É com muita sensibilidade que Sr. Bachmann e Seus Alunos acompanha a rotina de um grupo de alunos e um professor numa cidade industrial da Alemanha, fazendo um exercício muito saudável de observação das interações que surgem dentro daquele ambiente. É também do seu interesse captar as tensões étnicas e sociais daquele grupo de pessoas, tecendo um comentário importante voltado para a atual tensão da imigração na Europa, para as diferenças que se fazem presentes dentro do grupo, pensando bem as situações e os temas envolvidos, partindo do registro para fazer uma reflexão mais profunda sobre a escola, a identidade e seu poder catalisador, o estabelecimento da convivência num cenário em que culturas diferentes dialogam, o amadurecimento, entre outras coisas. É também um filme que, mais intimamente, reflete a figura do professor, o sr. Bachmann, enquanto participante muito ativo dos processos dentro da escola, um ser atento à integridade e ao bem-estar daqueles alunos. O filme dá espaço para as preocupações e esforços desse agente, dando conta de expressar a essência da profissão e suas muitas responsabilidades, mas especialmente aquela de tornar um lugar mais saudável para as relações se estabelecerem, mediação dos conflitos, diálogo, discussão de questões relevantes. Sr. Bachmann e Seus Alunos é muito competente como um registro dos mais diversos acontecimentos da rotina escolar, porém vai longe ao se permitir construir uma visão muito interessante sobre essa conversação entre professor e aluno, sobre as dificuldades de fazer dois mundos diferentes se conversarem, e no fundo tece, aí, uma mensagem muito mais universal, para além da sala de aula. Porém, novamente, é sua delicadeza ao percorrer esses temas que faz com que ele se sobressaia, e dentro desse subgênero dos voltados pra educação, é um desses que merecem atenção especial.
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