sexta-feira, 27 de outubro de 2017

MARJORIE PRIME (2017)


Eis um filme que promete pegar muita gente de surpresa, especialmente na temporada de premiações que está por vir, com alguns prêmios praticamente garantidos para a veterana Lois Smith (em performance arrebatadora), Jon Hamm, Geena Davis e Tim Robbins – o quarteto fantástico de Marjorie Prime. No filme, hologramas trazem de volta à vida as imagens de entes queridos e reavivam a memória com suas presenças. Há um jogo de interpretações que raramente se vê fluir com tamanha flexibilidade, de uma firmeza irreparável. Se deve muito à direção de Almereyda, mas há de se notar que o elenco domina uma dinâmica totalmente própria, um jogo muito particular que se desdobra no mesmo ritmo que a trama passa a reconcentrar suas camadas mais ínfimas. 

A fotografia é também de uma elaboração minimalista e pra lá de aguçada (Sean Price Williams, direção de fotografia), cuja riqueza é mais que complemento à complexidade metafísica do filme, mas um alento que procura acompanhar em sintonia as configurações da narrativa. Pode-se dizer que trata-de se um filme teatral (pra mim não há problema em um filme que emula uma certa teatralidade, embora eu creio que aqui não seja o caso, mas pra mim isso pode ser visto como um elemento de grande porte dramático, dependendo da situação, é claro) embora o que exista de mais cinematográfico em Marjorie Prime seja justamente esse comportamento do elenco que é tão caro às principalidades da trama e, centralmente, da maneira como o filme trabalha sua riquíssima disposição cênica, e subsequentemente a detalhista construção espacial. 

É também de cortar o coração que um filme como esse abarque tamanhas verdades – chega a ser até melancólico assistir – observar que o tempo esvanece e com ele uma cadência de transformações, desaparecimentos e urgências preenchem as lacunas da percepção humana, faz-se necessária a busca por uma presença, ainda que artificial, quando descobre-se que depois da ausência o que surge é o temer pelo esquecimento. A ausência é o ponto final, e ao mesmo tempo ponto de partida para uma cobrança nostálgica, um sentimento de reaproximação e natural redescoberta. É essa ilusão – a ilusão da artificialidade das substituições e do transbordar humano das presenças – que o filme questiona e explora. 

Poucos filmes recentes foram tão verdadeiros, tão melancólicos e profundos como Marjorie Prime. Vai diretamente no seu ponto para dissecar a ação do tempo sobre seus personagens e na existência humana, bem como na nostalgia. Direção incrível, mais uma vez, de Michael Almereyda. Sobressai-se um elenco de ouro, formado centralmente por quatro dos mais talentosos atores americanos trabalhando hoje (e provavelmente deve vir um Oscar – ou algo do gênero, pelo menos – para Lois Smith). 

Marjorie Prime
dir. Michael Almereyda
★★★★

Um comentário:

  1. Muito obrigada pela filme JonHamm é um ator linoa! sua trabalho e incrivél, adorei sua papei, do filme e incrivél, é meu filme favorito porque foi recomendado para mim e eu me tornei um fã quando soube que Jon Hamm estava participado dele. Jon Hamm e me ator favorito. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Seguramente o êxito de sua filmes de filmes de Jon Hamm deve-se a suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Sempre achei o seu trabalho excepcional, sempre demonstrou por que é considerado um grande ator. Gosto muito do ator e a sua atuação é majestosa.

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