sexta-feira, 16 de agosto de 2019

SPIELBERG + WILDER


CAVALO DE GUERRA (2011)
(War Horse, dir. Steven Spielberg)


Realmente, acho que não tem outro cineasta atualmente devoto ao cinema clássico que nem o Spielberg que consiga reproduzi-lo com tanta paixão e excelência. Cavalo de Guerra é uma incursão no gênero de épico/guerra com o usual respeito que Spielberg tem ao cinema de outrora, só que reforçado em muitos aspectos. O filme se impregna disso tanto na sua forma como na composição, o que pra mim foi fascinante. Até funciona no formato adotado, de circular por diferentes histórias dentro de um mesmo período, mesmo que o roteiro tenha suas fraquezas ao fazer escolhas que prejudicam o andamento do longa, que dá a impressão de que se arrasta um pouco ali na metade. Apesar disso, Cavalo de Guerra prova ser um Spielberg em ótima forma. A fotografia por si só já eleva o filme a um outro patamar, e as sequências são bem deslumbrantes.

Um retrato sentimental e doloroso daqueles que atravessaram a guerra e testemunharam seus horrores, não muito diferente do que estamos acostumados a ver no cinema americano, mas bastante seguro da sua mensagem poderosa, dando passos firmes e precisos para isso. De partir o coração. E, mesmo diante das feridas deixadas pela guerra, surge uma certa esperança, e isso é retratado aqui. Saber como dar um bom desfecho em uma trama assim é o maior mérito desse Cavalo de Guerra, um Spielberg comovente, denso e enamorado do classicismo. 

O PECADO MORA AO LADO (1955)
(The Seven Year Itch, dir. Billy Wilder)



Não me pegou tanto do jeito que eu achava que ia, mas de certa forma é Billy Wilder, tem umas cenas impagáveis e a Marilyn Monroe, que está fantástica e no seu papel mais icônico. Um filme frequentemente enquadrado como clássico, com uma fotografia deslumbrante, que merece o nosso respeito, mas que fica aquém de outros grandes trabalhos de Wilder no cinema. Tem uma pegada mais teatral, com diversas cenas em que o personagem está falando sozinho, o que não deixa de fazer parte da graça do filme, que é uma típica comédia hollywoodiana da época, com um sugestivo apelo erótico na personagem da Monroe, cobiçada pelo vizinho atrapalhado. Por ser feita nos moldes clássicos, há uma noção mais ingênua de graça, que também tem a ver com o atrevimento e a ousadia que permeiam a narrativa (quase escandalizante para os padrões da época). É compreensível que ele figure como um dos filmes mais deliciosos e icônicos do gênero. Quem sabe com uma revisão minha nota não aumenta.

Cotação:
CAVALO DE GUERRA ★★★
O PECADO MORA AO LADO ★★★

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