domingo, 10 de abril de 2016

Crítica: "FIM DOS TEMPOS" (2008) - ★★★★


Os filmes de M. Night Shyamalan tem algo de... huh... como descrever? Profundos? Tocantes? Tudo isso também, mas primeiramente: poderosos. Os filmes desse inigualável mestre são extremamente poderosos, potentes, firmes, chocantes (de uma perspectiva mais afetiva/humana, de romper essa casca e partir para um questionamento ainda mais aprofundado). É uma característica em comum entre os seus trabalhos. Todos eles, de uma forma ou de outra, ostentam poder e sempre transmitem um monstruoso impacto em quem vê (ou melhor, em quem sabe ver -- como A Dama na Água, o filme anterior do diretor, Fim dos Tempos do que tem de filme bom também tem, à mesma medida, de filme subestimado). O resultado é mais uma pérola grandiosamente espetacular vinda de um dos maiores cineastas do cinema contemporâneo. Fim dos Tempos é excepcional. 

A cena de abertura é bizarra e ao mesmo tempo escandalosamente tenebrosa. Estamos no Central Park, em Nova York. Duas amigas estão sentadas num banco. "Esqueci onde estou", diz uma moça. Ela carrega um livro. A outra a lembra sobre o segmento ao qual ela está se referindo. Um grito fulmina e a jovem se assusta. É aí que tudo começa. A região nordeste dos Estados Unidos é tomada por um surto de um perigosíssimo vírus que afeta o sistema neurológico das pessoas, fazendo com que elas, numa reação auto-destrutiva, se matem. Não demora muito e o vírus, "transmitido" pelo ar, já predomina em vários estados e grandes cidades do nordeste do país. 

Metade suspense, metade terror (em menor escala -- o clima constante de desespero inevitavelmente emula um ar de terror), Fim dos Tempos pode ser contemplado tanto como um marco na carreira de um diretor em ótima forma quanto um filme de proporções gigantescas, de mensagem estrondosa e comovente. Shyamalan faz de Fim dos Tempos seu protesto contra à destruição do meio ambiente e da degeneração da natureza pelos humanos. Ficção científica? Olha, não vale descartar. O legal é enxergar o filme do jeito que ele é. Não vim aqui pra entrar nesse território nem pra julgar, muito menos dar sermão mas, se a gente for ver bem de perto, é um dos massivos perigos dos tempos atuais [a destruição do meio ambiente]. Dá a impressão de até ser um filme pra criança (no bom sentido e tirando a violência) por conta da fórmula, só que pra adultos. Louco, né? Fim dos Tempos toca na ferida desse assunto problemático e o mais impressionante é que, mesmo radicalizando certas convicções "imprecisas", faz a gente pensar fundo a respeito dessa temática. Bem como a moça abre o filme, será que a gente "se esqueceu" de onde a gente vive -- de onde nós estamos? Essa questão da preservação ambiental é mais séria do que possamos imaginar. 

A proposta é uma grande de uma contribuição fantástica. E eu não vejo sequer uma mínima existente razão para a desaprovação de Fim dos Tempos. Será que existem tantos haters assim de M. Night Shyamalan? Deve ser a teoria mais provável para tanta falta de consideração com o trabalho do mestre do suspense e das tramas easter egg.

Muito embora a atuação excelente do Mark Wahlberg seja bastante notável e considerada uma "surpresa", pra mim esse posto é ocupado pela graciosa Zooey Deschanel, que no cinema de papel conhecido só tem mesmo pela comédia romântica (500) Dias com Ela (também tem o filme Sim, Senhor!, mas não chega a ser tão popular quanto o mencionado). A performance dela é uma grata surpresa, ainda mais quando se trata de uma artista tão cultuada pelo público e que eu mesmo, quando perguntado, digo que só conheço por "reputação" e fama, já que é bem difícil vê-la nos filmes (e olha que curiosidade irônica a respeito disso: o pai dela é o grande Caleb Deschanel, diretor de fotografia do visualmente estonteante A Paixão de Cristo e também do ainda-não-conferido O Patriota, indicado ao Oscar por ambos os trabalhos e eu creio que alguns mais). Aliás, o diretor de fotografia de Fim dos Tempos é Tak Fujimoto, o mesmo de O Sexto Sentido. A trilha sonora é executada por James Newton Howard.

E é isso aí. Sou fã de Shyamalan desde a primeira vez e a cada filme do gênio que vejo a minha consideração por ele aumenta. Impossível não amar. Impossível não pedir bis. Impossível não se fascinar e deliciar com um presentão desses. Valeu, Shyamalan, por mais um filme competente e simplesmente espetacular em cada aspecto!

Fim dos Tempos (The Happening)
dir. M. Night Shyamalan - 

Nenhum comentário:

Postar um comentário