terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Crítica Combo: DOIS FILMES VISTOS NA RAPIDEZ


Só passando pra comentar rapidinho dois filmes vistos na rapidez, em sessões consecutivas no sábado passado: um suspense desconcertante e uma comédia sem emoção.


Maníaco (Maniac)
dir. Franck Khalfoun - 

Pra uma produção independente, tecnicamente falando, Maníaco é um primor. Não consegue se safar de nítidas imperfeições que, visto seu poderio em aterrorizar, poderiam passar facilmente despercebidas por nós, mas é certamente um trabalho bastante interessante. Peguei pra conferir, desprevenido, no último sábado. O longa é dirigido pelo francês Franck Khalfoun, que, por mera coincidência, foi selecionado como diretor, e roteirista, de Amityville: The Awakening, que será lançado em abril. O cara é um nato especialista em terror brutal e agoniante. A cara dele não é muito confiável, por sinal. Parece aquele Tom Six, o homem por trás do repugnante A Centopeia Humana. Os dois são diretores de terror que dão medo dentro e fora das telas. Eu, hein. Mas, enfim. Digo desprevenido porque não esperava encontrar um baita horror diante de mim, congelante. 

É sobre um rapaz que trabalha na loja de manequins da família e tem dificuldade em seguir adiante com relacionamentos amorosos, tudo por conta de uma obsessão com o passado da mãe, que se prostituía na frente do garoto, e nisso lhe proporcionou um trauma irreversível, que agora é pago com a vida de jovens garotas de Los Angeles. A maior parte de Maníaco, pra não dizer o filme inteiro praticamente, creio, é feito de cortes frontais, com a visão do personagem Frank emprestada ao espectador, como se nós fossemos o personagem. Com o passar do tempo, esse formato se dissolve, mas depois retorna brevemente. Apesar de demasiadamente incômodo, serve de costura à trama assassina do filme. Somos movidos pelo instinto de descobrir o que se segue dali em frente. 

E, apesar de ser chato dizer que esse é um filme ruim, há falhas graves. O roteiro é incompleto, cheio de furos, e inerte, sem reação. O (sumido) Elijah Wood se esforça para incorporar o horror que a trama e o seu personagem exigem, mas não passa daí. Ele definitivamente fica melhor ao lado do Peter Jackson do que ao lado de Khalfoun. A prova é Maníaco. A atuação dele não dá dimensão do horror. E eu acho que é isso que mais irrita. Não sei se foi proposital da parte do diretor eclipsá-lo com a câmera sempre frontal, como se nós fossemos o tal Frank da história, mas que serviu para melhorar a situação não posso negar.

Maníaco é homenagem ao cinema B, e é aí que suas as falhas exageradas ganham importância. O filme faz conexão com diversas obras do horror, principalmente pertencentes à camada B, e até mesmo as mais primitivas, nem mesmo consideráveis cinema B, como é referenciado quando o personagem do Elijah Wood sai com a fotógrafa Anna para ver O Gabinete do Dr. Caligari. De qualquer forma, esperava ficar mais surpreendido. Ver Maníaco tem vantagens bem como desvantagens. É difícil calcular se há mais ou menos em conta ao ver o projeto. Maníaco foi lançado ano passado em DVD. Por sorte, eu tinha conseguido a cópia pouco tempo após seu lançamento. Mas só foi há poucos meses que percebi que o azar veio disfarçado como a tal sorte. O disco não rodava direito, dava solavancos, pulava as cenas, travava. Fui tirar satisfações, só que ninguém soube me explicar o que havia acontecido. O jeito foi apelar para o Telecine Play (depois de quase dois anos sem o pacote, desde que cancelei, acoplei-o à minha rede de canais pagos, com muita alegria). 


Duplex
dir. Danny DeVito - 

Complicado. Esses filmes Sessão da Tarde com suas levezas inexplicáveis tendem a nos conquistar sem nem ao menos nós mesmos tendo tido a experiência de vê-los por inteiro. É por comerciais, e até mesmo visitas de passagem durante as suas inúmeras sessões dentro do rol de filmes do clássico programa vespertino, que conhecia Duplex. Sem contar esta, a última vez que vi um pedaço dele foi ano retrasado, e estava (inusualmente) empolgado ao ver o filme, mesmo sem ter terminado de ver. 

Eu não sei se é mágica da equipe que monta e seleciona a grade, que, através de cortes, consegue encurtar e, quem sabe?, melhorar o aspecto dessas produções populares, ou se é meu estado de afeto com esses filminhos leves e simplistas, só sei que Duplex era, antes dessa última revisão, realizada também no último sábado (pra falar a verdade, na madrugada de domingo), um filme bom. Desceu no meu conceito, agora que o vi por inteiro, sem cortes, sem efeitos adicionais, sem porra nenhuma. Que filme chato. Não sei como não consegui dormir, ainda mais sendo de madrugada, se bem que recentemente vim sofrendo de umas crises brabas de insônia. Mas, depois de visto o filme, passei a imaginar comigo se o efeito de vê-lo não deveria ser o mesmo de ingerir litros de maracugina.

Antes de perguntarem se eu não gosto de Matilda, outro clássico Sessão da Tarde também dirigido pelo então ator Danny DeVito, já que não gostei nem um tiquinho de Duplex, digo que é o melhor do DeVito. O diretor/ator tem manha para fazer filmes com essa inspiração clássica, antiga. Não é à toa que Duplex começa com uma sequência animada à la Hanna-Barbera e a fonte dos créditos são inspiradas em título de comédias escrachadas da velha Hollywood. 

Tentei gostar, mas desde o começo fiquei enjoado. O filme é repetitivo, não tem voz, não tem graça. Tenta ser aquele tipo de filme "quebra-preceitos" mas tudo que faz é ser um "quebra-paciência". Nem mesmo a Drew Barrymore, que nunca gostei muito, mas que surpreende em certos filmes, salva. Imagine o Ben Stiller (só pra deixar avisado, também nunca fui muito com a cara do Ben). Os dois não estão totalmente péssimos, mas não passam de medianos. O grande problema é que eles conseguem embarcar na brincadeira, e ficam atuando feito idiotas (desculpem-me a expressão, mas é a única possivelmente encontrada por mim para descrever essa situação em sua absoluta paspalhice). 

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