A Árvore da Vida não é apenas uma reflexão sobre todas as coisas e a criação do universo, mas é a observação dos elementos que contribuíram para a formação da vida na Terra e a formação de todos os seres que nela habitam. O filme tenta aproximar a fé da ciência de uma maneira da qual ambas consigam atingir a razão, ao invés do embate que as divergem. Alguns se sentiram desconfortados ao assistirem A Árvore da Vida, mas é inegável dizer que se trata de uma obra carregada de um sentimentalismo próprio e a maestria divina e filosófica do cineasta americano Terrence Malick, quão incompreensível e intocável.
O roteiro incrementa todos os aspectos da vida, através da conexão dos seres vivos. De um lado, somos apresentados á uma família texana do interior, parcialmente comum. A mãe é sensata e insegura, ingênua e dócil, que preza o valor da religião e da família, apesar de ser controlada pelo marido. O pai controlador e severo, impaciente e flexível, não tolera comportamentos irregulares da parte de seus filhos , e por isso os trata rigidamente e os ensina o caminho da educação e de uma vida exemplar, mas nota-se que o próprio também se encontra divido entre a família e o trabalho. Os filhos são infelizes e oprimidos em razão á triste e decadente relação com o pai. Com o tempo, os filhos amadurecem e se voltam contra ele, buscando a liberdade e a fuga da rotina privada. Já no tempo atual, a morte de um dos filhos causa um desequilíbrio intenso: a mãe está confusa em relação á tudo que já foi construído na família e o pai é domado por uma sensação melancólica de culpa. Diante das relações que o filme realça, tudo se encaixa perfeitamente, mostrando a cadeia que aprisiona a vida dos humanos, seus medos e suas esperanças, suas ambições e suas regras.
Do outro lado da história, a fotografia surreal comandada pelo Emannuel Lubenzki é refletida nas cenas que interpretam a origem da vida e de tudo ao redor de nós. As flores, os répteis, as bactérias, os dinossauros, os tempos inicias são retratados de uma maneira realista e abstrata por Malick. A chama incandescente que ilumina o espaço frio. A dança do vento que paira no deserto vazio. A chuva que molha suavemente o solo seco. A água que corre sensualmente no leito de uma cachoeira barulhenta. O sol que toca a folha das árvores. Tudo tem um significado, e Terrence Malick não desiste e tenta convencer o público de sua ansiedade por codificar todo o sentido da vida nos aproximados 130 minutos de pura reflexão e uma profunda sensibilidade formal.
A Árvore da Vida demonstra o melhor de Terrence Malick, sua visão autêntica, alternativa e única, vista em Cinzas do Paraíso e Além da Linha Vermelha. Porém, até hoje, a arte expressiva e filosófica de Malick atingiu seu auge em A Árvore da Vida. Sublime e subrealista, afetivo e triunfante. Uma obra-prima que filma o instinto humano através de uma maestria poética que não precisa de Hollywood, ou de Steven Spielberg para atingir um nível de impacto consideravelmente maior do que muitas produções contemporâneas. O espírito do filme eleva a existência e a estrutura, que possibilita da análise do desenvolvimento familiar á expansão do conflito entre a razão e a liberdade, e um registro inesquecível dos tempos primordiais em uma passagem visual astronômica. A Árvore da Vida, não é só um filme, mas uma jornada preciosa e transcendente.
A Árvore da Vida (The Tree of Life)
dir. Terrence Malick - ★★★★★
A Árvore da Vida (The Tree of Life)
dir. Terrence Malick - ★★★★★
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