terça-feira, 4 de julho de 2023

CHE: PARTE UM / O ARGENTINO (2008)


Fazer um filme sobre a vida de alguém como Che Guevera é uma tarefa e tanta. Não só porque se trata de uma história de vida tão extensa, tão cheia de idiossincrasias, aventuras e detalhes pra dar conta, mas por conta do imenso legado e simbolismo por trás da vida e figura de Che Guevara, o homem que participou da transformação socialista mais impactante e lembrada do século 20, pelo menos no mundo ocidental, e que décadas depois ainda é um símbolo da luta por melhorias sociais e mudança política. Não tinha como não ser um projeto ambicioso. Trata-se de um filme épico apenas por natureza, pela História. É interessante ver a visão de Steven Soderbergh sobre a participação de Guevara na revolução cubana e a consequente fabricação e consolidação desse símbolo latino-americano que passou a ser tanto reverenciado como tiranizado em igual medida.

O foco do filme é em como se deu essa revolução, como que o exército não tão robusto de combatentes encabeçado por Guevara e Castro (em interpretação digna de nota pelo mexicano Demián Bichir) conseguiu ganhar uma improvável batalha pelo futuro socialista da nação de Cuba. O filme está interessado na luta, e em como Guevara se estabeleceu como uma liderança militante, praticamente o braço direito (ou, com o perdão do trocadilho, braço esquerdo) de Castro na guerrilha. É um filme de guerrilha, e ele é muito competente em ser um filme de guerrilha.

O filme é de Benicio Del Toro, ele está excelente (não à toa ganhou Melhor Ator em Cannes, e Sean Penn disse que ele devia estar no Oscar em 2009 por seu trabalho aqui), mas a força do filme está, justamente, na sincronia de um elenco fenomenal. Trata-se de um filme que, apenas pelo nome, já estaria embriagado de expectativa, mas que é muito mais uma visão minimalista, intimista, do que foi a revolução cubana. Pode não parecer um filme de ação à primeira vista, mas pra mim ele é tão épico quanto o filme de ação mais explosivo, e talvez seu maior mérito seja mostrar como algo que começou pequeno se transformou numa verdadeira odisseia política, cujo estrondo é sentido com força até os dias atuais. Também é legal ver como o Soderbergh consegue adaptar a trajetória de Che com tanto charme para as telas nos dias atuais. É fenomenal.

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