Ótimo drama de época sobre um grupo de irmãos vivendo tempos difíceis na Argélia pós-segunda guerra, e que acabam se envolvendo no submundo do crime. Quem já viu o DIAS DE GLÓRIA não vai estranhar, porque os temas entre os dois são muito próximos. Há um diálogo interessante. DIAS DE GLÓRIA tratava dos argelinos indo lutar na 2º G. Mundial em favor dos franceses, e lidando com as questões étnicas que se tornaram tão tensas entre as nações africana e francesa, e esse aqui parece conversar com ele na mesma medida ao mostrar esses irmãos tentando sobreviver numa Argélia pós-2ª guerra que está lutando pela independência e ao mesmo tempo ainda lidando com as marcas da presença francesa na Argélia. Aqui, essas tensões políticas estão fortemente presentes na relação entre os três irmãos, que além de lidar com o estresse político, ainda tentam corroborar com o envolvimento na criminalidade enquanto tentam construir uma vida, cada um no seu caminho. É louvável que a escolha pra interpretar os três irmãos tenha sido os mesmos atores (excelentes) do DIAS DE GLÓRIA, no caso o Jamel Debbouze, o Roschdy Zem e o Sami Bouajila, e o que dá gosto é ver que esses três intérpretes estão igualmente competentes e sensacionais, é a razão para se assistir esse filme. E é inevitável a comparação com Scorsese, visto o tratamento que o filme dá à violência e a criminalidade, e o foco no comentário político sobre o momento delicado de uma nação como a Argélia tentando firmar sua identidade política e conciliar a diferença entre seus cidadãos e dissidentes.
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