
Me lembrou do recente LEAVE NO TRACE, especialmente na dura transição de um ato pro outro, quando os personagens saem de sua rotina numa cidade isolada e se veem jogados no mundo, sem rumo. A mudança no clima do filme é óbvia, mas tem bem mais por trás desse lado aparente. Quando os personagens são jogados de uma realidade pra outra, seus laços permanecem intocados. A falta de diálogos (o casal principal não troca uma palavra) curiosamente reforça ainda mais toda a conexão entre eles, na mesma medida que aquela situação de abandono (e a dificuldade de se afirmar no mundo e de ter o seu espaço nele) põe essa conexão à prova. O resultado é tanto encantador e doce quanto amargo e brutal. O filme opera nesses dois climas, filtrando como eles perseveram (ou não) diante das dificuldades. Com um elenco fenomenal, SAMSON AND DELILAH (2009, dir. Warwick Thornton) é uma pérola escondida do cinema australiano, um retrato particular da vida dos nativos, lidando com a marginalidade, a exploração, a violência e a negação da sociedade, mas sem nunca desviar seu olhar de empatia, especialmente no campo sentimental, mesmo ao mostrar o quanto a vida e a sociedade são duros com eles.
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