Tom McCarthy é um excelente diretor/roteirista, tanto que muitos não acreditam no fato dele ser um ator. Entre meus filmes favoritos que foram de sua autoria, estão o belíssimo e profundo O Visitante e O Agente da Estação, com Patricia Clarkson e Bobby Cannavale. Confesso que possuo dúvidas quanto a seu novo filme, Trocando os Pés. Mesmo possuindo um roteiro bem criativo e bem desenvolvido, arrisco: um dos melhores trabalhos escritos de Tom (se não fosse pelo final sem razão), ainda sim ausenta no filme um certo charme, uma certa característica, que faz com que seu desfecho fique demasiadamente vazio e sem graça. Trocando os Pés acerta na tentativa de ser cômico e arrancar umas boas gargalhadas do espectador, mas é confuso, por que, uma hora diz algo e a outra desmente. Ele arrisca demais nos elementos sem causar nenhum efeito.
O primeiro grande erro de Trocando os Pés é querer se achar mais inteligente que o público. Não há coisa mais fatídica em um filme do que isso. O desenvolvimento dos elementos foi muito rápido, tanto que mal é possível notar o desenvolvimento caracterial dos personagens. O personagem Max Simkin, interpretado por Adam Sandler, apesar de ter uma certa diferença se comparado à maioria dos personagens feitos pelo comediante, no final apenas se parece com mais um personagem de Sandler. Ou seja, Max passa em branco. Torna-se apenas mais um personagem feito por Sandler, comunal à ele. Arrisco que até pode ser um de seus melhores (o personagem), mas não é, por exemplo, um Barry Egan (Embriagado de Amor), que é, na minha mais certa opinião, o melhor personagem até o momento feito por Adam. Além disso, neste longa, Adam parece estar desinteressado, pois não há intensas reações em sua interpretação. A todo momento, ele anda com uma cara fechada de "cansaço", "fraqueza". Enfim: Max Simkin é encarnado por Adam com muito "Sandlerismo", digamos, o que justamente faz com que não haja proporções maiores no resultado final da caracterização.
É tudo muito confuso. O filme é humano, possui alma e consegue ser uma ótima comédia, mas é muito confuso. O final não esclarece, apenas avança, como se o próprio quisesse "encerrar" de vez o filme. Não confundam minha opinião, por favor, neste bolo de confusão: a ideia do filme é perfeita, maravilhosa e genial, mas o desfecho é confuso, não bate com a criatividade proporcionada pela ideia, e cansa o espectador, apesar de ser bem engraçado em certas partes. O drama do personagem não o salva da completa ilusão que se torna. Preciso confessar aqui que, nos primeiros momentos, tinha certa esperança de ver em Trocando os Pés o mesmo que vi em Quero Ser John Malkovich, Feitiço do Tempo, Mais Estranho que a Ficção, só que, depois que o personagem descobriu a capacidade de poder se transformar em outras pessoas apenas por calçar os sapatos delas, se costurados/consertados na anciã e mágica máquina de sua família, algumas coisas começam a desapontar. Causa e efeito não batem, tornam-se imensamente desproporcionais e confundem a todo momento o público. É lógico, o público simpatizante nato de Adam Sandler, que não se preocupa nem um pouco em aplaudir os fracassos do ator e que quase sempre é ganhado por comédias pastelão, amará Trocando os Pés. Como eu não possuo quase nenhuma das características citadas acima, eu não simpatizei nem um pouco com esta comédia dramática de pontos altos e fracos: a maioria fracos.
No entanto, não deixo de elogiar o formidável elenco de figurantes deste filme. Mesmo que as proporções tomadas pelo filme sejam fraquíssimas, a história torna-se tão real pela participação sensata do elenco de figurantes que é quase impossível não identificar sua mera importância neste longa. Tom McCarthy assume o roteiro de maneira apaixonada, implorável, quando o mesmo torna-se belamente poderoso e criativo, apesar de frequentes erros. Trocando os Pés poderá te garantir boas risadas, mas logo perderá a graça quando assumir um papel menor no desfecho da trama, tentando usar elementos clichês no intuito de ganhar sua aclamação. Na tentação, não se surpreenda se o filme tentar te parecer humano e inusual, pois de fato ele é, mas de forma pouco sustentável.
Trocando os Pés (The Cobbler)
dir. Tom McCarthy - ★★
O primeiro grande erro de Trocando os Pés é querer se achar mais inteligente que o público. Não há coisa mais fatídica em um filme do que isso. O desenvolvimento dos elementos foi muito rápido, tanto que mal é possível notar o desenvolvimento caracterial dos personagens. O personagem Max Simkin, interpretado por Adam Sandler, apesar de ter uma certa diferença se comparado à maioria dos personagens feitos pelo comediante, no final apenas se parece com mais um personagem de Sandler. Ou seja, Max passa em branco. Torna-se apenas mais um personagem feito por Sandler, comunal à ele. Arrisco que até pode ser um de seus melhores (o personagem), mas não é, por exemplo, um Barry Egan (Embriagado de Amor), que é, na minha mais certa opinião, o melhor personagem até o momento feito por Adam. Além disso, neste longa, Adam parece estar desinteressado, pois não há intensas reações em sua interpretação. A todo momento, ele anda com uma cara fechada de "cansaço", "fraqueza". Enfim: Max Simkin é encarnado por Adam com muito "Sandlerismo", digamos, o que justamente faz com que não haja proporções maiores no resultado final da caracterização.
É tudo muito confuso. O filme é humano, possui alma e consegue ser uma ótima comédia, mas é muito confuso. O final não esclarece, apenas avança, como se o próprio quisesse "encerrar" de vez o filme. Não confundam minha opinião, por favor, neste bolo de confusão: a ideia do filme é perfeita, maravilhosa e genial, mas o desfecho é confuso, não bate com a criatividade proporcionada pela ideia, e cansa o espectador, apesar de ser bem engraçado em certas partes. O drama do personagem não o salva da completa ilusão que se torna. Preciso confessar aqui que, nos primeiros momentos, tinha certa esperança de ver em Trocando os Pés o mesmo que vi em Quero Ser John Malkovich, Feitiço do Tempo, Mais Estranho que a Ficção, só que, depois que o personagem descobriu a capacidade de poder se transformar em outras pessoas apenas por calçar os sapatos delas, se costurados/consertados na anciã e mágica máquina de sua família, algumas coisas começam a desapontar. Causa e efeito não batem, tornam-se imensamente desproporcionais e confundem a todo momento o público. É lógico, o público simpatizante nato de Adam Sandler, que não se preocupa nem um pouco em aplaudir os fracassos do ator e que quase sempre é ganhado por comédias pastelão, amará Trocando os Pés. Como eu não possuo quase nenhuma das características citadas acima, eu não simpatizei nem um pouco com esta comédia dramática de pontos altos e fracos: a maioria fracos.
No entanto, não deixo de elogiar o formidável elenco de figurantes deste filme. Mesmo que as proporções tomadas pelo filme sejam fraquíssimas, a história torna-se tão real pela participação sensata do elenco de figurantes que é quase impossível não identificar sua mera importância neste longa. Tom McCarthy assume o roteiro de maneira apaixonada, implorável, quando o mesmo torna-se belamente poderoso e criativo, apesar de frequentes erros. Trocando os Pés poderá te garantir boas risadas, mas logo perderá a graça quando assumir um papel menor no desfecho da trama, tentando usar elementos clichês no intuito de ganhar sua aclamação. Na tentação, não se surpreenda se o filme tentar te parecer humano e inusual, pois de fato ele é, mas de forma pouco sustentável.
Trocando os Pés (The Cobbler)
dir. Tom McCarthy - ★★
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