sábado, 30 de outubro de 2021

Azor


Em Azor, é bem pontual aquilo que transmite o medo e a tensão gerados pela ferrenha ditadura militar na Argentina. Nesta trama, esse medo só é sentido de forma muito contida, em conversas sussurradas, em trocas de olhares, telefonemas, menções a pessoas. O terror fica à espreita, velado. O que está no centro do filme é o mundo de negociações, acordos, conversas e sugestões que acontecem nas entrelinhas de uma Argentina mergulhada no brutal. Azor não quer esclarecer muita coisa. Mas ele sabe para quem quer olhar. O que acontece aqui é o estabelecimento de um suspense distorcido, fantasmagórico, onde até mesmo os fantasmas são silenciados. É poderoso enquanto um filme que está muito atento aos silêncios, preciso na sua discrição. Muito sinistro ao dar conta de vozear o que está sendo silenciado, tentando ser apagado. Um filme de terror mesmo, praticamente. 

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