sábado, 30 de outubro de 2021

Ahed's Knee


Mais raivoso que Sinônimos, tão interessantemente fluído como ele. Lapid continua destrinchando a nacionalidade israelense, indo fundo no seu questionamento enlouquecido da identidade por trás de sua nação, tecendo uma reflexão sobre o pertencimento a um país de muitas contradições e conflitos. Não está muito longe do espírito indignado de Sinônimos, mas é muito diferente dele, na provocação, no modo como o diretor parece expressar que a raiva está no limite, uma panela de pressão pronta pra explodir, no modo como ele se volta pro próprio cinema. Isso gerou um filme incomodado, incisivo, embriagado de um certo ódio e também de melancolia. Mas é apenas a continuação da crônica desse diretor dos seus sentimentos complicadíssimos em relação à sua pátria. Para retratar esses sentimentos, Lapid se permite experimentar, quebrar regras, ir nas direções que ele bem quer. É um grito de revolta em forma de filme, enérgico na sua retórica e sentimental ao ser particular, íntimo até. Ahed's Knee vai de encontro ao particular, porque quer que isso se choque contra o que ele acusa: a privação e o peso de Israel. É um filme objetivo nos seus motivos. Mas também, de certa forma, consegue ser tenro, por nos fazer enxergar todo aquele caos, o homem e o país em conflito, com outros olhos. 

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