Eu estou num momento que quando eu vejo um filme muito bom, eu fico um ou dois dias sem assistir qualquer outra coisa só por estar pensando nele. E, às vezes, quando o filme me pega assim, eu nem ouso escrever um texto enorme sobre ele, mas deixo uma impressão mais sobre a experiência de ter visto, e de como ele mexeu comigo.
O que mais me surpreende é como esse filme tem um olhar tão sutil e cheio de admiração, até particular, sobre a adolescência, esse período repleto de altos e baixos, tantas descobertas e inquietações, e que, no final das contas, revela tantas belezas no meio das bagunças. Anos 90 celebra a juventude, como se abraçasse o que essa idade representa na nossa vida, por mais problemática que ela possa ser, como vemos ao acompanhar o Stevie, menino que, mesmo tão novo, tem experiências quase traumáticas dentro de casa com o irmão, que o trata de forma agressivamente abusiva, e da mãe, que mantém relações com parceiros diferentes. O garotinho encontra um jeito de escapar dos problemas em casa na amizade com um grupo de garotos skatistas que ele venera, e que se tornam uma "segunda família" pra ele. Jonah Hill se revela como um diretor talentoso, e Anos 90 está bem acima da média para um filme de estreia. Eu admiro muito essa capacidade do filme de ser tão sensível, seja tratando dos problemas dos seus personagens, ou encontrando a beleza apesar de tudo aquilo, numa ode cheia de energia à adolescência e, principalmente, ao valor da amizade e, de certa forma, do amor também. Não esperava que esse filme fosse me tocar dessa forma. Lembra um pouco o Gus Van Sant, mas com uma vibe que é muito própria do filme. Do gênero coming-of-age que está nos trazendo tantos filmes bons, Anos 90 é uma bela surpresa.
Anos 90
Mid90s
dir. Jonah Hill
★★★★½
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