E foi a vez da atriz Greta Gerwig (musa do cinema independente americano atual) abrir suas asas e se arriscar na direção de um filme que acabou se tornando um dos títulos mais queridos pela crítica no ano passado, que é Lady Bird, indicado a cinco Oscars, vencedor do Globo de Ouro, presente em diversas listas de melhores do ano. Ou seja, o filme foi um sucesso. E a ansiedade para conferi-lo era maior ainda. Rapaz, não é que o filme é bom mesmo? Gerwig prova ser não só diretora mas roteirista competente quando se trata de orquestrar um trabalho tão pessoal de forma a torná-lo tão coletivo, dono de sentimentos tão diversos e singulares, que é impossível não se sentir no mínimo felicitado por um filme assim, capaz de evocar tanta coisa e com tão pouco. Afinal, é uma produção esculpida na simplicidade, no despojo de uma construção narrativa consistente e com muita garra que se escora na sutileza para gerar momentos genuínos de pura graça e harmonia.
As ansiedades de uma idade confusa, inquieta, marcada por descobertas, desavenças, loucuras e emoções à flor da pele, a adolescência, retratada na pele de uma moça que está passando dessa fase para a vida adulta encarando as expectativas e as realidades do seu mundo conflituando com o que ela realmente quer para si, o turbilhão de responsabilidades e mudanças que prenunciam a chegada da maturidade sinalizam para uma necessidade de auto-transformação, renovação e afirmação pessoal, que irá desembocar nessa jornada amalucada de uma jovem querendo fugir da sua cidade natal a qualquer custo, mesmo estando nela depositadas as suas memórias, seus anseios, sua vida. É a necessidade de fugir que a faz odiar um lugar que, na verdade, é o receptáculo de todas as suas energias, sentimentos e sonhos. Odiamos e reclamamos tanto, só para depois percebermos o quanto nutríamos amor, mascarado de repulsa e desgosto.
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