Depois que começou a guerra entre Rússia e Ucrânia, todo mundo correu pra tentar entender o que de fato estava acontecendo na briga entre os dois países, briga essa que já se arrastava de forma mais bem documentada pela mídia pelo menos desde 2014, ano em que a anexação da Crimeia também fez parte dos noticiários e os nomes Rússia, Ucrânia e guerra foram mencionados juntos com mais frequência, porém o que a gente encontrou foi que a história é bem mais complicada por debaixo da superfície e a relação entre os dois ex-países soviéticos é um verdadeiro enigma chinês, e um ano dentro dessa guerra assombrosa ainda é difícil entender o que realmente está a motivando e o que realmente quer Putin com ela. Afinal, essa é a pergunta que todo mundo está fazendo, o que quer Vladimir Putin com o conflito entre russos e ucranianos? E o documentário sobre a liderança política Alexei Navalny tem o mesmo gosto dessa pergunta. O que quer Navalny? E o filme é uma possível resposta a essa pergunta. O nome de Navalny fez manchetes na pandemia depois que acusaram o governo russo de tê-lo envenenado. Navalny é voz da oposição a Putin, e o envenenamento foi-se dito ter motivações políticas. Visto o documentário pode-se entender facilmente porque Navalny atrai essa ojeriza nas autoridades russas. O filme é o registro desse confronto entre o autoritarismo totalitarista das governanças russas e as tentativas de qualquer corpo de oposição de se infiltrar nesse autoritarismo e questionar a ordem política do lugar. Mas o documentário chega ao nível de ganhar proporções pessoais, sentimentais, e se torna mais do que uma vitrine da persona política de Navalny. É, também, uma espécie de filme-confessionário, de alguém que, cansado de uma luta de Davi contra Golias, ainda não está pronto para baixar a guarda e ceder. Navalny é tanto sobre Navalny quanto é sobre Putin, mas, ainda que o filme tenha seus pontos nesse questionamento saudável do poder e de um autoritarismo que cada vez mais parece beirar o irracional, é meio intrigante a gente pensar que se trata de uma produção da CNN que tem tons documentais tão mais próximos de um filme de campanha presidencial. Porém, o esforço de retratar a angústia de Navalny é muito válido, e se tem um motivo para assistir o filme, então é esse.
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