Guerra Fria é sobre amor, guerra e a turbulenta relação entre os dois. Pawlikowski registra em um preto-e-branco exuberante banhado de romance, mistério e beleza seu retrato apaixonado e distorcido de personagens que se encontram num cenário improvável, que se amam entre países, segredos e conflitos, numa guerra fria que é marcada pelos encontros e desencontros de amantes perdidos e deslocados numa Europa em ruínas.
Algumas cenas são muito bonitas visualmente, com um jeito de realçar o elegante romantismo de uma relação bagunçada. Não fica muito longe daquela beleza meio singular, inconvencional de Ida, com um certo fascínio pela graça inesperada que surge dos sentimentos que são emitidos em tela.
E é até surpreendente ver um filme que consegue conciliar tão bem a sensação amarga de uma guerra e a conexão arrebatadora de um romance que atravessa todos os conflitos que se colocam em seu caminho, com aquela confissão de sentimentos que todos os amantes conhecem. É um filme bonito nesse sentido, pode não ser o filme perfeito pra explorar a sensibilidade de um romance que sobrevive ao tempo, até pela questão de ser mais sobre a resistência e o amor como força redentora. As atuações de Kulig (lindíssima) e Kot são essenciais pra compor a fragilidade amorosa dos seus personagens, e à exposição que os cerca. Tanto a musicalidade quanto o apuro visual ajudam a filtrar sentimentos de preciosidade e precisão. Gosto principalmente das cenas em que eles se encontram em Paris, e também do começo do longa, mas em geral tem conjuntos de cenas que vão do belo ao melancólico, do quebradiço à glória, da guerra ao amor com um charme irresistível.
Guerra Fria
Zimna wojna
dir. Pawel Pawlikowski
★★★★
Nenhum comentário:
Postar um comentário