de Ouro. Ou melhor, desculpa, Dália Negra. Não gostei dela em P.S. Eu Te Amo. Em Amelia, foi ela que salvou, porque o filme não me contentou. E em Noite de Ano Novo, nem se fala. 

No trio das loucas, todas merecem de suas maneiras destaque e reconhecimento. Mas eu gostaria de enfatizar a participação de Miranda Otto (quem eu vi estonteante em Flores Raras, longa nacional que, apesar de não ter sido tão plausível, teve como protagonistas duas flores esmeradas e lindíssimas) e Sonja Ritcher. E, olha, esse é o que eu acredito ser o primeiro e único longa no qual Meryl Streep, membra do elenco, não merece elogios. Não merece no sentido de, não precisa. Sua participação foi muito pequena, e, por isso, sem necessidade. É, de fato, o único longa onde esse "fenômeno" acontece. E eu, que não sabia nadinha do filme, pensando que ela interpretaria uma das loucas. Há também pequenas participações de James Spader, John Lithgow e Hailee Steinfeld. 

Quanto à tecnicidade do filme, não tenho palavras para reclamar, e imaginem então para o quê elogiar. Fiquei puramente maravilhado com a perfeição e a graça com a quais o filme, tecnicamente, foi concebido. Começo elogiando a fotografia de Rodrigo Prieto (O Lobo de Wall Street, Argo, O Segredo de Brokeback Mountain). O cara é "fera" no quesito. Literalmente. A tenacidade e a fúria inusual com a qual a direção de fotografia do filme foi performada por ele chega a ser impecável. A trilha sonora de Marco Beltrami (Pânico, Expresso do Amanhã, Guerra ao Terror) é igualmente sensacional, inteiramente desoladora. A edição de Roberto Silvi (Três Enterros, Closer to the Moon) pode confundir em partes, mas é por demais formidável. Os figurinos e a direção de arte são perpetuamente belíssimas.

Só fiquei um pouco descontente em relação à falta de consideração do circuito nacional por com o filme. Poxa, Dívida de Honra é um filmaço. Uma imensa, incalculável falta de consideração ter o deixado tão pouco tempo em exibição. Muito lamentável. Fora isso, sem mais reclamações. Dívida de Honra acumula elogios e transforma-se em um filme inquietamente ótimo e belíssimo, de um caráter cinematográfico perspicaz e poderoso. 

Dívida de Honra (The Homesman)
dir. Tommy Lee Jones - ★★★★

domingo, 10 de maio de 2015

AS MÃES DO CINEMA!

"Tudo é incerto neste mundo, mas não o amor de uma mãe."
JOYCE, James

Fortes, queridas, solidárias, gentis, corajosas, amáveis, sensíveis, protetoras, meigas, bravas, incorrigíveis, inteligentes, insubstituíveis, acolhedoras. A maioria das mães se adequam à, pelo menos, metade dos adjetivos citados anteriormente, que as definem como batalhadoras e sensatas personalidades únicas. Bem, pelo que sei, a maioria delas são assim. E quando falamos delas, adjetivos não são tão precisos, nem são tão completos ao definirem-a. Nenhum deles, de fato, reproduz por completo a autêntica persona materna. É preciso sentir, e não descrever. Não há muito o que dizer sobre elas por conta disto. Devo resumir que são extraordinárias mulheres que fazem de tudo, ou quase de tudo, para dar o melhor de si à seu filho (a), (os), (as). São elas que verdadeiramente devem receber o título de heroínas. Independentemente do final, elas são e serão heroínas, tentando trilhar o caminho da bondade e do carinho. Além de serem - a boa maioria, novamente - esposas, donas-de-casa, filhas e constantes sofredoras - pelo destino -, essas mulheres são mães devotas e dedicadas, dispostas de tudo para no fim apenas serem mães. Por isso, na minha mais certa opinião, não deveríamos ter um dia para homenageá-las ou parabenizá-las, mas sim: um ano, uma década, enfim... É impossível determinar um certo tempo a fim de conseguir reconhecer seu esforço e seu trabalho. Por isso, eu quero dedicar meu mais profundo sentimento de admiração à vocês, mães, sejam biológicas ou não. Tocando nisso, eu também gostaria de lembrar daquelas mulheres cujo sonho de ser mãe foi destruído pela infertilidade. Elas, por esse sonho, também são mães. À elas, à vocês mães, à vocês mães adotivas, à vocês mães já idas: parabéns por tudo. Nem o mais reflexivo texto nem o mais grosso livro poderiam reconhecer seu lugar no nosso universo, e sua importância. 

Às minhas queridas mães. 


1. Manuela - Tudo Sobre Minha Mãe



2. Beatrix Kiddo - Kill Bill



4. Selma - Dançando no Escuro



5. Christine Collins - A Troca



6. Philomena Lee - Philomena



7. Celie Harris Johnson - A Cor Púrpura



8. Sra. Bates - Psicose



9. Marge Gunderson - Fargo



10. Charlotte - Sonata de Outono



11. Sheryl Hoover - Pequena Miss Sunshine



12. Ada - O Piano



13. Michaela Odone - O Óleo de Lorenzo



14. Mildred Pierce - Alma em Suplício



15. Raimunda e Irene - Volver



16. Nic e Jules - Minhas Mães e Meu Pai



17. Eva - Nós Precisamos Falar Sobre o Kevin



18. A Mulher Elástica - Os Incríveis



19. Sra. Gump - Forrest Gump - O Contador de Histórias



20. Leigh Anne Tuohy - Um Sonho Possível



21. Ryan Stone - Gravidade



22. Juno MacGuff - Juno



23. Mary - Preciosa



24. Aibileen Clark - Histórias Cruzadas



25. Erica Sayers - Cisne Negro

quinta-feira, 7 de maio de 2015

First Look: "OS 8 ODIADOS"


Corra para o cinema, pois Tarantino vem aí! Nesta semana, a revista Entertainment Weekly publicou a primeira imagem do próximo longa de Quentin Tarantino, que ainda nem data de estreia nos Estados Unidos tem, e que poderá vir ao Brasil apenas em 2016. O longa, que foi temporariamente adiado devido à hackeação do roteiro de Quentin no início do ano passado, mas que logo após foi reconfirmado, tem no elenco um pessoal fera: Samuel L. Jackson (no que parece ser o primeiro papel protagonista do ator em um filme do cineasta), Jennifer Jason Leigh, Kurt Russell, Bruce Dern, Demián Bichir, Tim Roth, Michael Madsen, Walton Goggins e Channing Tatum, cujo personagem ainda está indefinido.