Eu ainda tenho que conhecer mais filmes da filmografia pré-THE HURT LOCKER de Kathryn Bigelow, e esse aqui, pelo que eu via, era um dos que a galera mais gostava e recomendava. Foi uma ótima escolha pra adentrar o começo da carreira de uma grande cineasta que já nos primeiros filmes dava passos gigantes. Mistura de western, CREPÚSCULO e filme de terror, este NEAR DARK foi me ganhando aos poucos. O filme chega na metade e dali pra frente eu já não tinha mais dúvidas do filmaço que era.
Tem umas cenas muito bem costuradas e, no geral, sabe muito bem como se manter no mesmo clima durante a sessão toda, como se fosse proposital mergulhar o filme numa atmosfera meio indefinível, atípica, mas que acaba dando muito gosto de acompanhar quando exercita a tensão. O resultado é um filme fascinante. Automaticamente uma espécie de clássico escondido dentro da carreira de uma diretora que ainda pode nos dar muitas obras, sendo essa aqui uma das mais desnorteantes delas. O trabalho de som também está incrível, especialmente durante os tiroteios.
As sequências mais escatológicas acabam surpreendendo bastante também até por serem muito bem arquitetadas, assim como o lado mais romântico do filme acaba ganhando uma luz especial em certos momentos (e os dois atores principais, Pasdar e Wright, estão ótimos). É interessante que NEAR DARK consiga transitar por diferentes gêneros dentro de um só formato, sem se alienar ou precisar passar por vários tons para chegar em um resultado que se estende pelo filme todo, com um clima sombrio e ao mesmo tempo convidativo e meio aconchegante. Confesso que só comecei a me empolgar lá no meio, quando as coisas começam a esquentar mais.
E eu não sabia de nada sobre a história antes de começar a assistir, o que deixou as coisas até mais apimentadas. E quando a gente acha que histórias de vampiros já estão saturadas há muito tempo, vem um filme que olha com curiosidade para os "assuntos de família" e os empecilhos do romance dos jovens protagonistas, sobre as diferenças de seus mundos colidindo no meio de tanta violência, e então se entrega um desfecho temperado das cenas explosivas que vem antes. Pra concluir, a mise-en-scène está em ótima forma em todos os níveis, o que é ainda mais satisfatório, lembrando que temos uma diretora como Bigelow, que sabe filmar ação (tiroteiros, combates e explosões) como ninguém. Acho que podemos concordar que nisso ela é uma baita cineasta.
Quando Chega a Escuridão
Near Dark
dir. Kathryn Bigelow
★★★★½
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