
Greta olha pra trás, na Guerra Civil Americana, pra lidar com as questões que a era #MeToo levantou, e as fragilidades sociais da época de Alcott, convergindo em preocupações atuais. A seriedade divide lugar com o entretenimento, e o elenco, em estado de graça, se doa pros personagens do romance. Enquanto os homens saem pra ir à guerra, as mulheres permanecem em casa, as filhas se descobrem e a mãe toma conta como pode. Greta tentou traduzir "Mulherzinhas" e saiu do outro lado com frescor e propriedade, intercalando dois momentos diferentes, como um balé cinematográfico, e tentando resgatar o que cada personagem experienciou naquele tempo. Uma sequência deliciosa pro LADY BIRD, e que deixa a gente com um gostinho muito parecido, no sentido de como o filme retrata e a gente absorve, esse inspirado ADORÁVEIS MULHERES. Greta é uma grande diretora sim. O jeito que ela navega pela história, com esse olhar honesto, é mais que especial. ADORÁVEIS MULHERES tem um bocado de sequências deliciosas, as atuações divertidas, mas também sinceras (Saoirse tá perfeita), equilibra leveza com o drama, consciente de onde quer chegar. Assim como o LADY BIRD, se concentra no amadurecimento feminino, também com sua percepção sobre a chegada do amor, mais incerto, mais confuso, porém também mais intenso e, de alguma forma, libertador (os conflitos da Jo, de não querer estar presa às convenções, mas sentindo um grande desejo de se apaixonar, permanecem contemporâneos). E eu gosto bastante desse núcleo sentimental do filme.
Adoráveis Mulheres (Little Women, dir. Greta Gerwig, E.U.A.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário