
O mal-estar ambiental já tinha sido pivô de uma grande obra do Haynes (MAL DO SÉCULO). O tom de preocupação não está distante em DARK WATERS, e um intervalo de 24 anos separam os dois filmes, mas agora Haynes está interessado em abordar a especulação corporativa e a natureza assassina de uma indústria responsável por envenenar a população com um químico fatal, ao longo de anos e décadas. Além do demorado processo legal para responsabilizar os culpados, DARK WATERS trata da negligência e do descuidado em nome do dinheiro, em como a vida humana passou a valer muito menos do que o lucro e o poder aos olhos da corporação.
Não é o filme mais tranquilizante pra se assistir na quarentena, mas está ligado de alguma forma com o que estamos vivendo agora. Chega a ser quase profético na sua urgência. As grandes corporações e o governo (que é capacho delas) preferem deixar o povo morrer diante de uma tragédia de saúde do que perder seu capital e sua influência.
DARK WATERS tem a sobriedade e a seriedade necessárias para a urgência do que trata. E uma condução limpa e firme, mostrando a primazia de Haynes em manusear uma direção sólida e transparente, sem medo de soar muito formal. Não vejo motivos para ter passado em branco, mas é um filme ótimo sim.
O Preço da Verdade, Dark Waters
dir. Todd Haynes (E.U.A., 2019)
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