Crítica: "GUERRA NAS ESTRELAS" (1977) - ★★★★★

Chamar Guerra nas Estrelas de filme-revolução não basta, uma vez que muitos filmes, até mesmo hoje em dia, são rotulados de graça, sem depender de qualidade, idade ou qualquer outra coisa. Problema de uma geração. Mas foi de Guerra nas Estrelas, o precisamente "filme-revolução" da história, falando de tecnicismo, que se originaram hoje os mais diversos títulos de adaptações HQ, super-heróis, blockbusters ricos em efeitos visuais, e por aí segue.

George Lucas é dono de uma das maiores produções de todos os tempos, símbolo da inovação e da criatividade, e também da força do cinema. Guerra nas Estrelas, gosta-se ou não, é um clássico admiravelmente cativante e insubstituível. Toda a franquia, de fato, é. Mesmo os atuais, que não obtiveram a mesma aclamação da trilogia primária (Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi), tem lá sua pequena quantidade de primor e magia, provindas dessa trilogia marcante.

Estamos em 1977. Tempos distantes, não remotos. Um carinha chamado George Lucas, com apenas dois títulos em sua filmografia, incluindo o indicado ao Oscar Loucuras de Verão, apresenta uma ideia "absurda" e "esquisita" aos olhos dos produtores, que inicialmente pensam que o tal projeto de ficção-científica não dará em nada. Estamos em 2015. A produção sci-fi, gentilmente apelidada de western espacial, que inicialmente não daria em nada, agora já está em seu sétimo capítulo, o muito possivelmente filme mais promovido e esperado do ano. A franquia Star Wars é famosa no mundo inteiro, ganha dinheiro pra caramba e, enfim, como o mundo é irônico, não? 

A quase trinta anos de nós, um filme, numa galáxia distante, conseguiu reproduzir cenas icônicas, efeitos extraordinários para a época e que iam além daquele tempo. George Lucas, gênio, leva o crédito dessa criação exímia, e que até hoje encanta qualquer espécie de público. Mais do que revigorante, estupefato, epifrênico, maravilhoso, é gratificante receber um presentão desses, de tamanha, comovente, grandeza. 

Um fato interessante sobre Guerra nas Estrelas é que houve diversos problemas durante as filmagens. Engraçado e inacreditável ao mesmo tempo. Houve falhas nos instrumentos técnicos e nos cenários durante as árduas gravações na Tunísia. O Mark Hamill sofreu um acidente de carro, e as gravações tiveram de ser temporariamente adiadas, sem falar no clima de tensão que acabou deprimindo o George Lucas, que também passou por diversos distúrbios de saúde enquanto filmava - até mesmo hipertensão. Foi puxado. E também deve ser uma loucura estar num projeto tão cotado e precioso, e tentar fazer o máximo para dar o máximo de si e conseguir realizar um bom filme que tinha muitas chances de ser um fracasso.

Os ainda desconhecidos Harrison Ford e Carrie Fisher brilham em tela, formidavelmente. Os esforços para que tudo corresse bem, vindos tanto da equipe, do diretor e do elenco, não se foram em vão. O resultado é um baita espetáculo. O roteiro não dá ao público o luxo de respirar, com sequências de ação tanto bem escritas quanto bem desenvolvidas dentro da estratégia do filme, de tirar o fôlego. A fotografia de Gilbert Taylor, que filtra bem os espaços preenchidos por tecnologia de ponta e máquinas, sem falar no equilíbrio visual mantido nas cenas desérticas e também nas batalhas. É tudo muito surreal e incrível.

Não no sentido de ser algo bastante evoluído, já que pra nós, que praticamente vimos de tudo no cinema, deixa até um pouco de ser surpreendente ver Guerra nas Estrelas quanto aos efeitos visuais, no sentido de ser algo mais avançado do que podemos ver hoje. Mas é impossível não se maravilhar com os truques bem colocados, a edição ágil e que não deixa rastros de quaisquer imperfeição, essa fotografia divina do Taylor... Tudo conspirou ao sucesso, à perfeição. É certamente um filme lendário: mais que lendário! E muito provavelmente além dos limites que essa definição pode prover. Não há palavra, ao certo, que descreva o inteiro epicismo e a magia que abraça esse clássico.

Guerra nas Estrelas / Star Wars: Episódio VI - Uma Nova Esperança
(Star Wars)
dir. George Lucas - ★★★★★