sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Crítica: "CREED: NASCIDO PARA LUTAR" (2015) - ★★★★


É impressionante ver como diminuiu a quantidade de filmes de temática esporte de luta, ou artes marciais, no grande circuito cinematográfico atual. Em meio a tantos blockbusters, superproduções de super-heróis e cia., que tanto tem conquistado o gosto e a devoção do público maior, o subgênero perdeu espaço e veio diminuindo com o tempo, com pouquíssimos exemplares do mesmo ao nosso dispor (isso porque eu ainda não toquei no quesito qualidade). Dentre estes pouquíssimos exemplares, vale ressaltar Creed: Nascido para Lutar. Sempre gostei muito da saga do Rocky Balboa, tendo o primeiro filme da série como um dos meus favoritos. Ver Creed é, em partes, nostálgicos, mas o filme assume com responsabilidade e originalidade o rumo da trama do Rocky, desta vez deixando o icônico personagem no cargo de coadjuvante para dar atenção a uma nova figura: Adonis Johnson, filho do ex-rival de Rocky, Creed. 

Após perder a mãe, Johnson passou por diversas casas da apoio e, eventualmente, ia para a prisão infantil. A primeira cena já mostra ele, criança, brigando com um outro detento. É nessa mesma cena que a esposa do falecido Creed visita a prisão, pela primeira vez, na bondosa intenção de adotar Adonis (filho que Creed teve com outra). Depois de um rápido corte, somos levados à atualidade, onde o garoto agora trabalha numa empresa e é praticamente um bem-sucedido. Porém, após uma promoção, perseguido pelo sonho de se tornar um boxeador, mesmo diante das boas condições da vida que leva, ele decide abandonar o emprego, o que aborrece em muito a sua mãe, que teme o pior nessa nova fase da vida de Adonis. O rapaz segue para a Filadélfia, onde pretende encontrar o lendário Rocky Balboa, com o objetivo de treinar ao lado do homem para aprimorar sua técnica na luta.

Muito se falou da atuação do Sylvester Stallone. E todos os elogios são justíssimos. O Oscar deve estatueta ao ator há muito tempo, e esta é a hora perfeita para ela ser finalmente entregue. Stallone está absolutamente impecável, mais uma vez brilhando radiante, ainda que num papel coadjuvante, na pele do personagem que o imortalizou mundo afora como o durão de coração mole que o Balboa é. E nem tudo é Stallone não. Quem domina a tela é o Michael B. Jordan, ator excelente, que interpreta o filho do Creed.

Ryan Coogler (triunfal diretor, revelado em 2013 com o aclamado Fruitvale Station) não tenta suecar os trabalhos anteriores da saga do Rocky como muito diretor (até alguns mais conhecidos) tentariam fazer. É claro, o filme faz ligação com os originais, e tem muitas referências, mas está longe de ser uma aspiração "remake". A partir disso, o filme marca pontos. 

As cenas de luta são muito bem montadas e filmadas. A sequência da luta entre o Adonis e o inglês Ricky Conlan é desafiadora e cativante. A melhor cena do filme inteirinho. É interessante ver que o personagem do Adonis é bastante semelhante ao Rocky, apesar de certas diferenças. Ele também é um durão de coração mole. 

O filme não é clichê, e nem muito pretensioso. O grande quê do filme é a dupla Rocky e Johnson, que aqui sintetiza uma relação pai e filho, construída no processo do treinamento do lutador, muito deliciosa de se assistir. Apesar do desenrolar trágico, o personagem Rocky rouba a cena com piadas irônicas e um humor discretamente ácido e divertidíssimo. Um retrato da mais pura realidade. Ao invés de fingir o que não é, o Sylvester assume seu icônico personagem na sua face mais efetiva: uma lenda já cansada e que não possui mais a força do começo. Nem ele mais consegue treinar no ringue, dando apenas indicações ao seu aluno, o Johnson. Antes os bípedes, agora o "garanhão italiano" é o cérebro da missão. Não se pode vencer o tempo. A cena final, diga-se de passagem, conduz bem o peso da idade no Rocky. 

Creed: Nascido para Lutar (Creed)
dir. Ryan Coogler - 

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