segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Teatro: "MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS"


Vou menos ao teatro do que gostaria. Isso é fato. Mas, também, quando vou não tenho azar. Por exemplo, adorei a adaptação teatral de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, clássico do Almodóvar, em releitura musical simplesmente espetacular, pelas mãos do Miguel Falabella. A convite do meu irmão, aceitei, domingo passado, ver o musical acompanhado dele e de sua noiva, que passaram a frequentar bastante o teatro de uns tempos pra cá. Eles viram Mistero Buffo, com o Domingos Montagner, no Teatro SESI na Paulista, recentemente. E, depois dessa vez, só estou esperando pela segunda rodada. Foi bom demais. Sinceramente. Dia de ouro. 

O musical é estrelado por duas atrizes globais, Marisa Orth e Totia Meirelles, que estão, respectivamente, nos papéis de Pepa Marcos e Lucía. As duas estão excepcionais, em especial a Totia, que rouba a cena várias vezes. E a Marisa é uma cantora lindíssima. Não sei se ela estava dublando, mas me emocionei várias vezes durante a apresentação. Alegria e comoção. 

Essa versão é na verdade uma readaptação, já que a versão original do musical é americana. Muito interessante. Eu não sabia. O Miguel Falabella viu a peça em Londres nesse ano e correu para fazê-la aqui em São Paulo, já que inicialmente não estava cotado para assumir a produção. O resultado é brilhante. E o musical mantém fidelidade ao estilo do original, que trouxe fama mundial ao Pedro Almodóvar no finalzinho da década de 80, sempre muito colorido e brega. Os figurinos, só de passagem, são realmente divinos. O desenho de arte não deixa de ser absolutamente fascinante. 

A atriz Helga Nemeczyk, ex-membra do programa Zorra Total, também está aqui, na pele da Candela. Do elenco feminino, ela é a que melhor canta. Acidentalmente, tinha me confundido pensando que era a Simone Gutierrez que a interpretava. E, por coincidência, ela tá atuando ao lado do Miguel Falabella na adaptação da Broadway Antes Tarde do que Nunca, peça que estava sendo exibida aqui em São Paulo. Também merecem destaque o Ivan Parente, no papel do simpático taxista, e que do elenco masculino é o que melhor canta; o ator Daniel Torres, colaborador do Miguel Falabella nos seriados Toma Lá, Dá Cá e Pé na Cova, encarna o personagem Carlos, na versão cinematográfica interpretado por Antonio Banderas. Faz tempo que vi o filme, e adorei. Me emprestaram o DVD uma vez. Prometi pra minha irmã que iríamos rever.

Uma das partes mais legais da peça foi quando o ator Juan Alba, que interpreta o Ivan, amante de Pepa, marido de Lucía e também amante da advogada de Lucía, Paulina Morales, desceu do palco e fez gracejos a duas mulheres na plateia. Todo mundo riu. Apesar de aparecer pouco - mais pro final - ele também tá ótimo. Só achei a escolha da Totia Meirelles para o papel da louca Lucía errado. Eu acho que a Stella Miranda, que faz a Dona Álvara em Toma Lá, Dá Cá, cairia como uma luva. Mas a Totia tá sensacional. De longe, ela e a Marisa estão empatadas como as melhores do elenco. Falando em Marisa Orth, li recentemente que ela decora os textos copiando. Dessa eu também não sabia. 

cotação: 
estréia: 14 de novembro de 2015
onde: Teatro Procópio Ferreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário