Lançado às vesperas da 2ª Guerra Mundial, eis um filme que quis dialogar com o seu tempo, mostrando as contradições de uma sociedade e de relações marcadas por regras sociais e pela fragilidade do status. Ao mesmo tempo, ele consegue ser honesto ao falar sobre as emoções de seus personagens, íntimo até. É tido como um dos grandes clássicos do cinema, e de seu diretor, Renoir, essa crônica contundente de um capítulo marcante, trágico da História e a convergência de diferentes relações interpessoais e amorosas em uma reunião burguesa marcada por desavenças, confissões, conciliações, revoltas sentimentais e intrigas. O filme é dotado de uma delicadeza que aproxima o espectador dos retratados, sendo ora cômico, romântico, violento e amargo. Deixa a gente com um sentimento estranho, mas ao mesmo tempo um sentimento de proximidade, de certa forma. Também o engrandece mais ainda seus atores, com interpretações gigantes vindo de todos os lados. Trata-se de um exemplar importantíssimo de cinema em uma época que o mundo beirava transformações sociais e políticas estremecedoras, e isso começava a se refletir até nas mais "simples" das relações pessoais, cuja aparente normalidade foi chacoalhada, sacudida.
La Règle du Jeu
Jean Renoir
França, 1939
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