Grande elenco, incrível consistência narrativa. Personagens do cotidiano, situações banais, um andamento paciente que valoriza os diálogos e cria uma ótima verbalização dentro de um contexto improvável. A graça do filme está justamente nesse tratamento banalizado das ações dos personagens, a anti-tensão que toma conta dos conflitos contidos, só para nos lembrar que estamos assistindo a fragmentos do ordinário, mas ao mesmo tempo um estudo delicado da exposição humana, cujo maior mérito é não se levar a sério. Disto, nasce um encontro no mínimo interessante entre a leveza e a afirmação do que nos cerca como um flagelo da redundância, de questionamentos vazios sobre o que nos abomina, de esvair-se em sentimentos passageiros e não encontrar aquilo que mais se deseja. Daquilo que é banal, nasce uma admiração muito confortável que une crimes, relógios, nudes, discos falsificados, amores inconfessos e heavy metal. É a união de personagens que parecem não ter muito em comum e tem tudo em comum: a revitalização de uma banalidade que em sua completude pode expressar desde um carinho despercebido a uma violência incerta. É o cinema que se identifica como a ode do prosaico, do mero que é vulgar, da palavra que não é dita, do silêncio que não se cala.
Person to Person
dir. Dustin Guy Defa
★★★
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