Comédia romântica. Eu particularmente não acho que seja um gênero complicado. O problema é que fazem muitas comédias românticas sem originalidade atualmente, que sempre acabam beirando o clichê ou se marginalizando na falta de criatividade e competência (há muitos casos, quero dizer, muito embora existam inúmeras "exceções"). Mas eu não acho tão difícil apreciar um filme romântico. O pessoal de hoje maldiz o gênero como se fosse uma praga ou algo do tipo, mas não é. Seria a leveza do gênero, minha interpretação e reação, a história, a identificação que caracteriza esse meu fraco por comédias, ainda mais românticas? Eu sei que adoro de coração o gênero. E, por mais que existam filmes ruins, não dá pra dizer não quando a gente se depara com filmes do porte e do tamanho de Casamento Grego, referência dentro do gênero que habita.
A premissa dessa comédia romântica que eu amo rever é simples: Toula, descendente de uma família grega de raiz, passa seus dias lamentando o seu destino -- aos plenos 30 anos de idade, a moça, que ainda trabalha no restaurante "Dancing Zorba's", propriedade da família, nunca teve uma experiência amorosa antes e que está sendo alvo dos pais e dos tios para ser enviada à Grécia, onde deverá se casar com um "bom e honesto rapaz grego", como reza a tradição que paira sobre a família há várias gerações.
No anseio de começar a viver, ela decide se arriscar, pedindo permissão ao pai para cursar informática na universidade. Não demora muito e ela se apaixona por um rapaz que conheceu no restaurante da família. O único "problema" é que Ian, este rapaz, não é um grego, ele é (nas palavras do pai rigoroso de Toula) um "xeno", o que atormenta a família "barulhenta" e "gigantesca" da moça.
Prazerosamente engraçado e cheio de vida, Casamento Grego é daqueles filmes que te pegam de surpresa e encanta profundamente e ingenuamente. É tão engraçado observar o discreto choque de culturas que se instala, por vezes com um ar cômico e comichão, e noutros uma levada grandemente interessante. Há quem ache desnecessário, mas pra mim é delicioso, muito engraçado. Aliás, graça é apelido em Casamento Grego. O filme é indescritivelmente brilhante como comédia. Não dá pra resistir.
A surpresa mais grata de Casamento Grego é a sua protagonista excelentemente talentosa, Nia Vardalos, numa performance riquíssima. O roteiro da comédia romântica, levemente baseado nas experiências da atriz, que é descendente de gregos, também é da autoria dela (Nia, inclusive, foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Original em 2003). O marido dela na vida real, Ian Gomez, aliás, faz uma pequena ponta no filme, como aquele professor que é o amigo do Ian, que aparece na cena em que os dois vão lanchar no "Dancing Zorba's" e em outras cenas. Ele é o carequinha.
Se vale como um filme sobre os valores da família? Porque não? Toda família é torta mesmo, maluca mesmo, não há segredo nisso. O importante é conviver fraternalmente, cultivar o respeito, a lealdade. Em certos momentos a gente chega a perder a cabeça mesmo se a gente for se preocupar com os defeitos das nossas famílias. Mas não dá pra evitar. Isso acontece nas melhores famílias, como diria a Chiquinha. Afinal, família é tudo o que a gente tem no fim das contas.
Se você é ou se você não é grego, é impossível não se deliciar de rir com as presepadas dos Portokalos. O filme se beneficia demais de sua abordagem narrativa equilibrada, de mãos dadas com o humor sem ser babaca ou supérfluo. O resultado é uma comédias das melhores e mais extasiantes.
O elenco também se salva como uma das melhores coisas de Casamento Grego. A fanfarrona família de Toula, a maioria constituída por atores norte-americanos, é de fazer a gente gargalhar até molhar as calças. Não sei se é porque revi demais, mas me lembro que da primeira vez foi uma coisa mágica ter visto Casamento Grego, realmente eletrizante e muito, muito, muito engraçado.
Casamento Grego funciona, é de qualidade, tem um elenco magistral, uma protagonista e roteirista estrondosamente engenhosa e íntegra por trás do projeto inteiro, sequências que chegam a ser marcantes de tão engraçadas e deleitosas. É simplesmente um primor de filme, genialmente excepcional. Faz um tempinho tentei procurar a série do filme, My Big Fat Greek Life, mas nada encontrei. Vou tentar retomar minhas pesquisas. E Casamento Grego 2 já está nos cinemas, trazendo o elenco original do filme de 2002 de volta após quase quinze anos desde as gravações do primeiro. Estou ansiosíssimo, muito embora o que mais andam falando da comédia é que se trata de um filme "batido" e "ultrapassado". Tomara que não seja desse jeito. Nutro um carinho enorme por Casamento Grego e espero gostar de Casamento Grego 2 tanto quanto, apesar de tais desencorajamentos. Ah, e alguém aí sabia que o diretor do filme (Joel Zwick) é também o diretor da série Três é Demais? Fato curioso.
Casamento Grego (My Big Fat Greek Wedding)
dir. Joel Zwick - ★★★★
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